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Paris 2024

‘Hora mais difícil da carreira’, diz Ana Sátila após resultado histórico

Brasileira conquistou um inédito quarto lugar na canoagem slalom, mas não conseguiu esconder a frustração de ter chegado tão perto da medalha

Ana Sátila canoagem slalom nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 caiaque k1 final Ettore Ivandi
(Luiza Moraes/COB)

Paris – Foi uma campanha histórica. Quatro descidas perfeitas para conquistar o melhor resultado olímpico da canoagem slalom brasileira em todos os tempos. A quarta melhor atleta no Olimpo no caiaque. Mas na saída da raia do Vaires sur Mane Nautical, nos arredores de Paris, Ana Sátila, responsável pelo feito, afirmava com o rosto inchado e os olhos vermelhos por conta de tanto choro: “está sendo o momento mais difícil da minha carreira”.

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“Ninguém fora do esporte consegue imaginar como é terminar em quarto. É tão perto, entendeu? Acho que é um detalhe muito pequeno para ter conquistado essa medalha e claro que é muito difícil. Sonhei todos os dias de estar lá nesse pódio”, disse. “Em nenhum momento imaginei terminar em quarto lugar. Foi tão difícil, todos os treinamentos aqui. A gente tem treinado no inverno e trabalhado tão duro. Então ao mesmo tempo que estou contente de ter conseguido entregar meu melhor, estou muito triste por ter chegado tão perto. Vai ser um dia muito difícil pra conseguir enterrar isso que aconteceu”.

Ana Sátila na disputa da canoagem slalom nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 (Foto: Luiza Moraes/COB)
Ana Sátila consolado pelo técnico Ettore Ivandi (Luiza Moraes/COB)

Na penúltima

Na final, realizada neste domingo (28), a brasileira cravou o segundo melhor tempo após a descida dela e, para ir ao pódio, precisava que das quatro atletas que passariam depois, somente uma a superasse. Bom destacar que a ordem de descidas é definida pelo desempenho da semifinal, sendo que a de melhor tempo é a última a competir. Ou seja, essas quatro que viriam depois de Ana Sátila haviam sido melhores do que a brasileira na semifinal. Após duas descidas subsequentes, Ana ainda tinha o bronze, fora superada somente pela britânica Kimberly Woods. Foi quando a polonesa Klaudia Zwolinska, penúltima a competir, empurrou Ana Sátila pra fora do pódio. A alemã Ricarda Funk, campeã em Tóquio, uma das favoritas ao ouro, e última a descer, perdeu uma porta e despencou na classificação.

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Ana Sátila também comentou sobre ter feito as quatro descidas sem penalidades na competição de caiaque na canoagem slalom dos Jogos de Paris. As duas das baterias classificatórias, a semifinal e a final. “Trabalhei muito com o meu técnico. Ele já brigou muito comigo nessa questão de toque (penalidade). Era algo que precisava melhorar bastante. E ter chegado aqui nos Jogos Olímpicos, ter feito exatamente aquilo que a gente planejou junto, ficou muito contente com o nosso trabalho e isso me deixa feliz”, afirmou, antes de repetir: “Mas, claro, de novo, é muito difícil terminar em quarto lugar”.

Equipe carinhosa

Apesar da dor, Ana Sátila tentou mostrar algum lado positivo pelo resultado histórico na canoagem brasileira. “Estou orgulhosa do meu trabalho. Acho que tive muita sorte nesse ciclo por ter encontrado uma a equipe tão carinhosa, tão preocupada com o meu desempenho. Todo mundo entregou o máximo para que eu estivesse aqui hoje, me sentindo bem. Foi o que aconteceu e, por isso, estou muito feliz”.

Ana Sátila K1 canoagem slalom paris caiaque
Feliz com o desempenho (Luiza Moraes/COB)

Ainda que visivelmente abalada, a mineira projetou a possibilidade de tentar a medalha novamente em Los Angeles-2018, no caiaque. “Vou ter outra possibilidade, talvez, em quatro anos, se eu passar na seletiva. Até lá tem muita água pra correr. Minha irmã (Omira Sátila) tá vindo muito forte, então espero uma competição no nível muito mais elevado pra chegar pra próxima edição (dos Jogos Olímpicos).”

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‘Ainda não acabou’

Talvez, porém, não precise esperar tanto já que, ainda em Paris, tem mais duas competições pela frente na canoagem slalom dos Jogos de Paris. Na canoa (C1) e no caiaque cross (K1 Cross). “Foquei em todas as categorias, tenho me sentido muito bem, tanto na C1 quanto no caiaque. Evolui muito recentemente, principalmente no caiaque, e acho que tudo que podia entregar, em todas as categorias que tenho feito. Foi uma história muito linda comigo, com o meu treinador, porque a gente tem se dedicado bastante, então fico orgulhosa desse trabalho. Acho que o segredo agora é colocar a cabeça no lugar, continuar muito positiva e com o foco total ainda não acabou”.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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