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Após dois anos no vôlei sentado, Luiza Fiorese vai aos Jogos Paralímpicos

Luiza Fiorese descobriu um câncer, ficou seis anos fora do esporte, encontrou o vôlei sentado e vai para a Paralimpíada de Tóquio

Luiza Fiorese vôlei sentado
(instagram/luizafiorese)

15 anos é a idade que a vida de uma menina normalmente sofre uma grande mudança e o maior símbolo disso é a festa de 15 anos. No caso de Liuiza FIorese a mudança aconteceu e mudou completamente a vida da atleta. Uma dor estranho no joelho fez com que Luiza fosse ao médico e o que parecia uma tendinite na verdade era um câncer e tudo mudou completamente. Oito anos depois de todo o processo, a paratleta estará na seleção brasileira de vôlei sentado e representará o Brasil na Paralimpíada de Tóquio.

“Eu nem vi o vídeo da convocação. O meu instagram explodiu. Eu não esperava tanta repercussão, esperava a convocação, mas isso tudo não. Eu estava em um voo sem wifi, expliquei a situação para a aeromoça e ela não tinha como ajudar; Quando sai do voo e liguei o meu celular explodiu tudo de notificação, de ligação”, disse a paratleta na live com o Olimpíada Todo Dia em parceria com o Tik Tok.

(Alê Cabral/CPB)

O começo de tudo e a importância de Claudia Leitte

Luiza Fiorese jogava handebol e uma ida ao médico, por conta e uma dor estranha no joelho, aconteceu para que ela conseguisse atuar melhor. O médico constatou um osteossarcoma, que é um tumor ósseo maligno que é mais frequente em crianças, adolescentes e adultos jovens. Aos 15 anos o sonho de ser atleta mudou. Luiza teve que colocar uma prótese na perna. O processo precisou de cinco cirurgias e a perna da jovem passou a não dobrar mais. 

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A retirada do tumor na perna fez com que Luiza Fiorese recebesse uma série de mensagens de apoio por conta do processo. Uma das pessoas que se aproximou da jovem foi a cantora Claudia Leitte. “Eu recebi algumas mensagens de algumas pessoas famosas e uma delas foi a Claudia Leitte. Ela se identificou com a minha história e a gente ficou mais próximo”.

A proximidade com a cantora fez com que Luiza Fiorese tivesse um convite para ir ao programa da Fátima Bernardes e a chama esportiva voltou. “Eu já estava há uns quatro anos sem falar com a Claudia e eles me chamaram para ir ao programa para fazer um surpresa para ela. Eu nunca escondi a minha cicatriz, porque ela faz parte de mim, e uma das meninas da seleção brasileira de vôlei me viu. Ela entrou em contato comigo e me chamou para conhecer o paradesporto. Eu fui para a quadra e me senti preenchida mais uma vez”.

A volta para o esporte e o sonho paralímpico

O tratamento de câncer tirou Luiza Fiorese do esporte por seis anos e a volta para as quadras com o vôlei sentado fez com que a vida da, agora, paratleta voltasse a ser completa. O reinício nas quadras foi no primeiro semestre de 2019 e tudo passou a ser muito rápido. No fim do segundo semestre do mesmo ano a primeira convocação para a seleção brasileira aconteceu.

“Eu comecei no esporte paralímpico no começo de 2019 e tive a minha primeira convocação para a seleção em dezembro daquele ano. Eu dei sorte, porque a seleção de vôlei sentado feminino estava passando por um processo de renovação e o técnico apostou em mim. Ele deixou claro que eu precisava melhorar em alguns aspectos técnicos e com a pandemia eu ganhei um tempo a mais, de cinco meses eu passei a ter 1 ano e cinco meses na busca por uma das vagas para Tóquio”.

“Lutando contra o tempo”, Luiza Fiorese fez tudo que podia. Mudando de cidade para treinar e passando a ter uma dedicação total, a parte técnica foi melhorando e a paratleta passou a acreditar cada vez mais que era possível participar dos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Na reta final, segundo Luiza, a certeza que estaria na lista de 12 foi passando a ser cada vez maior e a confirmação aconteceu na última semana.

A busca não é só pela medalha

O Brasil é um dos países candidatos ao pódio no Japão. Em 2016, quando disputou os Jogos Paralímpicos em casa, a seleção brasileira feminina de vôlei sentado foi bronze e fez história com a primeira medalha do país em uma Paralimpíada na modalidade. No atual ciclo paralímpico, o Brasil conquistou a prata nos Jogos parapan-Americanos de Lima, que deu a vaga em Tóquio, e cresceu em meio a uma renovação.

“Queremos a final da Paralimpíada. Sabemos que os Estados Unidos são dois países que estão acima da gente, mas queremos a final e na decisão é igual para igual. Americanas e russas são seleções que atuam há muito tempo no mesmo nível e a gente, mesmo com a renovação, crescemos e estamos em uma crescente. Queremos a final em Tóquio e vamos em busca disso”, disse Luiza Fiorese.

Contudo, a jogadora da seleção brasileira não quer somente uma medalha. Aos 23 anos, Luiza não esconde que sempre sonhou alto e a meta é ser mais transformadora. “Não quero “só” ir para uma Paralimpíada e conquistar uma medalha. Quero representar o país e as pessoas com deficiência. Quero ser uma inspiração. Precisamos de ídolos mais plurais. Precisamos de ídolos com deficiência, mais mulheres, mais pessoas diferentes”, finaliza.

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