Paris – Mais uma Olimpíada, mais uma vez Hugo Calderano chega onde nenhum brasileiro jamais esteve no tênis de mesa. Em Tóquio, caminhou até as quartas de final, resultado inédito até então. Não é mais. Em Paris, foi adiante, está na semi e, portanto, a um passo do destino final, a medalha. Basta vencer um dos dois jogos ainda por disputar. A própria semifinal ou a disputa do bronze. Tá quase no peito, talvez dê pra sentir a presença, mas, como ele mesmo diz “ainda tem muito trabalho pela frente”.
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“Tô bem perto, mas ao mesmo tempo longe, né? Tenho duas chances pra ganhar um jogo e conseguir uma. Mas os adversários são fortíssimos”, disse, nesta quinta (1º), logo após deixar a mesa das quartas de final, onde passou por cima do sul-coreano Jang Woojin. “O mais importante é me manter presente, focar no que tenho feito, jogar o meu tênis de mesa, que tenho feito muito bem. Estou jogando no nível muito alto. Pra mim esse é o principal. Não vou ficar pensando agora em medalha”.
Briga contra culturas
A vitória sobre Woojin foi por 4 a 0, sem dar chances para o adversário. E não é qualquer um. Primeiro porque ser asiático, onde estão as grandes potências do tênis de mesa mundial. Além disso, o sul-coreano tem um currículo invejável. “Já ganhou do Ma Long, Wang Chukin, não sei se já ganhou do Fan Zhendong, mas já ganhou de todos os chineses, do Lin Yun Zhu, Harimoto. Já ganhou de todo mundo, no mundo inteiro”, enumera, citando alguns dos maiores mesatenistas do mundo, todos da escola asiática.
“Eu e alguns outros atletas estamos brigando contra culturas, culturas chinesas, culturas asiáticas em geral, de alguns países da Europa, do tênis de mesa, tradições. É um grande desafio, mas ao mesmo tempo, gosto bastante disso, de tentar me superar, quebrar algumas barreiras, empurrar os limites. Fiquei muito feliz de alcançar essa semifinal e com certeza eu quero mais”, acrescenta Hugo Calderano.
Manter-se presente e evoluir
Um dos ensinamentos da cultura asiática é o desafio de controlar a mente, mantê-la serena, sem ficar pulando do futuro pro passado e vice-versa. Hugo aprendeu essa lição e a usou para romper a barreira que havia estabelecido em Tóquio. Lá, em 2020, chegou estar vencendo as quartas de final por 2 a 0 e tomou a virada. Agora, em Paris, voltou ao mesmo cenário, liderança de 2 a 0 contra Woojin. “Não esqueci o que aconteceu em Tóquio, mas ao mesmo tempo isso não me afeta. Só continuei jogando o tênis de mesa, continuei focado em como vencer cada ponto. Isso é o mais importante nesses momentos, se manter presente até o final do jogo.”
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Outra base da carreira de Hugo Calderano é o constante crescimento. “Claro que quando comecei a jogar, era impossível imaginar que pudesse chegar tão longe, mas conforme eu fui tendo resultados cada vez melhores, cada vez que tinha um objetivo, conseguia me superar. Sempre foi uma evolução bem gradual e muito constante. Nunca parei de evoluir, isso pra mim é o mais importante. Gosto bastante de olhar pra trás e ver todo o caminho que percorri. Sempre tive bastante confiança de que se continuasse focado nos meus objetivos, fazendo o que preciso fazer, iria conseguir um dia”.