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O que aconteceu com Rebeca Andrade na final de trave?

Ligação que Rebeca Andrade não conseguiu fazer na final da trave diminuiu em 0.4 a sua nota de dificuldade, tirando-a do pódio

Rebeca Andrade na final de trave dos Jogos Olímpicos de Paris
(Foto: Ricardo Bufolin/CBG)

Paris – Por pouco Rebeca Andrade não conseguiu uma medalha na final de trave dos Jogos Olímpicos de Paris. A ginasta fez uma boa série, mas não fez toda a sua dificuldade. Assim, ela ficou em quarto lugar, a menos de um décimo da italiana Manila Esposito, que levou o bronze. Muita gente nas redes sociais não entendeu a nota de Rebeca, então vamos tentar explicar o que aconteceu.

As notas da ginástica são compostas por dois componentes. A execução e a dificuldade. A nota de execução começa com 10 e as ginastas vão perdendo décimos de acordo com os erros que fazem na série. Já a dificuldade é calculada na hora com os árbitros observando o que a ginasta faz. Ela é montada somando os valores dos oito elementos mais difíceis que a atleta faz, até 2 pontos pelos requisitos obrigatórios de cada aparelho, além de bônus para saídas de altos valores de dificuldade, assim como para elementos ligados.

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Rebeca Andrade nos outros três dias dos Jogos Olímpicos fez uma série com valor 6.1 de dificuldade. Ela faz uma entrada de cortada, seguida por uma sequência de saltos de dança. Em seguida, a brasileira faz um flic+layout para cumprir o requisito de sequência acrobática. No meio da prova, Rebeca costuma fazer uma reversão para frente ligada com um salto anel e, eventualmente, com mais um flic. A sequência dá um bônus de 0.4. E foi justamente essa ligação que Rebeca não fez na final.

Você pode até pensar que para garantir o ouro a brasileira tentou simplificar a série, mas o mais provável é que ela não teve uma chegada precisa na reversão, abortando o resto da conexão para evitar um desequilíbrio ou uma queda.

Rebeca Andrade continuou a sua série com uma cortada anel, uma estrela lateral, um giro e o salto anel que faltou na ligação anterior, mas fazendo agora apenas para contar a dificuldade do elemento. A saída foi com um duplo mortal carpado.

E a execução?

A nota de execução de Rebeca Andrade foi de 8.233, a segunda melhor da final, atrás apenas da italiana Alice D’Amato que levou o ouro e teve 8.566. Conversei com alguns árbitros, que disseram que acharam justa a nota de Rebeca, mas que a italiana Manila Esposito poderia ter tirado um pouco menos na execução. Até mesmo alguns membros da delegação italiana na Arena Bercy ficaram surpresos com a dobradinha do país na trave, achando que Rebeca ficaria na frente de Esposito. Mas não foi um assalto tão absurdo como algumas pessoas tem falado nas redes sociais.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e viciado em esportes

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