Mayra Aguiar deu um depoimento muito emocionada após sua participação nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. A judoca caiu na primeira rodada da categoria até 78kg ao ser derrotada pela italiana Alice Bellandi, líder do ranking mundial, encerrando o sonho de uma quarta medalha olímpica. Aos jornalistas na zona de entrevista, ela falou que vem sentindo muitas dores físicas nos últimos anos e que já ultrapassou o limite de seu corpo, explicando o “sumiço” dos últimos meses.
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“Eu já passei do meu limite já tem um tempo. Já vem um tempo que eu venho mentindo para o meu corpo, dizendo que está tudo bem. Eu tenho oito cirurgias no corpo. A primeira foi com 16, 17 anos e eu sinto ela até hoje. Já sinto a última. Eu aprendi a treinar e a lutar assim, mas nos últimos anos vem sendo mais difícil. Não adianta, é o preço que se paga. Não dá para brigar tanto com nosso corpo”, falou a gaúcha, de 32 anos.
“Eu fui até onde eu consegui, onde o corpo deixou e não deixou também. Por isso, fiquei um pouco mais ‘excluidinha’ e ‘fechadinha’ mesmo. Até peço desculpas para a mídia e para o pessoal que me procurou e eu desliguei telefone, o pessoal estava enlouquecido. ‘Cadê a Mayra? Tá tudo bem?’. Não estava tudo bem, mas não queria ficar reafirmando isso. Talvez para ser mais fácil para eu mentir para mim mesma que estava tudo bem”, completou.
Ciclo mais difícil da carreira
Mayra Aguiar competiu muito pouco neste ciclo. Depois de conquistar sua terceira medalha de bronze olímpica em Tóquio-2020, em agosto de 2021, ela disputou apenas dez competições. Destas, foi medalhista em nove, incluindo os títulos mundial de 2022 e do fortíssimo Grand Slam de Tóquio, em 2023. A judoca chegou em Paris sem disputar nenhuma competição no ano e também sem dar entrevistas, sempre fora do radar. Ela explicou o motivo de seu afastamento.
“Talvez tenha sido o (ciclo) mais difícil mesmo, por questão de corpo e de dor física. Tem a dor muscular de treino, mas era uma dor de não conseguir andar e aí ficava mais difícil. Talvez tenha sido o ciclo mais difícil por brigar com meu corpo mais do que eu estava acostumada a fazer. E não tinha como fazer tanta competição. Eu voltava de competição muito ruim, ainda mais que fuso-horário para mim era muito difícil para conseguir conciliar tudo: alimentação, sono. Tinha insônia, transtorno alimentar, tudo”, falou.
Mayra é uma verdadeira lenda do judô mundial e um dos maiores nomes do esporte brasileiro. Contando com Paris-2024, ela já disputou cinco Olimpíadas na carreira. A primeira delas, com 17 anos de idade, foi em Pequim-2008, quando caiu na primeira rodada. Depois disso, medalhou em Londres-2012, na Rio-2016 e em Tóquio-2020. Além disso, obteve três ouros em Mundiais, dois em Masters, seis em Grand Slams, dois em Grand Prix e sete em Campeonatos Pan-Americanos.
Perto do adeus?
Mesmo com o limite do corpo e as dores recorrentes, Mayra ainda não definiu se vai parar de lutar e encerrar sua carreira. “Já teve momentos de falar assim: ‘Não dá mais, não dá mais pra botar o kimono. Vou chegar em casa e vou queimar meus kimonos’. Isso eu falava já tinha uns cinco anos. Eu levanto e respiro porque eu amo esse esporte, amo fazer isso, amo estar perto das pessoas, amo esse clima e essa força que os atletas.
“Isso que me fortalece, o que me faz treinar todo dia, levantar com dor, treinar com dor. As pessoas, essa motivação, essa união, esse amor pelo esporte que eu tenho. Já tem um tempo que eu falo isso, mas é difícil, porque eu gosto muito. Eu não posso dar certeza do que eu vou fazer ou não. Vou pra casa, esfriar a cabeça e ver como é que eu estou, como é que está meu corpo, e pensar mais friamente depois”, disse.