Paris – Geovana Moura é apenas uma das duas atletas da seleção brasileira de goalball feminino que fará sua estreia paralímpica em Paris-2024. Ela vinha sendo convocada regularmente no ciclo anterior, mas às vésperas de Tóquio-2020, adiou o sonho de disputar os Jogos para ser mãe. Integrada ao plantel da equipe comandada por Alessandro Tossim em janeiro deste ano, a ala fez parte da reta final de preparação e hoje sonha em ajudar o time a conquistar uma medalha inédita.
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“Não tem como descrever o tamanho da emoção, é uma felicidade imensa. Já venho batendo na trave desde Tóquio. Estar aqui representa muito para o meu trabalho também. Já vim, mas com a certeza de chegar no lugar mais alto do pódio. Era um sonho bem grande participar das Paralimpíadas e agora estou sonhando duas vezes mais, por mim e pela minha filhinha que vai estar em casa assistindo. É muito importante passar essa imagem: está fora, mas está trabalhando pelas duas”, falou Geovana em entrevista ao Olimpíada Todo Dia.
O amor com Helena
Natural de Natal, no Rio Grande do Norte, Geovana nasceu com catarata e tem baixa visão. Ela conheceu o goalball por meio de um amigo em 2013 e começou competir em 2014. Foi convocada para a seleção brasileira adulta de goalball feminino pela primeira vez em 2016 e foi bronze no Mundial de Jovens de 2017. No fim do ciclo de Tóquio-2020, ficou grávida da pequena Helena e teve que se afastar temporariamente das quadras.
Hoje com 25 anos de idade, Geovana Moura só voltou a integrar a seleção adulta em janeiro deste ano, em conjunto com a chegada de uma comissão técnica liderada por Alessandro Tossim. Sua filha tem dois anos. Ela não viaja com a mãe para as competições e fases de treinamento – que, na maioria das vezes, são realizadas no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo (SP) -, ficando sob os cuidados da avó paterna, em João Pessoa (PB).
Helena também não está em Paris e vai assistir a mamãe no maior evento do paradesporto mundial das telinhas. “Acho que ela não sente tanta falta durante as viagens, porque ela é pequena, então não entende muito bem. Mas estamos sempre em contato. Às vezes, ela fala que está com saudades da mamãe e eu fico com o coração apertadinho. É bem difícil todos esses dias longe dela. É a minha primeira viagem com tantos dias distante”, disse Geovana.
Surpresa da vaga paralímpica
Geovana voltou à seleção com uma nova comissão técnica, já em uma tentativa de renovação pensando em Los Angeles-2028. Para o goalball feminino brasileiro, o ciclo de Paris-2024 já havia acabado, uma vez que a equipe não tinha vaga paralímpica. Tudo isso mudou em fevereiro, quando o Brasil foi beneficiado por uma realocação de vagas após o não preenchimento da vaga africana e se classificou para os Jogos Paralímpicos. A seleção recebeu um convite após ser medalhista de bronze nos Jogos Mundiais da IBSA, no ano passado.
“Embora estejamos aqui, eu me arrepio toda quanto fala dessa vaga porque chegamos no começo desse ano só com planos para Los Angeles. Tinha até mais meninas treinando com a gente, e quando a gente soube, foi uma emoção. Foi muito surreal a adrenalina que passou para o treino com essa vaga e a força que deu também, porque estávamos bem desmotivadas e desacreditadas. Já estávamos imaginando chegar esse período e não estar aqui, ia ser bem doloroso para todo mundo. Essa notícia fez todos os meses e todas as fases serem bem mais produtivas”, falou a atleta.
Em busca da medalha inédita
Mesmo com a conquista da vaga nos últimos momentos, a seleção brasileira de goalball feminino chega bem preparada para buscar uma inédita medalha em Paralimpíadas. Nas últimas duas edições, a equipe perdeu a disputa de bronze e terminou na quarta colocação. Neste ano, a equipe disputou a tradicional Malmo Cup, com o mesmo sexteto que está em Paris, e terminou com a medalha de prata, perdendo a final para o Japão.
“É a medalha que todos nós sonhamos, é a que falta para carimbar o quanto o goalball feminino brasileiro é forte”, falou Geovana. Além dela, integram a equipe em Paris-2024: Ana Gabriely Assunção, Danielle Longhini, Jéssica Vitorino, Kátia Aparecida e Moniza Lima. Destas, somente Geovana e Dani não estiveram em Tóquio-2020 e farão suas estreias paralímpicas.
O Brasil está no grupo C dos Jogos Paralímpicos, junto com China, Israel e Turquia. A estreia acontecerá na quinta-feira (29), às 05h30 (horário de Brasília), contra a Turquia. Há oito equipes na competição, em dois grupos de quatro. As quatro seleções de cada chave avançam às quartas de final. O primeiro de um grupo enfrenta o quarto do outro, enquanto o segundo encara o terceiro. As disputas serão na Arena Paris Sul 6.