Paris – Ana Marcela saiu bem triste após terminar com a quarta colocação a prova de maratona aquática dos Jogos de Paris. Chorou ainda na área de competição e recebeu abraços de consolo de mais de um integrante da delegação brasileira. Nas primeiras palavras que soltou, expressou toda a dor de um quarto lugar, lembrou das dificuldades físicas e psicológicas que passou no ciclo até a Olimpíada na capital francesa e deixou claro que não sabe se vai estar em Los Angeles daqui a quatro anos.
“É difícil. Quarto lugar é um abismo muito grande entre ter uma medalha (e não ter). Posso falar que em 2008, quando eu fui quinta, não doeu tanto quanto agora. Um ano e meio atrás estava passando por uma cirurgia e, um ano atrás simplesmente liguei pra minha família e pra minha psicóloga falei que queria parar de nadar”, falou Ana Marcela Cunha. “Não prometo nada pra Los Angeles, mas tem a Copa do Mundo aí pra frente. Vou virar uma página e ver como é que vai ser. Estou com 32 anos, uma bagagem muito grande, muitas conquistas, e ver o que vou fazer daí pra frente.”
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‘Não somos uma uma máquina’
Os três anos entre os Jogos de Tóquio, onde foi campeã, e os de Paris foram diferentes para Ana Marcela. Após três ciclos com muita intensidade, Pequim, Rio e Tóquio, ela cansou. Em entrevista exclusiva para o Olimpíada Todo Dia, em maio deste ano, falou que a dura rotina de competidora quase fez com que ela abandonasse a maratona aquática. Hoje, após a prova no Rio Sena, reafirmou o que havia pensado “Cheguei no meu limite no esporte, não tava mais feliz, não tava me encontrando na natação mais. Somos atletas, mas somos seres humanos e chega uma hora que cansa.”
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O que a fez seguir nadando foi o apoio da família e de todos que a cerca. “Graças a Deus tenho uma família que me apoia independente de qualquer coisa. Posso falar que meus patrocinadores foram, junto com o meu clube (Unisanta) e minha família, os mais importantes. Eles sempre me apoiaram, nunca deixaram de acreditar de que eu realmente podia estar aqui, me reencontrar. O apoio de todo mundo faz com que a gente se sinta especial, não como esportistas, mas como ser humano, como pessoa, porque nós somos isso também. Não somos uma uma máquina”.
Itália e cirurgia
Outra parte decisiva no ciclo da brasileira para Paris foi uma guinada na preparação. Em junho do ano passado, às vésperas do Mundial de Esportes Aquáticos de Fukuoka, Ana Marcela Cunha rompeu com Fernando Possenti, técnico dela por dez anos cuja parceria rendeu uma carreira para lá de vitoriosa. “Mudei todo o programa, mudei para a Itália para ir em busca disso, mas se não tivesse feito nenhuma dessas mudanças talvez eu nem tivesse aqui. Tenho que ter muito orgulho do que fiz, do quarto lugar, por mais que seja bem doloroso, mas acho que eu tenho que manter a cabeça erguida, olhar para frente.
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Outro ponto foi uma cirurgia que teve de fazer no ombro, em novembro de 2022. A nadadora de maratona aquática reconstruiu o tendão subescapular, que estava rompido, e o supraespinhal, que estava lesionado. Tratou, ainda, do tendão do bíceps, que estava inflamado. Após se recuperar, e já sob orientação do técnico italiano Fabrizzio Antonelli, nadou o Mundial de Esportes Aquáticos de Fukuoka onde conquistou a medalha de bronze na prova de cinco quilômetros. Na de dez, a distância olímpica, terminou em quinto. No mundial seguinte, em Doha- 2024, novo bronze nos 5km e quinto lugar nos 10km, além da vaga nos jogos de Paris. Fica agora a expectativa se ela vai a Los Angeles.