Paris – Ana Luiza Caetano ficou por um fio de ser eliminada do torneio de simples feminino de tiro com arco dos Jogos Olímpicos de Paris. Não podia perder a quarta rodada contra a malaia Syaqiera Mashayikh, tinha de ganhar a quinta e ainda vencer a adversária, com ranking maior que o dela, no tiro de desempate. Estava sob toda a pressão possível, exatamente o que ela precisava para conseguir. E conseguiu. Virou o duelo contra Mashayikh, avançou para as oitavas de final e, de quebra, igualou o melhor resultado brasileiro na modalidade em Olimpíadas.
“Eu amo a pressão. É isso que busco aqui. E tem muito nesse esporte e é você lidando com a pressão. Sinto, mas é uma sensação boa. É gostar, curtir. Me ajuda demais. Sabe quando você chega em casa domingo, abre a janela e tem aquela vista bonita e você fala: ‘cara, gosto muito disso’. É assim pra mim, com a pressão”, disse uma tranquila Ana Luiza Caetano assim que deixou a linha de tiro da Esplanade des Invalides nesta terça-feira (29), em Paris.
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Duas viradas
Antes de enfrentar Syaqiera Mashayikh pela segunda rodada da fase eliminatória, a brasileira de apenas 22 anos já havia passado pela eslovena Zina Pintaric na primeira rodada. E também foi de virada, mas com mais folga. A adversária venceu a primeira das cinco séries de três tiros, mas depois Ana Luiza Caetano ganhou as três séries seguintes e fechou o placar em 6 a 2. Contra Mashayikh foram dois empates nas duas primeiras séries, depois uma vitória da malaia, novo empate e Ana Marcela fazendo 5 a 5. O tiro de ouro garantiu o 6 a 5.
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“Nas duas (partidas) demorei um pouquinho pra me encontrar. Mas, às vezes, é esperado. É um campo diferente. Acaba tendo menos vento e o campo aqui tem iluminação diferente. Influencia um pouquinho, mas foi bom”, disse. O campo das rodadas eliminatórias é diferente do de ranqueamento. Tem arquibancada, por exemplo, mais equipamentos de transmissão e outro carpete. “Não é comum para essa etapa, normalmente o campo muda na final. Não estou tão acostumada em vir para campos de final, então pesa um pouco, mas espero que pra próxima etapa pese menos”, disse.
Postura e cabeça
O maior mérito pra superar as adversidades? “Cabeça. Conseguir me manter no jogo, aproveitar o momento. Deixar a pressão entrar. Foi o que eu vim fazer. Não dá para imaginar o resultado que vim fazer, mas dá para imaginar a postura que teremos na linha (de tiro). Então chegar ali e ter a postura que queria ter, a cabeça que queria ter, foi um passo gigantesco que vou levar para as próximas etapas”, conta.
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Por fim, Ana Luiza Caetano comentou o, pelo menos, nono lugar, melhor resultado já alcançado por um brasileiro do tiro com arco em Jogos Olímpicos. “Representa bastante. Estou bem feliz com isso, mas a sensação de que abriram um caminho pra mim e espero abrir caminho para as próximas que virão”.