Paris – Uma década separa duas glórias da principal dupla de vôlei de praia do Brasil na atualidade. Há dez anos, Duda e Ana Patrícia foram medalhistas de ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanjing-2014. Hoje, buscam a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Uma trajetória de sucesso que deu certo graças à capacidade técnica de cada uma, atrelada às mudanças que tiveram em conjunto durante esse tempo, ainda que estivessem “longe” uma da outra.
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Depois de disputarem a Olimpíada da Juventude juntas, Duda e Ana Patrícia ainda foram bicampeãs mundiais sub-21 (2016 e 2017) e depois se separaram. As duas participaram dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 com parceiras diferentes: Duda jogou com a medalhista olímpica Ágatha, enquanto Ana Patrícia teve Rebecca como dupla. Ana Patrícia/Rebecca caiu nas quartas de final, enquanto Duda/Ágatha parou nas oitavas. Para o ciclo de Paris, retomaram a parceria.
“Fomos para uma Olimpíada em Tóquio com outras parceiras e nos juntamos. Acho que isso foi muito importante pra nossa carreira, para voltar mais forte, entender realmente o que é a Olimpíada, para não chegar aqui crua, sem saber nada. Essa experiência de jogar com outras pessoas e depois juntar eu e a Patrícia foi incrível e, deu certo né?”, falou Duda.
Retomada da parceria
Quando as duas retomaram a parceria, Ana Patrícia vivia um momento muito delicado em sua carreira. Apesar de ter feito parte da dupla que mais chegou longe entre os brasileiros em Tóquio, ela recebeu muitas críticas após a eliminação nas quartas de final. Suas redes sociais foram infestadas de haters, que a atacaram com xingamentos e ameaças a ela e a familiares. Duda a acolheu e foi fundamental para que a companheira pudesse superar a adversidade.
“A Paty teve uma mudança de chave muito grande no mental, porque ela foi bombardeada no outro ciclo e conseguiu entender quem era ela. O que as pessoas falavam dela não tinha nada a ver. Ela conseguiu ver que ela é uma pessoa boa, que luta e que quer fazer o melhor. Só quem conhece a Paty sabe quem é ela de verdade, então pra mim ela acreditou no seu potencial e ela é capaz de tudo”, disse Duda.
Em busca do ouro
Juntas, Duda e Ana Patrícia demonstraram um entrosamento como nunca antes visto. Nem parece que ficaram tanto tempo separadas. Elas foram dominantes no ciclo, conquistando oito títulos Elite 16 (principal etapa do circuito mundial de vôlei de praia), o título mundial de 2022, um vice mundial em 2023 e um vice de Finals em 2022. Elas chegaram em Paris-2024 na liderança do ranking mundial e como uma das principais favoritas ao ouro.
As brasileiras fizeram uma campanha arrasadora nas primeiras fases do megaevento até chegar na decisão. Elas venceram seus cinco primeiros jogos sem perder sets, ficando em média 35 minutos em quadra. Na semifinal, tiveram sufoco contra as australianas Clancy/Mariafe e ganharam de virada. Já final, vão enfrentar as canadenses Melissa/Brandie nesta sexta-feira (09), às 17h30 (horário de Brasília), buscando o segundo ouro do vôlei de praia feminino em Olimpíadas.
“A galera fala: ‘Você é a melhor do mundo’. E eu digo: ‘Eu não, é a Duda’. Eu não nasci para carregar essa responsabilidade não, vai ser ela. Eu preciso ser a melhor parceira do mundo e já estou muito feliz com isso. Essa é uma menina que teve que crescer com uma responsabilidade muito grande e que cresceu sem perder a humildade, sem perder a noção das coisas e sem se deslumbrar. Admiro muito o isso nela e sou muito grata por tudo que a gente construiu juntos”, falou Ana Patrícia.