Paris – É possível programar a conquista de uma medalha? Evidente que a honraria é lograda no tatame, mas Willian Lima preparou todo o terreno para que a glória em Paris tivesse um contexto especial.
“Meu filho foi todo planejado para estar aqui nos Jogos Olímpicos. Acho que todo atleta de alto rendimento fica receoso de ter filho porque a gente viaja mais da metade do ano. Mas minha esposa me deu muita confiança em tudo isso”, explicou o medalhista de prata sobre o nascimento de Dom.
A ideia foi inspirada em outro judoca. “Acabou virando a chave na minha cabeça quando eu vi um vídeo de um dos atletas que são meus maiores ídolos no judô vindo do pódio e entregando a medalha para o filho dele”. O atleta em questão é o tricampeão olímpico Lasha Shavdatuashvili, da Geórgia.
Dom já tinha 28 dias quando o pai conquistou o bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023. Meses depois, o bebê viu Willian Lima receber o ouro no Pan de judô, disputado no Rio de Janeiro (RJ).
Willian disse que o filho serviu como combustível desde o início da luta. E o brasileiro precisou mesmo de um gás extra. “Venho carregando uma lesão há um ano e meio e comecei a sentir logo na segunda luta. Deu uma complicada”.
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O atleta sofreu uma ruptura de tendão no ombro esquerdo, o que prejudica sua pegada. Ele deve fazer uma cirurgia após a Olimpíada de Paris, mas ainda tem pela frente a disputa por equipes.
Além do desgaste pela lesão, o paulista de Mogi das Cruzes (SP) também teve de encarar lutas duras, muitas delas decididas no golden score.
“Eu fiz cinco lutas em menos de 12 horas. O desgaste da competição é muito grande. Você acaba tendo um desgaste muito grande fisicamente, mas também o seu mental vai melhorando. Você fala: ‘caraca, ganhei a primeira, eu sou capaz’. Isso te dá um up a mais”, detalhou.
Conhecido pela dedicação, Willian passou a ter aulas de natação e ginástica com o intuito de desenvolver a capacidade respiratória, corrigir falhas corporais e ajudá-lo em alguns golpes. O boxe já está no horizonte do medalhista.
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