Faltando exatos dois anos para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) realizou um evento em São Paulo, nesta terça-feira (26), para celebrar o marco simbólico. No encontro, que contou com a participação de dirigentes da entidade e de atletas, foram apresentados os detalhes do planejamento esportivo e da logística operacional que ocorrerá na França.
Entre os principais pontos anunciados, o Time Brasil terá cinco bases de apoio exclusivas para seus atletas, sendo que a principal delas ficará em Saint-Ouen, a apenas 600 metros da Vila Olímpica. Uma novidade também é o retorno do Programa Vivência Olímpica, depois da ausência em Tóquio-2020. Nele, jovens e promissores atletas brasileiros terão a oportunidade de experimentar viver o clima de um megaevento pela primeira vez em suas vidas.
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Presidente do COB, Paulo Wanderley foi o responsável por abrir a cerimônia. O dirigente elogiou os resultados esportivos recentes do país e ressaltou a importância do planejamento antecipado do COB para a definição dos locais de apoio durante os Jogos. Ele destacou que uma equipe da entidade esteve presente na França ainda em 2020, antes mesmo dos Jogos Olímpicos de Tóquio, para estudar os locais mais adequados para instalar suas bases de aclimatação. O Brasil foi o primeiro país das Américas a visitar a Vila Olímpica.
Bases de apoio
A parceria com Saint-Ouen foi firmada em junho. Por lá, o COB terá cinco instalações à disposição, a apenas 600 metros da Vila Olímpica. Cada um dos espaços ofertará serviços específicos para os atletas brasileiros, havendo áreas para serviços médicos, preparação mental, alimentação, performance esportiva e uniformes. Ainda haverá a instalação de quadras de vôlei de praia e de vôlei de quadra. A seleção brasileira de vôlei masculino será a primeira a testar a operação de Saint-Ouen, já que treinará na cidade em agosto, preparando-se para o Mundial.
“O trabalho do COB começou antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio e essa é a concretização desse planejamento de longo prazo, trabalhando por várias mãos, em busca de oferecer suporte na preparação dos nossos atletas. Nós criamos estratégias e entendemos ser extremamente importante dar apoio em todos os detalhes para que os nossos atletas só se preocupem em competir”, afirmou Ney Wilson, diretor de Alto Rendimento do COB.
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Em diversos momentos, o COB comparou a preparação logística de Paris 2024 com a de Tóquio 2020. Como o fuso horário da capital francesa é menos intenso que o da capital japonesa em relação ao Brasil (em Paris são cinco horas a mais do que em Brasília), a operação do COB em 2024 funcionará exclusivamente no período dos Jogos Olímpicos.
O comitê não dará suporte somente aos atletas brasileiros, mas também para os familiares presentes no megaevento. Além de Saint-Ouen, a entidade oferecerá bases de apoio às modalidades cujas competições serão realizadas fora de Paris. São os casos da vela, em Marselha; do handebol, em Lille; do remo e da canoagem, em Seine-et-Marne; e do surfe, no Taiti.
Vivência Olímpica
Outra novidade é que o COB retomará o programa Vivência Olímpica, que foi cancelado nos Jogos de Tóquio por conta da pandemia. O programa teve sua primeira edição em Londres-2012, levando 16 jovens atletas brasileiros para experimentar o clima olímpico pela primeira vez. Na Rio-2016, 20 talentos nacionais tiveram a oportunidade de vivenciar os Jogos mesmo sem competir.
O COB retomará a ação em 2024 e levará 20 atletas de até 23 anos para terem a experiência olímpica. A entidade já está monitorando jovens atletas que atendam a alguns requisitos, como histórico de resultados nas categorias de base – ou até adulta – e com potencial de evolução até os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. Nomes como Beatriz Ferreira (boxe), Paulo André (atletismo), Duda (vôlei de praia), Hugo Calderano (tênis de mesa), Thiago Braz (atletismo), Isaquias Queiroz (canoagem velocidade) e Martine Grael (vela) já passaram pelo programa em edições passadas.
Kenji Saito, diretor de Desenvolvimento e Ciências do Esporte do COB, ressaltou a importância do Vivência Olímpica. Ele citou os grandes atletas que passaram pelo programa e anos mais tarde subiram ao pódio olímpico ou atingiram destaque no cenário internacional. “O Vivência tem o objetivo de minimizar o impacto da primeira participação no maior evento esportivo do mundo, que muitas vezes causa deslumbramento e perca de foco dos atletas”, disse o dirigente, que chefiou a delegação brasileira nos Jogos Sul-Americanos da Juventude Rosario 2022.
Embaixadores e ações de marketing
Outro programa anunciado pelo COB é o de Embaixadores. Serão selecionados dez atletas olímpicos que fizeram história para estarem presentes juntos à delegação do Brasil em Paris 2024 e inspirarem os atletas rumo a conquistas importantes. O comitê também terá o programa de padrinhos e madrinhas, em que diversas personalidades do país atuarão como embaixadores do Time Brasil nas redes sociais.
O comitê também apresentou ações voltadas ao marketing, como a do COB+, um programa de patrocínio e capacitação da entidade. Por meio dele, as marcas poderão realizar ativações e parcerias no ciclo que vai até Paris 2024. Já durante os Jogos Olímpicos, o COB terá no Brasil a Arena Olímpica, um local que contará com diversas atrações de entretenimento aos fãs, que poderão torcer pelos atletas brasileiros e participar de várias ações relacionadas ao esporte olímpico. Em Paris, haverá a Casa Brasil, montada especialmente para celebrar as conquistas do Brasil nos Jogos.
“Temos seis meses para preparar todo esse ecossistema. Temos um grande evento no fim do ano, que é a Copa do Mundo. A partir da virada do ano, temos a obrigação de nos conectarmos com o público final e o público corporativo quase que diariamente. Queremos mostrar em uma campanha massiva, a partir de janeiro de 2023, contar o que é o COB, quem somos, o que fazemos, os motivos, em vários tipos de ações”, disse Gustavo Herbetta, diretor de Marketing do COB.
Expectativa
Ao fim do evento, o presidente Paulo Wanderley falou sobre as expectativas do Brasil para os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Ele afirmou que a meta é superar o resultado obtido na Olimpíada de Tóquio, quando o país conquistou 21 medalhas. “O desafio é superar. É isso que a gente quer e é para isso que estamos trabalhando. Temos sempre que superar a missão anterior”, afirmou.
Apesar de ainda faltar dois anos para os Jogos, o dirigente avaliou como animador o início de ciclo olímpico dos brasileiros. “Modalidades que há poucos anos nós não tínhamos expectativas de medalhas em Campeonatos Mundiais, hoje já temos perspectiva de medalhas olímpicas. O tiro com arco é uma delas”, falou o presidente.
Paulo Wanderley também espera que o Brasil tenha o maior número de atletas em uma edição olímpica no exterior. O país contou com 312 atletas na Olimpíada de Tóquio, recorde até aqui. “Vamos superar um pouco este número, mas não muito. É muito difícil fazer um prognóstico, porque vai depender da fase qualificatória das equipes. Mas é por aí, vamos conseguir mais de 300 [atletas]”, finalizou.