A seleção brasileira de futebol de cegos está sob nova direção desde o final do ciclo de Paris-2024. Júlio César Macena, o Cesinha, substitui o revolucionário Fábio Vasconcelos com a missão de recolocar o Brasil no topo do pódio dos Jogos Paralímpicos. Para isso, entende que, assim como não pode abrir mão de jogadores símbolos de uma geração pra lá de vencedora, porém já veteranos, também precisa dar espaço à nova geração. E de seleção de base ele entende, já que comandava o time sub-23 antes de assumir a equipe principal.
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“Os jogadores mais veteranos são fundamentais. Sabemos que o cego demora a desenvolver. Trabalho com a categoria de base e sei que, no mínimo, são de oito a dez anos para chegar no ápice. Mas já estamos pensando nesse novo ciclo e fazer com que os jogadores da base possam treinar com os mais experientes e, com isso, fazer com que eles evoluam o mais rápido possível. Não tem como evoluir a não ser jogando com um jogador que é melhor. Ele consegue perceber o que ele está fazendo e pensa: ‘se ele consegue, também consigo'”. Isso vai ter de fundamental importância”, detalha Cesinha.
Experiência vencedora
Ricardinho, talvez o maior jogador de futebol de cegos em todos os tempos, e Jefinho têm 35 anos de idade. Ambos jogaram todas as cinco edições em que a modalidade figurou no programa dos Jogos Paralímpicos. Desta forma, cada um tem cinco medalhas de ouro e uma de bronze. Nonato tem 37 anos, quatro Jogos Paralímpicos e três ouros e um bronze na bagagem. Tiago Paraná é um pouco mais novo, 29 anos, e medalhas de ouro no Rio e em Tóquio, os dois Jogos em que esteve presente.
Os números mostram que hoje sobra capacidade para jogar em Los Angeles-2028. A questão é como estará o cenário daqui a três anos e meio. “Espero contar com eles, mas vamos observar ano após ano. A gente sabe da capacidade do profissionalismo desses jogadores. São exemplos. Fui jogador de futsal e se tivesse a mentalidade que esses caras têm, teria ido mais longe. São muito dedicados. Então, tenho certeza que vão chegar no maior alto nível possível. Mas é como falei, vamos acompanhar ano após ano”.
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Hora da molecada
A manjada, porém eficiente, fórmula de mesclar experiência e juventude será mais uma vez utilizada por Cesinha. “Vamos trazer uma molecada da base, dar oportunidade aos jogadores. Posso falar com a propriedade, estive lá por um ano. Então é aquilo que falei: tentar dar rotatividade entre eles para que venham para a seleção principal e consigam evoluir o máximo possível de nível, o quanto mais rápido. Sabemos que Los Angeles é logo ali, né? Achamos que está longe, mas não. O ano passa rápido, daqui a pouco já estaremos brigando pela Copa América, Copa do Mundo, brigando por vaga pra chegar até Los Angeles”.
Oito fases
A programação de treinamentos da seleção de futebol de cegos para 2025 está encaminhada. “Vão ser oito fases durante o ano, começando a partir de fevereiro. Passamos uma semana, avaliamos os jogadores, como eles estão. Dá treinamento e os jogadores voltam para as suas cidades, para os seus clubes, e vão continuar esse treinamento. Vamos estar sempre acompanhando fisiologia, nutricionista, tudo de pertinho. Durante as fases, vão ter as competições. Regional, nacional, primeira e segunda divisão, e deve ter alguma competição para a seleção”, diz. “É um ano mais light em termos de seleção.”
E a primeira convocação? “Estou esperando só o pessoal da CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais) me informar a data limite. A gente manda uma lista grande de jogadores, já fiz essa lista, deixa engatilhada. Quando a CBDV diz que até tal data, escolhemos os jogadores. Eu aumentei. Eram 12 jogadores, coloquei 15 justamente para dar oportunidade a mais jogadores de conviver. Serão 12 atletas (de linha) e três goleiros”, finaliza Cesinha.
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