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Após longa espera, Netinho vence duas lutas e é bronze

Netinho esperou oito horas entre a derrota na estreia e o começo da repescagem, onde venceu duas lutas para levar o bronze no taekwondo

Edival Pontes sobe no pódio e conquista a medalha de bronze no taekwondo nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Wander Roberto/COB

PARIS – Dez anos depois de conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, Edival Pontes, o Netinho, fez história numa edição olímpica adulta. O paraibano de 26 anos conquistou nesta quinta-feira a medalha de bronze da categoria até 68 kg do taekwondo ao derrotar o espanhol Javier Perez Polo por 2 a 1 com parciais de 3*/3, 3/6 e 4/3.

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Volta por cima em grande estilo

Edival Pontes, o Netinho, na disputa do bronze dos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Wander Roberto/COB

Foi a volta por cima definitiva de Netinho. Campeão dos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019, ele foi derrotado na primeira rodada nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 e não teve a chance de ir a repescagem. Em 2022, foi prata no Mundial, mas numa categoria mais pesada, 74 kg, que não é olímpica. No ano seguinte, porém, acabou suspenso por doping ao testar positivo para THC (tetrahidrocanabinol), substância encontrada na cannabis.

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“Com certeza, tudo o que eu passei em trouxe essa força, essa garra. Toda vez que entrei ali para lutar eu pensava que passei por coisas que me fizeram pensar que eu nem estaria aqui. Então, não tinha porque eu deixar escapar essa oportunidade. Então, com certeza, isso me deu muita força para estar aqui e conquistar a medalha”, admitiu Netinho.

Mas não foi fácil chegar à medalha nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Edival Pontes foi derrotado de novo na primeira luta. Ele não resistiu ao jordaniano Zaid Kareem, que o venceu por 2 rouns a 1, mas voltou à disputa porque o algoz se classificou para a final.

Mas até receber a notícia de que teria chance de brigar pelo bronze, Netinho esperou oito horas. Nesse meio tempo, Zaid Kareem derrotou o turco Hakan Recber nas quartas de final e o britânico Bradly Sinden na semifinal e se garantiu na decisão do ouro, abrindo o caminho para o brasileiro retornar à disputa.

Edival Pontes, o Netinho, na categoria até 68 kg do taekwondo nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Wander Roberto/COB

“Eu fiquei tranquilo, sentei ali, o pessoal tava torcendo bastante. Mas quando eu perdi, pensei ‘pô, vou dar mais uma entrevista falando para o pessoal torcer pro cara?’. Então, eu fiquei na minha, acompanhando aqui, fiquei no instagram, falando com a namorada e com a minha mãe. Todo mundo falando que ele ia para a final. E eu falando pra eles deixarem as coisas acontecerem. Aí quando fez o último ponto, comemoramos bastante e eu olhei para o turco e ele olhou para mim”, lembra.

Revanche e medalha

Quis o destino que o primeiro adversário da repescagem fosse Hakan Recber, exatamente o mesmo lutador que eliminou Netinho na estreia dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. A vitória, sem dúvida, teve um sabor especial. Além de garantir o paraibano na disputa pelo bronze, ainda serviu de vingança pela eliminação de três anos atrás.

“Cara, eu falei ali pro pessoal, na hora que eu ia lutar com ele: ‘Meu Deus do céu, será que eu vou perder com esse cara de novo? Não é possível! Eu já tinha perdido em Tóquio e na minha cabeça eu fiquei assim: ‘Mano, vai ser só mais uma luta. Não vamos colocar isso na cabeça de que agora é uma revanche’. Mas depois que eu ganhei, aí eu atrás dele, eu falei, aí, agora sim, foi revanhce”, se diverte.

Com a vitória, Netinho se classificou para enfrentar o espanhol Javier Perez Polo, campeão mundial em 2019, na disputa pelo bronze. No primeiro round, o europeu saiu na frente por 2 a 0 ao acertar o tronco do brasileiro. Mas Edival Pontes virou ao acertar a cabeça do adversário num lance que precisou ser revisado pelo árbitro de vídeo. Na volta do combate, ele tomou uma punição, que empatou o duelo, mas como conseguiu o golpe de maior pontuação, foi declarado o vencedor.

No segundo round, o espanhol deu o troco, se manteve superior e venceu por 6/4. Já no terceiro, Netinho abriu 4 a 0 com dois chutes no peito do adversário. Depois, conseguiu segurar a reação do adversário e, mesmo levando três punições, venceu por 4 a 3 e conquistou a medalha de bronze.

“Eu estou experiente. Tenho 26 anos, 20 de taekwondo. Estou me sentindo auge, estou muito bem. Quando eu perdi a primeira luta eu não entendia. Ficava perguntando a Deus, meu Deus, o que tá acontecendo? Tô bem fisicamente, tô no meu auge com a experiência que eu tenho e não vai ser
agora? Então, eu acho que depois que eu ganhei ali do Rakan, do turco, acho que abriu uma luz assim na minha cabeça e falou: ‘pô, Netinho, é agora, é a de bronze’. Então, eu levei isso pro fundo do meu coração, falei que ninguém ia tirar isso de mim, e, graças a Deus, saiu (a medalha)”.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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