Neste domingo (30), a Confederação Brasileira de ginástica anunciou os atletas que irão representar o Brasil na ginástica de trampolim nos Jogos Olímpicos de Paris. Rayan Castro e Camilla Gomes foram os nomes escolhidos pela CBG. Enquanto no masculino, Rayan era o nome óbvio, no feminino a comissão técnica teve que quebrar a cabeça para escolher entre Camilla e Alice Gomes.
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A vaga para o Brasil veio através do Campeonato Mundial de 2023. Cada país classificado para a final garantia uma vaga. Às duas foram finalistas, conseguindo uma cota olímpica para o Brasil. Mas como Alice quem terminou na frente, para a Federação Internacional ela que tinha conquistado a vaga, mesmo que a decisão final da convocada coubesse ao país. Isso deu a chance para que Camilla conquistasse uma segunda vaga para o Brasil pelo ranking olímpico, o que daria a chance para as duas atletas irem à Paris. Mas apenas os países das três primeiras colocadas garantiram a vaga extra, com Camilla terminando o circuito das Copas do Mundo na quinta posição.
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A escolhida
Camilla Gomes acabou sendo o nomes escolhido. Ela tem um potencial de nota maior que Alice, já tendo tirado acima dos 56 pontos, além de ter ganhado medalhas em etapas de Copa do Mundo que contaram com a participação das principais ginastas que vão estar em Paris. No Campeonato Brasileiro, ela tentou a versão mais difícil da sua série na final, mas acabou tendo uma queda.
Em entrevista ao OTD, Camilla ressaltou os seus bons resultados nos últimos anos e o seu potencial para brigar por medalha. “Eu tava em quarto lugar no ranking no fim do ano e só precisava passar a japonesa para conseguir a segunda vaga. Mas voltaram as atletas da Rússia e da Bielorrússia o que complicou o povo. E também logo na primeira Copa desse ano eu tive uma queda e sofri uma lesão no pé. Mesmo assim continuei lutando para tentar essa vaga porque sabia que era importante para o Brasil, para mim e para a Alice”, disse a atleta.
Sobre o processo de escolha, Camilla Gomes disse que acredita que o seu desempenho nas Copas do Mundo foi o fator principal, já que o ranking olímpico levou várias competições em conta. “A gente sabe que o trampolim é um esporte muito instável. Às vezes você faz uma competição boa e depois cinco ruins. E acho que o ranking da Copa do Mundo mostra um pouco da constância da pessoa. Eu consegui me manter o tempo todo ali no top-5. Eu consegui somar 56 pontos no ano passado que é uma nota de medalha olímpica e mundial. Então acredito que esse foi um dos motivos da escolha”, explicou.
Alice em um misto de emoções
Para Alice Gomes, o domingo foi uma montanha-russa de emoções. No começo do dia, ela levou a medalha de ouro no Campeonato Brasileiro. Competindo em casa, com família e amigos na arquibancada, a ginasta de Ouro Preto terminou a competição em primeiro lugar. Mas pouco tempo depois, Alice ficou muito emocionada enquanto era anunciada como reserva da equipe brasileira que vai a Paris-2024.
“Esse é um choro de orgulho por tudo que eu fiz porque só eu realmente sei tudo que eu passei para estar aqui. Por mais que não tenha sido exatamente como eu queria já que meu maior sonho é representar o nosso país nos Jogos Olímpicos. Eu sei a capacidade que eu tenho e é por isso que conquistei a vaga para o Brasil. Ser reserva já é um motivo de orgulho, porque treino todos os dias, de manhã e de tarde, de sábado. Abrimos mão de muita coisa para viver isso aqui. Dói, não vou mentir. Porque eu sonhei muito com isso. Mas estou muito orgulhosa de tudo que eu fiz e do trabalho que a ginástica de trampolim brasileira vem fazendo. E desejo que os dois que vão competir façam a melhor competição do mundo porque é isso que o trampolim precisa”, afirmou a atleta.
Apesar da tristeza em não poder competir em Paris, Alice Gomes falou que o momento agora é de juntar forças para voltar ainda mais forte, visando o próximo ciclo olímpico. “Isso é só o começo de tudo que eu posso fazer não só para mim, mas para a ginástica de trampolim brasileira. Tenho muito orgulho de falar que sou a sexta melhor atleta do mundo e eu consegui a vaga olímpica do Brasil. Eu fico muito feliz de estar indo como reserva. Todo mundo sabe que o alto rendimento é lindo, mas é pesado. Então eu vou encarar tudo isso como uma preparação ainda mais forte para classificar o Brasil de novo e competir em Los Angeles-2028”, concluiu.
Os critérios
O OTD também conversou com Henrique Mota, diretor esportivo da CBG, que falou sobre a decisão de levar Camilla Gomes para Paris. “Foi difícil para a comissão técnica decidir. Costumamos dizer que é um ‘problema bom’, ter duas ginastas desse nível, finalistas mundiais. Mas a comissão objetivou exatamente os parâmetros que a gente sempre utiliza. As performances alcançadas, a consistência de altas notas em competições, as apresentações que elas fizeram em competições nacionais, internacionais e controles técnicos, assim como o potencial de resultado nos Jogos Olímpicos. A certeza que a gente tem é que a ginástica de trampolim brasileira mudou de patamar neste ciclo e isso é fruto do trabalho de técnicos, atletas, dirigentes, equipes multidiciplinares e todo mundo que faz parte do processo”, afirmou.
Nas próximas semanas, Camilla Gomes e Rayan Casto, assim como os reservas Alice Gomes e Gabriel Sousa viajam para um período de aclimatação na cidade de Troyes, no norte da França. Lá, a CBG montou uma estrutura que irá receber as equipes de ginástica artística, rítmica e de trampolim que irão representar o Brasil nos Jogos Olímpicos Paris-2024.