O período da pandemia da Covid-19 exigiu que o treinador paraibano Pedrinho Almeida se reinventasse para manter o atleta paralímpico mais rápido do mundo, Petrúcio Ferreira, em forma até os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, que começam no próximo dia 24 de agosto.
Ambos têm uma parceira de longa data. Juntos, já conquistaram dois ouros e uma prata nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019 e dois ouros no Mundial de atletismo, em Dubai 2019, quando o atleta do Time Nissan se tornou o atleta paralímpico mais rápido do mundo, com a marca de 10s42 que registrou na semifinal dos 100m.
Após um distanciamento social por quase sete meses do atleta da classe T47 (para amputados de braço), o profissional natural de Pombal, no Sertão da Paraíba, comandou treinos com o velocista em areia de praia, pista de barro e academias improvisadas até retomar às atividades físicas na pista sintética da Universidade Federal da Paraíba em janeiro deste ano.
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Pedrinho aponta que o primeiro ano da pandemia no Brasil foi um dos mais difíceis de sua carreira, pois teve de readaptar os seus treinamentos a um cenário jamais experimentado e ainda distante do atleta.
“O primeiro ano da pandemia foi muito difícil para nós, tivemos que adaptar o treinamento nas condições que ele tinha em relação a espaço e material. Esse momento não foi fácil. À distância, a gente tinha que fazê-lo se manter motivado, confiante e seguro. Foram grandes desafios”, relembra Pedrinho Almeida.
Estratégia pós flexibilização
Em outubro do ano passado, quando começou o processo de flexibilização da pandemia na cidade de João Pessoa, Pedrinho então teve a ideia de fazer um trabalho específico com o velocista nas areias da praia do Bessa (litoral norte pessoense, com 6 km de extensão).
O comandante, no entanto, além de se preocupar com o aspecto físico e mental do atleta nesta atividade, foi obrigado a levar em consideração outro fator para colocar seu trabalho em prática: a maré do mar.
“Na época, exploramos muito a dinâmica da maré do mar para elaborarmos os treinos. Na maré baixa, por exemplo, aproveitava a areia mais dura para trabalhar mais o aspecto técnico, tiros, enquanto na maré alta, fazia atividades aeróbicas na areia mais fofa”, explica Pedrinho Almeida.
Já em dezembro, Petrúcio Ferreira foi levado pelo treinador para uma pista de barro de 370 metros da Polícia Militar da Paraíba, no bairro de Mangabeira, para iniciar um trabalho de transição para o piso sintético.
“Poder usufruir desta diversidade de pistas nos proporcionou uma série de ganhos e nos mostrou outros resultados que entendemos que não eram mais necessários. Tínhamos de aproveitar estas situações que estavam ao nosso alcance naquele momento e conseguimos transformar isso em performance para o atleta”, justifica.
Polimento no Japão
Agora, em Hamamatsu, a dupla tem realizado o período pré-competitivo no estádio do Yotsuike Park, no Distrito Naka. Para Pedrinho, o período é apenas “de polimento” e que, com o calor que tem feito no Japão, o “descanso é muito salutar”.
“O diálogo é mais importante daqui até os Jogos Paralímpicos de Tóquio. Agora é a hora que eu tenho que mais ouvi-lo do que falar. E falar somente o estritamente necessário, para dar a ele a possibilidade de descarregar a tensão e a ansiedade deste momento e ser uma espécie de fio terra dos problemas do atleta para ele chegar na competição em Tóquio pronto para dar o melhor de si”, finalizou.
Pedrinho também treina Cícero Nobre, que esteve nos Jogos do Rio 2016 e foi campeão mundial em 2019 no lançamento de dardo, e Joeferson Marinho, medalha de prata no Mundial de Dubai 2019.