Diz o poeta que no meio do caminho existem pedras, que a gente deve retirar antes de seguir adiante. No caso de Bruna Alexandre, seu obstáculo foi um pino. No tênis de mesa, o pino é um tipo de borracha que faz o feitiço retornar contra o feiticeiro, ou seja, com menor aderência, devolve ao contrário o efeito empregado na bolinha, dificultando a devolução. Uma armadilha que custou uma medalha para a brasileira no último Campeonato Mundial Paralímpico, em 2018, na Eslovênia, mas que não deve ser um empecilho na edição deste ano, em Granada, na Espanha.
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“De lá para cá, sinto que sou uma atleta mais completa. Hoje consigo jogar em cima da mesa, atrás da mesa ou com pino”, apontou Bruna Alexandre. A mesa-tenista paralímpica é da classe 10, aquela destinada a jogadores com deficiências motoras leves ou amputação de membros superiores. Motivos não faltam para a catarinense acreditar que está preparada para conquistar seu primeiro ouro em campeonatos mundiais. No ano passado, em Tóquio, Bruna venceu a algoz Shiau Wen Tian (Taipei) e seu malicioso pino durante os Jogos Paralímpicos, recuperando a confiança em seu próprio jogo e traçando objetivos maiores.
Mas não é apenas o fato de aprender a jogar pino que a credencia a sonhar mais alto. Nos últimos anos, Bruna Alexandre, dona de quatro medalhas paralímpicas e um título mundial por equipes, vem apostando suas fichas na evolução técnica e física. “Na preparação para a Eslovênia eu cometi muitos erros, principalmente na questão física”, confessou. “Mas tudo é um aprendizado na vida, não só no esporte. A gente vai cair e vai ter que se levantar. O Mundial da Eslovênia foi o momento mais difícil para mim nesses meus vinte anos de carreira”, ponderou.
Evolução físico
De lá para cá, Bruna perdeu 25 quilos, treinou suas deficiências a aprendeu muito. “Aprendi tanto que cheguei em Tóquio confiante. Eu pensei: ‘posso até perder, mas vou fazer tudo o que eu puder’. Então joguei feliz e confiante, o que é o principal para um atleta”, relatou. E a medalha de prata obtida nos Jogos Paralímpicos deram a ela a certeza de que todo o esforço seria recompensado.
“Ainda preciso melhor o meu físico, mas acredito que tenho tudo o que preciso para performar bem na Espanha. Do suporte da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) ao fato de saber jogar todos os tipos de jogo, sei que posso sonhar com a medalha”, acrescentou Bruna.
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É com este espírito de leveza que a criciumense de 27 anos parte para o Campeonato Mundial Paralímpico, competição agendada para a espanhola Granada, que começa no domingo (6) e segue até o dia 12 de novembro. “Todo o esforço vale a pena. É o meu jeito de pensar, de evoluir, de querer estar melhor fisicamente, sem me arrepender de nada do que ficou para trás”, concluiu Bruna Alexandre.