Convidados de luxo para Tóquio 2020 – que vai ocorrer em 2021 – surfe e skate esperanças de medalha para o Brasil. Porém, esses esportes não foram inclusos no programa paralímpico. Ainda assim, temos atletas amadores por aqui que se destacam nesses esportes adaptados. Marcos Rossi é um deles. Ele nasceu sem pernas e sem braços devido a uma doença extremamente rara, a Síndrome de Hanhart. Mas, isso foi um combustível para se aventurar e realizar feitos que muitos nem sequer imaginam.
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Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, ele relatou sua paixão por água desde muito novo e como crianças brincando com uma prancha de isopor o incentivaram a acreditar que isso era capaz.
Surfe e skate adaptado
Marcos sempre viu a vida com outro olhar. “Fui uma criança que aprendeu desde cedo que a qualidade da nossa vida nada mais é do que a qualidade das nossas emoções. Por conta disso, procurei me conectar com coisas que me deixavam com a energia lá em cima, o esporte sempre foi uma delas”, disse.
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Aos 15 anos Marcos passou por um susto. “Tive uma escoliose nas costas, fazendo com que a minha coluna vertebral se transformasse em um ‘S’. Os médicos disseram que se eu não fizesse uma cirurgia iria morrer, mas caso optasse pelo procedimento, o risco do óbito era de 90%. Ainda bem que existiam os outros 10% e é graças a Deus que estou podendo contar isso aqui para vocês”, relatou.
A partir deste momento, ele decidiu que iria descobrir coisas novas. “Me perguntei: o que eu ainda não fiz que gostaria de ter feito? A primeira lembrança que veio em mente fui eu sentadinho na beira do mar vendo as crianças brincarem com as pranchas de surf de isopor”, relatou Marcos. “Certo dia estava na praia com o Bruno Guazeli, um amigo surfista e vi do meu lado na areia uma pranchinha de bodyboard. Olhei pra ele e perguntei: ‘irmão, você me ajuda a surfar?’. Ele me deu total apoio e com os recursos que tínhamos à nossa volta (E.V.A e Super Bonder), desenvolveu a prancha adaptada. Daí em diante a coisa deu certo e não parei mais”, contou ao OTD.
Após esse contato com o surf ele decidiu ir além, por que não tentar andar de skate? Seria um novo tipo de prancha e desta vez no asfalto. “Fui ver um amigo andar de skate e fiquei apaixonado pelo esporte. Virei para ele e mais uma vez disse: ‘irmão agora eu estou surfando! Você me ajuda a andar de skate?’ Construímos um skate (carveboard) adaptado com uma cadeira de fibra de vidro no meio. Após meses de treino, fiz minha primeira exibição em um campeonato, foi lindo!”, disse.
Livro ‘O que é impossível para você?’ diz que o conceito de limitação pode ser desaprendido
O autor do best seller “O que é impossível para você?”, publicado pela Buzz Editora, relata que por muitas vezes as pessoas ficam reprimidas por falta de energia, recursos ou condições. “No meu livro o leitor é capaz de entrar dentro da minha cabeça e entender como eu penso e como ele pode trazer toda essa bagagem e analogia para a vida dele, principalmente para compreender que são as nossas decisões, independentes das nossas condições, que determinam o nosso destino”, contou ao OTD.
O esporte paralímpico sempre esteve presente na vida de Marcos. “Por mais que a gente saiba que no Brasil ainda não existam muitas condições no esporte adaptado, acredito que com criatividade e força de vontade – nisso nós brasileiros somos incríveis – ainda levaremos o esporte paralímpico brasileiro para o patamar que ele realmente merece”, disse.
Quando questionado se existe uma identificação da sua vida com a história de atletas paralímpicos, Marcos diz que sim. “Eles carregam esse sentimento de superação diante suas histórias e para mim, são guerreiros que independente das condições, chegaram lá e estão sempre buscando progredir”, finalizou.
Você pode baixar o primeiro episódio do livro “O que é impossível para você?” acessando o site da Buzz Editora.
Por Léo Martins, especial para o OTD