O assunto que domina as discussões na França é a Reforma da Previdência. Mas será que ela tem relação com os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Você já deve ter visto que estão rolando grandes manifestações contrárias à medida por todo o país. Só que agora, com a aprovação do texto, está surgindo um movimento que ameaça sabotar a organização da Olimpíada.
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“Sem previdência, sem Jogos Olímpicos”. A frase surgiu nas redes sociais e foi reproduzida mais de 15 mil vezes nos últimos dias. Como medidas práticas, o movimento sugere bloquear as obras relacionadas ao evento, como as construções da Vila Olímpica e do Centro Aquático, que estão sendo erguidos na região de Saint-Denis, ao norte de Paris.
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Outra ameaça de coletivos contrários à realização da Olimpíada é de organizar um grupo que se inscreva para ser voluntário do evento, mas que não apareça para trabalhar durante os Jogos.
Existe ainda a especulação de que alguns coletivos possam agir em grandes eventos que serão realizados na França antes da Olimpíada. Alguns exemplos são o torneio de tênis de Roland Garros, que ocorre em junho, e a Copa do Mundo de Rúgbi, marcada para outubro.
Os manifestantes falam em intervir até em cerimônias fora do universo esportivo, como o Festival de Cannes, um dos maiores eventos de cinema do mundo.
Movimentos de protesto
A revolta de diversos movimentos sociais é uma resposta ao projeto de Reforma da Previdência, que deve ser colocado em prática no segundo semestre. A medida liderada pelo presidente Emmanuel Macron tem como principal mudança o aumento da idade mímina para aposentadoria. Atualmente, ela é de 62 anos, mas deve passar para 64 anos.
O movimento sindical é praticamente unânime em atuar contra a reforma e continua promovendo grandes protestos por todo país, mesmo após a tramitação do projeto já ter passado por todas as etapas necessárias para ser sancionada.
Por outro lado, as centrais sindicais discordam quando o assunto é levar essa revolta para a Olimpíada Paris 2024. Enquanto algumas organizações já fizeram manifestações em alguns canteiros de obras olímpicas, outros coletivos defenderam que os Jogos devem ser um momento de festa para todos os franceses.
Posição dos organizadores
Esta é uma posição parecida com a do Comitê Organizador dos Jogos. Em resposta à nossa reportagem, a entidade afirmou em nota que a Olimpíada não tem conexão com as reivindicações relacionadas à Reforma da Previdência. Portanto, os manifestantes estão errando no alvo dos protestos.
O Comitê disse ainda que está confiante na capacidade coletiva de tornar os Jogos um sucesso para o país com o apoio de diversas organizações patronais e de assalariados.
A entidade concluiu que “os Jogos são uma oportunidade de se unir em torno dos atletas que se preparam há anos e de ajudar a promover grandes desafios da sociedade, como a inclusão e a luta contra o sedentarismo”.
E o que diz o governo Macron? Em entrevista concedida na semana passada, a ministra do Esporte e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos também defendeu a união dos franceses em torno do evento. “Jogar contra os Jogos é jogar contra atletas e associações. Não acho que é isso que queremos para o nosso país”, declarou Amélie Oudéa-Castéra.