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Com dois recordes no bolso, Petrúcio Ferreira já quer ouro nos 400m

O bicampeão paralímpico recebeu homenagem do clube e revela seus próximos objetivos

Petrúcio ferreira está ajoelhado ao lado do placar com o tempo de 20s83
No sábado, 1º de abril, Petrúcio Ferreira quebrou o recorde dos 200m T47. Foto: Marcello Zambrana/Exemplus/CPB (Matsui Mikihito/CPB)

Na última semana dois recordes mundiais foram pulverizados no Desafio de atletismo do CPB/CBAt. Petrúcio Ferreira fez 10s29 nos 100m e 20s83 nos 200m T47, melhorando ainda mais as marcas que já eram dele (10s42 nos 100m e 21s17 nos 200m). O foco agora é melhorar também o tempo nos 400m para conquistar em Paris-2024 o ouro que faltou em Tóquio-2020.

O atleta paralímpico mais rápido do mundo foi homenageado na última terça, 5, pelo seu clube Pinheiros, que defende desde 2017. “Fiquei muito feliz em ter obtido os dois resultados. Inclusive relembrar como é correr os 200m e conseguir fazer essa marca. Eu fico sem palavras pra descrever esse momento”, revela o atleta. 

Em fevereiro, Petrúcio pegou covid e apesar de estar vacinado, o atleta sentiu os efeitos da doença no seu corpo. “Fiquei 7 dias em isolamento em casa. Quando eu voltei, tentei voltar um pouco mais lento, um pouco mais leve. Tive dificuldade, nos primeiros dias eu senti o corpo um pouco mais cansado. Mas eu sabia que ia passar. Aí depois me recuperei, voltei pros treinos com mais entusiasmo e mais vontade.” E o resultado já veio no evento seguinte, no Desafio de atletismo com dois novos recordes.

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O Desafio de atletismo uniu atletas com e sem deficiência, assim as séries foram mais fortes que os de competições exclusivamente paralímpicas. Petrúcio acredita que isso pode ter influenciado no seu desempenho no evento. “Ajudou um pouco. Quem conhece o Petrúcio sabe que eu não vou ter medo, vou pra cima. Eu sabia que poderia fazer um bom resultado, foi o que aconteceu.”

Nos Jogos de Tóquio, Petrúcio foi ouro nos 100m e bronze nos 400m T47. Ele competiu lesionado, então decidiu mudar o foco dos recordes para as medalhas. “Fiquei feliz com as medalhas, mas fiquei frustrado por não ter conseguido conquistar bons resultados. Mas bola pra frente. E o resultado veio logo na minha segunda competição do ano. Saiu aquele engasgo que eu tava desde o ano passado”, confessou o paraibano. 

Atropelando atletas convencionais

Com a marca nos 200m, o atleta foi melhor que dois atletas olímpicos e campeões mundiais de 2019 no revezamento 4x100m: Rodrigo Nascimento anotou 21s01 enquanto Derick Souza fez 21s02. Além disso, o tempo dos 100m de Petrúcio Ferreira foi melhor que Paulo André Camilo, hoje no BBB22, fez na Olimpíada de Tóquio 2020. O recordista paralímpico teria a terceira melhor marca em 2022 entre corredores brasileiros com ou sem deficiência. “Não tinha recebido essa notícia ainda. Nas redes sociais eu vi alguns comentários, mas não tinha me aprofundado nas marcas.”, revelou o atleta. 

Petrúcio falou com surpresa sobre a marca ser melhor que a de Paulo André. “Consegui bater a marca de um dos ícones do nosso esporte nacional de hoje, que é o Paulo André. Ele vem representando muito bem nosso país e a família do atletismo, com essa notícia eu fiquei ainda mais feliz.”. Ele também contou que está torcendo pelo colega de Pinheiros no reality show. “Ele vem mostrando e representando o nosso trabalho na tv.

Foco nos 400m

Após essas marcas, o foco do bicampeão paralímpico são os 400m. Na Paralimpíada de Tóquio, Petrúcio foi bronze na prova. “A cereja no bolo seria o ouro nos 400m. Eu venho batendo na trave desde 2016. Sem treinar eu fui prata em 2016. Em Tóquio eu tava bem preparado, ia pegar o ouro, mas acabei machucando e fiquei com o bronze.”, revela o atleta. “Isso é uma briga que eu tenho comigo mesmo. Não gosto da prova dos 400m, mas como entrei nesse desafio eu vou até o final”, brincou.

Pedrinho, técnico do velocista, fala da preparação de Petrúcio para conseguir ir bem na prova de 400m. “Vejo um potencial enorme dele crescer nos 400m. Tanto nos 100m como nos 400m, tem que conhecer muito bem as provas, quais são as características. Eu vejo condição de desenvolver o potencial do Petrúcio, administrando esses dois pólos.”, falou o treinador. 

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Petrúcio disputa três provas muito distintas, os 100m, os 200m e os 400m, e por isso sua preparação para cada uma é diferente. “Eu gosto de me desafiar dentro dos treinos, dentro das competições. Acaba sendo treinamentos diferentes. Eu trabalho numa corda bamba, porque um pode comprometer o outro. Tem que trabalhar com muita cautela, é um desafio. Além de buscar o resultado, é um desafio pra eu chegar na competição buscando as duas provas.”

Petrúcio posa com a medalha de bronze. ele usa máscara e segura um buque de flores
Na prova paralímpica dos 400m T47, Petrúcio foi bronze nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Foto: Matsui Mikihito/CPB.

Apesar de não estar no programa da Paralimpíada, a prova dos 200m tem um lugar especial no coração de Petrúcio. “É a minha prova favorita. Eu não competia os 200m desde 2018. Se você me perguntar qual a minha prova favorita eu vou falar ‘não gosto de correr os 100m, não gosto de correr os 400m’. Os 200m é uma prova mais gostosa de se correr, por conta da curva você tem um certo espaço pra corrigir no meio da prova, pra acertar o que errou no início da prova, e une resistência e velocidade”, afirmou o velocista. 

O calendário da temporada deve terminar em junho. Mesmo assim, Petrúcio já tem foco nos grandes eventos do ciclo. “A gente vai começar um outro trabalho, já focando em outros objetivos. Vamos ter uma transição, mas temos que aproveitar o meu bom momento. Em 2023 já tem campeonato mundial, o Parapan, que são grandes preparativos pra Paris 2024.” concluiu Petrúcio.

Formada em Jornalismo pela Unesp-Bauru, participou da Rio-2016 como voluntária, cobriu a Olimpíada de Tóquio-2020 a distância e Paris-2024 in loco pelo Olimpíada Todo Dia; hoje coordena as Redes Sociais do OTD.

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