Que a vida de atleta não é monótona, todo mundo sabe. Mas a rotina de Jovane Guissone, um dos grandes nomes da esgrima em cadeira de rodas, parece ser ainda mais movimentada. Com a pandemia, ele tem dividido o tempo entre treinos em casa, na cidade de Esteio, região metropolitana de Porto Alegre, fisioterapia na capital gaúcha e a Barbearia Touché.
A Barbearia Touché foi a forma encontrada por de Jovane ajudar a esposa Kelly a fazer aquilo que gostava. “Há cinco anos, quando comprei minha casa, ela me disse que gostaria de trabalhar em algo que pudesse fazer em casa. Paguei cursos para ela e acabou dando certo. O bom é que ela atende a mim e ao meu filho”, brinca o atleta, pai de Jovane Júnior e padrasto de Amanda Pereira.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, NOINSTAGRAM E NO FACEBOOK
Com a esposa cuidando da Barbearia Touché, Jovane vem se dedicando totalmente aos treinos para repetir o bom resultado de Londres-2012, quando foi campeão paralímpico. E ele mantém uma rotina bem rígida, dividindo-se entre as duas cidades gaúchas.
“O local onde eu treino, no CETE (Centro Estadual de Treinamento Esportivo), está fechado. Fiz uma adaptação na minha sala, com fixadores, e o Marco Xavier, meu treinador, vem aqui para treinar comigo. Toda segunda, quarta e sexta, tenho preparação física, pela manhã. Depois, faço as aulas de esgrima e combate. Vou a Porto Alegre nos dois outros dias para fazer fisioterapia”, detalha o atleta.
Prazeres no campo
A correria da semana geralmente é aliviada com outra corrida, desta vez mais agradável, até o sítio em Portão, cidade a cerca de meia de carro da casa dele.
“Fiquei um mês e meio isolado no meu sítio, onde dei uma trégua no início da pandemia. Nasci em uma cidade muito pequena, chamada Barros Cassal, onde todas as pessoas produzem milho, fumo e feijão e trabalham com animais. Sempre que eu posso, dou uma chegada lá, de onde trago energias boas, energias positivas,” contou Guissone.
Aos 37 anos, Jovane Guissone garante que está muito preparado para buscar o alto do pódio em Tóquio. E quer usar justamente esse fator, das várias competições de esgrima que enfrentou na carreira, para sair vitorioso.
“Com certeza, a minha meta é brigar por medalha. Cada ano que passa, a experiência ganha mais força. Todo atleta mais experiente usa mais a técnica do que a força e joga no erro do adversário”, avisa Guissone.