Marcelly Pedroso, de apenas 18 anos, foi o grande destaque da Paralimpíada Universitária, disputada neste final de semana em São Paulo. Revelada pela Escola Paralímpica de Esportes do Comitê Paralímpico Brasileiro, atleta quebrou dois recordes nacionais durante a competição. Na sexta, ela fez a melhor marca dos 400 m da classe T37 (paralisia cerebral) com o tempo de 1min13s80 e, no sábado, repetiu o feito nos 200 m ao fazer 30s46 nos 200 m.
As duas marcas pertenciam a Suelen Marcheski de Oliveira. Nos 400 m, Marcelly Pedroso baixou em 1s13 o recorde anterior, enquanto nos 200 m ela foi 0s29 mais rápida que a antiga recordista. “Eu não vinha para o CT desde quando fechou (por causa da pandemia) e voltar foi uma sensação inexplicável que nenhum outro lugar pode causar. Senti que aqui é o melhor lugar, minha casa. Vim de consciência limpa e se sentir em casa é muito bom. Entrei na prova, fiz o meu melhor e os resultados vieram”, relatou a atleta.
Marcelly Pedroso cursa o quarto período de Educação Física na Estácio, em São Paulo, e quer seguir carreira no esporte paralímpico. “Eu tive excelentes exemplos de professores quando frequentei a Escolinha do CPB, então quero seguir essa carreira. Vou terminar a faculdade e fazer pós-graduação em esporte adaptado para ser um exemplo de profissional e atleta também”, projetou.
A Escola Paralímpica de Esportes do Comitê Paralímpico Brasileiro promove a iniciação de crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos com deficiência visual, física ou intelectual. As atividades realizadas no CT Paralímpico, em São Paulo, foram interrompidas em 2020 devido a pandemia de Covid-19 e retomarão no mês de outubro sob um rigoroso protocolo sanitário.
O número de vagas é limitado e a inscrição deve ser realizada por meio do envio do formulário online deste link. O preenchimento deste formulário, no entanto, não garante a vaga ao aluno. A coordenação do projeto entrará em contato com o responsável da criança ou adolescente até 15 dias depois do preenchimento do formulário de inscrição. Serão aceitas inscrições apenas de alunos com deficiência física, visual e intelectual. Não estão abertas inscrições para outros tipos de deficiência.
Marcelly Pedroso brilhou na Paralimpíada Universitária, que contou com a participação de 338 atletas de 24 estados e do Distrito Federal, que representaram 180 instituições de ensino superior. A universidade campeá da competição será divulgada até a próxima sexta-feira, 24.
ESTRELAS DE TÓQUIO EM AÇÃO
O evento contou com a participação de atletas que fizeram parte da delegação brasileira que foi aos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020. O judoca Thiego Marques, por exemplo, conquistou dois ouros nas Paralimpíadas Universitárias. Ele foi o campeão da sua categoria, até 66kg, e do absoluto, em que lutam atletas de todas as categorias. “Vim para as Universitárias para pegar ritmo de competição. Não foram lutas fáceis. Uma das minhas lutas durou sete minutos”, comentou o estudante do sexto semestre de fisioterapia na universidade Unisantanna, em São Paulo.
Medalha de ouro em Tóquio no lançamento de disco e prata no arremesso de peso da classe F11 (para cegos), Alessandro Rodrigo venceu as duas provas na Paralimpíada Universitária. O paulista de 37 anos, está no último período do curso de educação física na Universidade de Taubaté.
Já a velocista Thalita Simplício, 24 anos, conquistou o ouro nos 100m T11 (para cegos ) com o tempo de 12s23. A prata ficou com Nayane Karla Cavalcante Leitão (15.93). A terceira colocada Daniela Costa foi desclassificada. Thalita conquistou duas pratas nos Jogos de Tóquio, nos 200m e nos 400m, ambos da classe T11 (para cegos). A potiguar cursa o último período do curso de fisioterapia na Universidade Positivo de Natal, no Rio Grande do Norte.
A carioca Tayana Medeiros, que competiu pelo halterofilismo nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, mudou de modalidade e representou sua universidade no atletismo. Ela disputou o arremesso de peso F56 (para cadeirantes) e conquistou a prata com a marca de 5m33. O ouro ficou com Ana aurélia Mendes Rosa com a marca de 5m74. O bronze ficou com Rafaela Lima da Silva (4m85).
“Fui convidada pela minha faculdade para participar das Universitárias. Como não tem halterofilismo, e eu comecei no esporte pelo atletismo, estou competindo no lançamento de dardo e arremesso de peso que eu já conheço. Quero fazer o que eu já sei, mas de uma forma divertida, porque já tinha uns três anos que eu não praticava atletismo”, explicou a atleta que chegou de Tóquio no dia 1º de setembro e treinou desde o dia 3 para a Paralimpíada Universitária.
A halterofilista, que ficou no quinto lugar da categoria até 86kg nos Jogos de Tóquio, cursa educação física na Univeritas, no Rio de Janeiro, e frequenta atualmente o quarto período. “Eles me incentivaram desde o começo quando souberam que eu ia para Tóquio, então começamos uma parceria. Como só tem eu e mais quatro atletas com deficiência na faculdade, topei o convite na hora para vir para cá”, relatou a atleta.
Tayana nasceu com uma doença chamada artrogripose, que comprometeu o movimento de suas pernas. Conheceu o halterofilismo depois de um evento da modalidade antes dos Jogos Paralímpicos Rio 2016 e se apaixonou pelo esporte. Ela conquistou a prata nos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019.
“Eu quero fazer o que o meu treinador fez por mim, mostrar que a gente não é coitadinho por ser deficiente. Se o esporte mudou a minha vida, espero fazer pelas pessoas o que fizeram por mim”, completou.