O Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, recebeu o 13° Campeonato Brasileiro de Rúgbi em cadeira de rodas, entre os dias 31 de outubro e 3 de novembro. O título da competição, que foi disputada em sistema de pontos corridos, ficou com a equipe da Associação Santer de Ação Comunitária (Vikings), do Rio de Janeiro. O time obteve 100% de aproveitamento.
Na disputa pelo vice-campeonato, as equipes Minas Quad Rugby (Javalis) e Gigantes de São Paulo se enfrentaram no último jogo do campeonato e os mineiros ficaram com a segunda colocação da tabela ao vencerem o confronto por 54 a 37.
E, entre todos os atletas, havia apenas uma mulher: a paulista Mariana do Nascimento Costa, de 32 anos, jogadora do time Gladiadores (Curitiba – PR).
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Gladiadora
Na modalidade desde 2015, quando começou a defender a Unicamp/Adeacamp, de Campinas, Mari, como é carinhosamente chamada por seus companheiros de equipe, teve meningite com 1 ano e três meses de vida. Por isso, teve amputação dos membros inferiores.
“Minha entrada no esporte foi pelo basquete, minha primeira grande paixão, ainda na infância. Fiz parte da seleção paulista e brasileira. Depois, descobri o rúgbi, que também virou uma paixão. Hoje, pratico as duas modalidades”, afirmou Mari, que é mãe do pequeno Arthur, de quatro anos.
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Sobre o fato de ser a única mulher a ter participado da competição, a atleta disse se sentir lisonjeada. “Estou muito feliz por tudo que tem acontecido na minha vida. Há outras mulheres no rúgbi em cadeira de rodas, mas fui a única no torneio. Inclusive, agradeço à prefeitura de Curitiba pela oportunidade. O que me deixa contente também é o fato de os atletas homens me respeitarem muito. Eles me trataram de igual para igual, pois eu exijo isso mesmo. A gente vai para cima e briga muito por cada lance”, afirmou.
No último jogo do Gladiadores no campeonato, enquanto esteve no banco de reservas, Mari incentivou seus companheiros o tempo inteiro. Quando entrou no último quarto, a jogadora colaborou com passes, pontos e muita marcação.
Sua equipe, que terminou a competição em quinto lugar entre os seis times participantes, venceu essa partida contra o Irefes/ES. “Essa vontade de vencer vem dos próprios companheiros de equipe. Da mesma forma que eles me incentivam, eu os incentivo de volta”, explicou.
Homenagem
Ao fim da partida entre Gladiadores e Irefes/ES, houve uma linda homenagem póstuma da equipe paranaense à Tainá Melany Santos, a “Tininha”, que morreu no último mês de março, aos 29 anos, em decorrência de complicações causadas pela Covid-19. Ela era uma das atletas do time de Curitiba. “A perda dela foi muito difícil para todos nós. Entre as mulheres, ela é uma das pioneiras no rúgbi em cadeira de rodas”, disse Mari.
A irmã de Tininha, Talita Santos, recebeu uma camisa emoldurada do Gladiadores com o nome Tainá e o número 13, o que gerou um momento de muita emoção no Centro de Treinamento Paralímpico.