Em apenas dois anos no Circuito Mundial de surfe, o brasileiro João Chumbinho viveu todas as emoções possíveis. Em 2022, quando estreou na elite, foi cortado e voltou para a divisão de acesso. No ano seguinte, retornou com tudo e chegou a liderar o circuito. Na etapa do Teahupo´o garantiu sua vaga olímpica e se classificou para o Finals, terminando a temporada como quarto melhor atleta do mundo. Porém, no final do ano, João sofreu um grave acidente enquanto treinava em Pipeline, no Havaí. Agora, após quase oito meses de recuperação, o brasileiro chega no Taiti, sua onda preferida no mundo, em busca de uma tão desejada medalha olímpica.
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“Esses Jogos Olímpicos têm um significado muito grande para mim, porque parece que algo foi tirado de mim quando o acidente ocorreu. Eu estava com muita gana de fazer grandes performances como as de 2023. Então, agora é uma oportunidade de ouro, tem um sentimento especial. Eu estava com muita vontade de voltar ao Circuito Mundial e isso foi tirado de mim. Ainda não vou ter a resposta do porquê, mas agora toda vontade que eu tenho de ser campeão mundial eu transferi para o título olímpico”, afirmou o atleta de 23 anos.
“A cada dia que passava, a angústia e a ansiedade de querer voltar, não por causa do Circuito Mundial, mas por causa dos Jogos Olímpicos foi uma coisa muito espontânea que eu nem sabia que estava dentro de mim guardada. Eu consegui concluir cada tarefa, cada ato de disciplina e de determinação, cada treino físico, cada sessão terapêutica, focado nos Jogos Olímpicos. Esse é literalmente o foco principal do meu ano e eu relacionei muito a minha a saúde aos Jogos Olímpicos. Então, se eu estava bem, estava um passo mais perto da sonhada medalha. Eu nem sabia que eu podia me apaixonar por esse evento e me entregar em prol somente dos Jogos Olímpicos”, comentou.
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Onda preferida no planeta
A trajetória de superação de João Chumbinho torna ainda mais simbólica sua presença nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Além disso, outro componente traz ainda mais destaque a essa história: sua conexão com o vilarejo de Teahupo´o e a desafiadora onda tubular do local. “Esse lugar surgiu logo depois do meu primeiro corte do circuito mundial. Eu vim para cá me reconectar, me apaixonar pelo surfe de novo. Foi um momento que eu estava desmotivado e esse lugar mudou todas as minhas expectativas e continua fazendo coisas incríveis pra mim”, revelou o brasileiro.
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“É o sonho de todo surfista surfar Teahupo´o. Os Jogos Olímpicos, com todo o seu peso, maior competição esportiva do mundo, representando a nação, uniformizado, tudo em prol da nossa performance, do nosso conforto. Isso é tudo muito especial. A energia de Teahupo´o é muito especial e ter os Jogos Olímpicos aqui é é um sonho. Eu amo essa onda, sou muito fã. Meu amor por esse lugar é o suficiente para eu me sentir em casa”, completou.
Companhia de campeões mundiais
Inteiramente conectado com o local e a experiência olímpica, João Chumbinho tira proveito também da convivência com dois campeões mundiais na delegação brasileira. Filipe Toledo e Gabriel Medina completam o time masculino do Brasil no surfe. “Estar ao lado do Gabriel e do Filipe é muito bom. Eles sempre me acolheram muito bem e passaram o melhor da experiência possível. A gente tem uma amizade legal e temos aproveitado bastante essa convivência como equipe aqui. É claro que são momentos tensos, porque a competição é de maneira individual e todo mundo tem a sua bolha, o seu momento de se afastar para não se distrair demais. Mas estou muito feliz de ter a oportunidade de aproveitar junto a eles para deixar as coisas mais leves”, falou.
“Eu realmente tive uma segunda chance. Foi um acidente muito sério que me desabilitou para muitas coisas. Tive que ter muita determinação e fé para vencer isso tudo. E eu tenho orgulho atleta que sou hoje, da pessoa que sou hoje fora d´água e da perspectiva que tenho de olhar as coisas. Se tem algum teste de disciplina e determinação, eu passei em todos. Hoje em dia me sinto saudável, tenho uma vida maravilhosa, pessoas maravilhosas ao meu lado e uma equipe que me ajudou a trabalhar muito em alta performance para eu chegar nesse momento”, finalizou o surfista.
*Com informações do Comitê Olímpico do Brasil