Vinte e dois de setembro de 2018 será daqui em diante lembrado como o dia de um dos mais revelantes passos dados pelo Movimento Paralímpico Brasileiro. Por meio do Festival Paralímpico, mobilizaremos 10 mil pessoas e levaremos a todo o país – em seus 26 Estados e o Distrito Federal – uma celebração que por muito tempo seguirá em nossa memória. Quarenta e oito cidades. Sete mil e duzentas crianças de 10 a 17 anos. A merecida reverência ao atleta paralímpico, em seu Dia Nacional, e a abertura de portas essenciais à pessoa com deficiência no Brasil.
Quando na missão do Comitê Paralímpico Brasileiro dizemos que devemos “Promover o esporte paralímpico da iniciação ao alto rendimento, e a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade”, nos referimos justamente a abrir portas. Seja àqueles que diariamente suam até a última gota em seus treinamentos, em busca de recordes, medalhas e títulos, seja à pessoa que ainda não teve acesso ao esporte como ferramenta de transformação.
Por maior que seja o clichê, a verdade é que o esporte pode, sim, mudar vidas. Mudou a minha, inclusive. Uma porta me foi aberta no fim da década de 1980 e me levou ao futebol para cegos. Iniciou-se assim o processo de resgate da minha autoestima e de reafirmação da minha capacidade. Capacidade que está dentro de cada um dos 45,6 milhões de brasileiros que têm algum tipo de deficiência, e por quem trabalhamos incansavelmente para que tenham a oportunidade de demonstrá-la.
Uma porta se abrirá também neste sábado a profissionais de Educação Física, de importância ímpar no âmbito escolar, e que sairão do Festival Paralímpico melhor preparados para atuar de maneira mais inclusiva e replicar o conhecimento em seu dia a dia. Outra porta aberta dará a crianças sem deficiência a chance de conhecer o universo paralímpico e, desde cedo, aprender a conviver com as diferenças.
São estes os motivos que nos fazem crer que a realização do Festival Paralímpico, a exemplo do Camping Escolar Paralímpico, do Centro de Formação e das Paralimpíadas Escolares, será vital no esforço pela inclusão feito pelo Comitê Paralímpico Brasileiro. Pudemos nos consolidar nos últimos anos em uma posição de destaque no cenário mundial paralímpico de alto rendimento, mas queremos agora também transformar nossa sociedade em um ambiente mais inclusivo.
Aproveite o Festival, experimente o esporte paralímpico e faça parte desta justa comemoração. Por aqui, continuaremos trabalhando para que estas portas jamais sejam fechadas e outras tantas se destravem.
Cordialmente,
Mizael Conrado – presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e medalhista de ouro nos Jogos Paralímpicos de Atenas 2004 e Pequim