A derrota para Jodie Grinham nas quartas de final do tiro com arco dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024 foi difícil de digerir. Jane Karla tinha acabo de eliminar nas oitavas a chinesa Zhou Jiamin, campeã da Rio-2016, e teve pela frente uma adversária para quem nunca havia perdido antes. E aconteceu pela primeira vez. Num confronto muito equilibrado, a britânica venceu por 143 a 141 e tirou as chances da brasileira brigar por medalha no arco composto feminino. Apesar da decepção pelo resultado e da tristeza, ela promete não desistir do sonho de subir no pódio paralímpico.
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“Tava tudo tão perfeito, tava sentindo muito bem. São detalhes… Eu sei que eu tava muito preparada, mas ainda não é minha vez”, lamentou a arqueira, que interrompeu diversas vezes a entrevista para chorar. Ao recuperar o fôlego, prometeu: “Eu vou continuar na luta. Parece que o universo fala assim: ‘Você vai ficar mais tempo porque você tem muita coisa para fazer nesse esporte’. Acho que o universo tá pensando que se eu pegar a medalha, eu vou parar. Mas eu não vou não. Eu quero pegar a medalha e fazer mais”, diz a atleta de 49 anos.
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Apesar da derrota nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024, Jane Karla sente que está no melhor momento da carreira. Ano passado, ela conquistou três medalhas, uma de prata e duas de bronze, no Mundial e, no começo de 2024, foi campeã pan-americana.
“Eu sinto que estou crescendo a cada competição. Esse Mundial me deu um ‘up’, mostrou que eu posso. Por que você já viu, né? É duro sempre bater na trave. Então, eu sinto que estou mais madura no esporte. Claro que tem bastante tempo ainda, mas a próxima Paralimpíada pode ser medalha para a gente”, acredita a atleta, que ainda vai competir na segunda-feira na disputa por equipes ao lado de Reinaldo Charão.
Sozinha em Portugal
Jane Karla segue vivendo em Portugal, onde treina com seu marido, o alemão Joachim Gogel. Mas ela sente falta de um maior apoio da Confederação Brasileira de Tiro com Arco. “Continuo treinando em casa, sozinha. Eu e mais ninguém. Então, eu tenho que ficar feliz porque eu vejo equipes grandes que se preparam muito como a da Grã-Bretanha. As atletas deles estão crescendo bastante. Então, eu sinto falta desse trabalho para crescer em algumas coisas”, afirma.
A atleta revelou que na reta final da preparação para os Jogos de Paris-2024, ela tentou utilizar a estrutura do CT Paralímpico, em São Paulo, mas não deu certo. “Eu pensei que eles iam conseguir para eu ficar um período lá até chegar à Paralimpíada. Ia ser muito bacana porque eu teria tudo lá: preparação física, parte psicológica, fisioterapia, mas não conseguiram. E aí eu fiz o que deu, né?”.