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Paris 2024

Erlon volta a treinar com Isaquias seis meses após colocar prótese

Com uma recuperação mais rápida do que o esperado pelos médicos, Erlon de Souza voltou a treinar com Isaquias Queiroz seis meses depois da cirurgia

Erlon de Souza e Isaquias Queiroz voltam a treinar juntos seis meses depois da cirurgia
Reprodução Twitter

Na Rio -2016, Erlon de Souza foi medalha de prata ao lado de Isaquias Queiroz no C-2 1000 m da canoagem velocidade. No Mundial de 2019, a dupla faturou bronze na mesma prova e estava entre as favoritas ao pódio para Tóquio-2020. Mas um problema congênito no quadril de Erlon impediu o sonho de se tornar realidade porque ele foi cortado dos Jogos. O canoísta precisou fazer uma cirurgia para colocar uma prótese e, seis meses depois da operação, ele ainda não está 100%, mas a recuperação está em ritmo mais acelerado do que os médicos esperavam. No último sábado, em Lagoa Santa, voltou a remar junto com Isaquias e reascendeu a esperança de ver os dois juntos no pódio em Paris-2024.

“Foi um treino muito excelente e superou até minhas expectativas porque, como eu estou voltando agora aos treinamentos, então ainda estou com algumas limitações. Faz exatamente seis meses e seis dias que eu fiz a cirurgia e estou remando já. Não estou sentindo exatamente nada, nenhuma dor, nenhum incômodo no quadril. Eu posso dizer que eu estou 100% e as dores que eu estou sentindo agora são musculares pelo fato de ter ficado quase seis meses sem remar”, comemora Erlon de Souza.

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“Estou naquele processo de readaptação e ainda com a parte da fisioterapia justamente para reconquistar a mobilidade novamente para ter a flexibilidade que a canoa precisa e exige que nós tenhamos. E sábado foi a primeira vez que entramos na embarcação depois de um belo longo tempo sem entrar e o barco respondeu muito bem. Ficamos muito satisfeitos com o treino que foi feito.”, completou

A alegria de agora do atleta contrasta com o período de martírio vivido por ele nos últimos anos na tentativa de solucionar o problema a tempo de disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.

“Eu já tinha o problema desde criança. Mas eu sentia a dor uma vez e depois só voltava a sentir anos depois. O problema se agravou a partir de 2019. As dores começaram a ficar mais constantes e me incomodavam até em repouso. Foi quando eu percebi que estava ficando mais sério, que era algo mais profundo e poderia me prejudicar. Não era dores musculares, eram dores que eu sentia que era na articulação, a dor no osso mesmo. Foi quando toda a equipe médica do COB se mobilizou. A gente tentou todos os tratamentos que tinham no Brasil, porém nenhum teve eficácia que desejávamos. Eu tomava um medicamente que era para me deixar em dor durante seis meses, mas eu conseguia remar só 15 dias sem dor. Então, eu não podia ficar tomando esses remédios fortes de duas em duas semanas. Foi aí que chegamos à conclusão de que eu não teria condições de ir para os Jogos Olímpicos”, lembra.

Isaquias Queiroz Erlon de Souza Canoagem de Velocidade C2 1000 m Tóquio
Isaquias Queiroz e Erlon de Souza ganharam a medalha de prata na Rio-2016 (Alexandre Loureiro/Exemplus/COB)

Depois de tentar diversas formas de tratamento sem obter, a única opção restante era a cirurgia. Colocar uma prótese no lugar da articulação danificada do quadril era a chance de manter vivo o sonho de Erlon voltar a competir os Jogos Olímpicos.

“Eu estou sonhando com Paris desde o momento em que eu fiquei sabendo que não ia para Tóquio. Eu já troquei o chip para começar a sonhar com Paris e sonhar com a vaga olímpica. Eu sabia que a partir do momento que a gente bateu o martelo de que eu não iria para Tóquio  que eu teria que ter algum firmamento para me sustentar porque senão a cabeça ia ficar muito vazia. Eu me alimentei com os sonhos. O que fez fez ter coragem de continuar batalhando foi sonhar”, revelou Erlon de Souza.

A cirurgia feita há seis meses dava a certeza a Erlon de que ele poderia ter uma vida normal sem dores, mas os médicos não garantiam 100% de que ele poderia voltar ao esporte de alto rendimento. “Foi uma novidade até para os médicos. Ele me garantiu que eu ficaria 100% sem o esporte, mas que a gente podia tentar por ser um esporte unilateral. Não existia nenhum histórico médico sobre isso antes, mas graças a Deus a gente fez a cirurgia e estou evoluindo muito bem”, comemora novamente.

O treino de sábado junto com Isaquias Queiroz comprovou que Erlon de Souza está no caminho certo. “Eu venho passando por um processo de superação. E sábado realmente foi um dia que eu que tudo que eu venho fazendo, a cirurgia, a fisioterapia, o fortalecimento, está valendo a pena. Só de entrar na embarcação e perceber que ela teve o desenvolvimento, mesmo sem tanto treinamento ainda, já mostra que eu estou no caminho certo. Hoje eu estou super animado porque eu sei que tudo está valendo a pena”.

O plano, à princípio, é que Erlon volte a competir para valer apenas em outubro nos Jogos Sul-Americanos, que serão disputados em Assunção, no Paraguai, mas a evolução tem sido tão grande que ele acredita que os planos podem mudar.

“Eu dei um pulo muito grande nesses últimos meses comparado ao que a parte médica tinha programado para mim. Então eu não sei se esse pulo que eu dei vai modificar alguma coisa no planejamento ou se esse planejamento vai permanecer. De repente pode antecipar alguma coisa sim. Se o condicionamento físico voltar e eu conseguir voltar também a parte técnica e tiver remando bem porque não sonhar com uma competição antes de outubro?”.

A animação de Erlon depois de tudo o que ele passou é contagiante. Faltam dois anos e quatro meses para os Jogos Olímpicos e ele diz que nunca quis tanto com uma competição como está querendo Paris-2024. Pode ser a última oportunidade de ver a dupla junta no C-2, já que Isaquias Queiroz andou dizendo por aí que deseja se aposentar depois da Olimpíada. Mas o amigo e companheiro não bota muita fé nessa aposentadoria.

“Eu não acredito muito que ele vai parar não porque o isaquias é muito competitivo e o nível de excelência de que ele vem mostrando nos campeonatos são grandes demais para quem tá pensando em parar. Bom, vamos ver né? Deixa chegar Paris e a gente vai ouvir qual vai ser o discurso dele”.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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