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Paris 2024

Keyla Barros: dos treinos escondidos ao pódio paralímpico

“Nunca me levaram a sério. Esse bronze vale mais do que ouro”, conta Keyla Barros, primeira mulher do Piauí a medalhar em Jogos Paralímpicos

Keyla Barros após conquistar medalha de bronze nos Jogos Paralímpicos de Paris - Foto: Wander Roberto/CPB
Keyla Barros após conquistar medalha de bronze nos Jogos Paralímpicos de Paris - Foto: Wander Roberto/CPB

PARIS – Estreando em Jogos Paralímpicos, Keyla Barros conquistou a medalha de bronze nos 1500m T20 e quebrou o recorde sul-americano da prova. Além disso, se tornou ainda a primeira mulher do Piauí ao subir em um pódio na história das Paralimpíadas.

Logo após ver a bandeira do Brasil ser hasteada no Stade de France, a medalhista falou com o Olimpíada Todo Dia e garantiu que esse bronze vale mais do que ouro.

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“Eu venho de duas medalhas de prata em mundiais, e estou muito feliz de ter saído com o bronze aqui. É um privilégio muito grande estar entre as três melhores do mundo, né? A sensação é única, eu nunca vou me esquecer disso. Não é fácil, foi extremamente difícil, mas é possível. Sonhos são possíveis. Eu acreditei no meu batalhei. Essa medalha aqui vale mais que ouro pra mim, entendeu?”

DE “LOUCA” A MEDALHISTA

Enquanto segurava a medalha para ver se consegue acreditar no que aconteceu, Keyla colocou toda sua jornada em perspectiva e começou a relembrar o caminho até Paris.

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“Estou delirando, não caiu a ficha, porque eu via isso só na TV, era distante da minha realidade, de onde eu morava lá no Piauí. Era uma coisa distante, e eu era chamada de louca quando eu saia pra correr, sabe? Eu sempre só pensei, não falava, porque ninguém nunca me levou a sério quando eu falava que um dia ia chegar na seleção. Todo mundo falava que eu era louca, que eu tinha que parar com isso. Eu já cheguei a morar com minha tia e ela não deixava eu treinar, falou que não era coisa de mulher. Ela tinha que sair pra trabalhar e eu treinava escondida. Para não deixar meu sonho morrer, entendeu?”

A piauiense passa muita segurança em saber o tamanho do que acabou de fazer – e mais, do peso e representatividade que isso tem. Sua meta é fazer as pessoas voltarem a sonhar.

“Estou levando para casa a medalha e esperança para dias melhores. Quando eu olho pra minha história, essa medalha não é nada comparado ao que eu passei até aqui. É uma coisa que, de onde eu vim ninguém sonha. Eu nunca vi esperança no olhar das pessoas, nem dentro da minha família, nunca vi as pessoas onde eu morava, ninguém sonhava. Era só aquilo e pronto, entendeu? E chegar aqui e mostrar que é possível sonhar, não importa de onde a gente vem, sabe? O mais importante é isso, trazer esperança para o meu povo e para algumas crianças que estão lá, que eu espero muito fazer parte do crescimento deles como atleta.”

VAMOS POR MAIS

Saindo de suas primeiras Paralimpíadas com um pódio, os objetivos para o futuro estão definidos. Keyla garante que vai por mais em Los Angeles – e que, fora das pistas, quer abrir o caminho para que mais pessoas saiam de onde ela saiu e cheguem ao topo.

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“São meus primeiros Jogos, minha primeira medalha e eu sei que vem mais. Em Los Angeles, a gente vai batalhar mais para ir para cima e conquistar mais resultados. Agora tem um longo caminho aí. Estou feliz por ser a primeira medalhista mulher do estado Piauí também. Que venham outras também, que tenham coragem e vontade para lutar, para chegar aqui.”

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