Nesse 30 de maio, celebra-se o Dia Mundial da Esclerose Múltipla (EM), criado para aumentar a conscientização sobre a doença e fortalecer a rede global das pessoas que convivem com esse problema neurológico, crônico e autoimune. Para ressaltar a importância da data, o Olimpíada Todo Dia conversou com a campeã e recordista mundial Elisabeth Gomes que, além de atleta, é vice-presidente da Associação do Litoral Santista de Amigos e Portadores de Esclerose Múltipla (ALSAPEM).
“É como eu sempre digo: ‘A Esclerose Múltipla é minha amiga, ela caminha ao meu lado, mas nunca estará me vencendo; eu é que estarei sempre vencendo-a!’ ” É desse modo que Elisabeth Gomes, eleita a melhor atleta paralímpica brasileira em 2019, descreve sua visão sobre a EM nos dias de hoje.
Mas nem sempre foi assim.
Mudança repentina
Natural de Santos, no litoral de São Paulo, Elisabeth Gomes, mais conhecida como Beth, sempre foi uma pessoa completamente saudável, era atleta de vôlei e trabalhava na Guarda Civil de sua cidade. Em 1993, quando tinha 27 anos, sofreu um acidente que parecia simples no início, mas que acabou trazendo consequências muito mais complicadas do que se imaginava.
“Tive uma queda ao pular uma poça d’água. Perdi o equilíbrio, caí e tive uma fratura que exigiu várias cirurgias. Não sabia que já era a Esclerose Múltipla se manifestando. Os sintomas da EM perduraram por quase oito anos sem que os médicos finalmente a diagnosticassem. Em 2000, já com as sequelas motoras, foi dado o diagnóstico definitivo,” explica Beth.
O que é a EM?
A Esclerose Múltipla é uma doença neurodegenerativa autoimune, caracterizada pela destruição da camada protetora que recobre os neurônios – chamada de mielina – pelo próprio sistema imunológico. A doença pode ser também debilitante, isso porque entre os seus sintomas, está a espasticidade – uma condição que compromete a mobilidade do paciente e sua qualidade de vida.
A doença afetou Elisabeth rapidamente. No início, caminhava de muletas. Pouco tempo depois, perdeu o movimento das pernas e mal conseguia andar. Com os pais já falecidos, Beth teve que lidar sozinha com a doença, algo que não foi nada fácil.
“Pensei em tirar minha vida“
A hoje “amiga da EM” chegou a cogitar o suicídio, mas graças a um motorista de ônibus, descobriu que poderia adquirir uma carteira especial para deficientes não pagar passagem. Foi buscá-la no Conselho Municipal para Assunto das Pessoas com Deficiência (Condef) e conheceu outros portadores de EM. Lá, descobriu que poderia seguir sua vida de atleta.
“Entrei em depressão ao saber que já não poderia mais voltar as minhas funções no trabalho e a minha vida esportiva. Sem poder fazer as duas coisas que gostava, pensei em tirar minha vida. Foi um motorista de ônibus de alma bondosa que me salvou. Me falou sobre o Condef. Lá, me chamaram pra jogar basquete em cadeira de rodas e eu fui. Me ajudou a superar a depressão,” contou.
O esporte mudou a vida de Elisabeth. Hoje, aos 54 anos, a atual atleta do atletismo paralímpico se reencontrou. Em 2019, conquistou ouro no lançamento de disco nos Jogos Parapan-Americanos de Lima e no Mundial de Atletismo em Dubai, onde bateu o recorde mundial da prova.
Importância do Dia Mundial da EM
A Esclerose Múltipla não tem cura, mas pode ser tratada. O diagnóstico tardio prejudicou a vida de Elisabeth. A campeã mundial hoje faz o possível para tornar a doença mais conhecida, tanto como atleta paralímpica como na função de vice-presidente da Associação do Litoral Santista de Amigos e Portadores de Esclerose Múltipla.
“Eu não tive um tratamento imediato. Devido a isto, fiquei com sequelas motoras. Se tivesse sido diagnosticada antes, poderia ter iniciado o tratamento com medicamentos antes. O dia Mundial da EM é muito importante para a divulgação para as pessoas. Se alguém tiver sintomas semelhantes aos da doença, fica mais fácil para procurar um médico especialista,” finaliza Elisabeth Gomes.