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CPB anuncia maior delegação para Jogos Paralímpicos fora do país

Daniel Dias é convocado para sua última participação paralímpica e CPB confirma a maior delegação em uma edição paralímpica fora do país

Daniel Dias - Tóquio 2020
(Fernando Maia/MPIX/CPB)

O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) anunciou nesta terça-feira, 6, em conjunto com as respectivas Confederações das modalidades, a convocação da delegação que representará o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em agosto. Esta é a maior delegação já convocada para uma edição dos Jogos fora do Brasil.

“Foi muito trabalho, muito esforço, suor, muita superação. Vivemos um momento sem precedentes na história. Estávamos todos preparados há um ano quando surgiu a pandemia e o sonho dos atletas foi adiado. A pandemia ainda continua, porém, esperamos que esteja rumando para o seu final e que os Jogos Paralímpicos sejam uma grande alavanca e representem uma recuperação dos nossos povos, já que o esporte significa resiliência e autoestima”, declarou Mizael Conrado, bicampeão paralímpico de futebol de cinco (Atenas 2004 e Pequim 2008) e presidente do CPB. 

A delegação brasileira será composta por 253 atletas (incluindo atletas sem deficiência como guias, calheiros, goleiros e timoneiro), sendo 159 homens e 94 mulheres, além de comissão técnica, médica e administrativa, totalizando 422 pessoas. Jamais uma missão brasileira no exterior teve tamanha proporção.

CONFIRA AQUI A LISTA DE CONVOCAÇÃO NA ÍNTEGRA 

Na última edição fora do Brasil, em Londres 2012, o Brasil compareceu com 178 atletas, até então a maior. O número para a capital japonesa só é superado pela participação nos Jogos Rio 2016, já que o Brasil garantiu vagas em todas as modalidades por ser país sede e contou 286 atletas no total. 

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Metas para Tóquio

O CPB estabeleceu como meta manter-se entre as dez principais potências do planeta nos Jogos Paralímpicos. Além disso, metas de participação feminina também foi estabelecida, 38%. Em Tóquio, a delegação terá 93 atletas mulheres com deficiência, o que representa 40% da equipe nacional. Os Jogos de Tóquio também reservam a possibilidade da conquista da centésima medalha dourada paralímpica na capital japonesa. Atualmente, o Brasil contabiliza 87.

Atletas de 22 estados e do Distrito Federal em 20 modalidades, exceto basquete em cadeira de rodas e rúgbi em cadeira de rodas, representarão o Brasil no Japão. Atletas nascidos no estado de São Paulo são maioria, com 60 representantes. Os naturais do estado do Rio de Janeiro vêm em seguida, com 24. Não há representantes provenientes de Amapá, Sergipe, Roraima e Tocantins.

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“Mesmo com todas as dificuldades impostas pela pandemia, estamos otimistas numa grande participação em Tóquio. O atletismo viaja com a sua segunda maior delegação, perdendo apenas para os Jogos Rio 2016. Na natação e no halterofilismo, os atletas convocados figuram entre os oito melhores do ranking mundial, o que nos enche de esperança e otimismo na busca de grandes resultados”, planeja Alberto Martins da Costa, diretor técnico do CPB. 

As maiores delegações

A modalidade com o maior número de atletas será o atletismo com 64 representantes e 18 atletas-guia. Na última edição do Mundial da modalidade, em 2019, o Brasil alcançou o inédito e histórico segundo lugar no quadro geral de medalhas e todos os 13 campeões mundiais viajarão para os Jogos de Tóquio.

Petrúcio - Seletiva de atletismo paralímpico
Petrúcio Ferreira é o paralímpico mais rápido do mundo (Divulgação)

A natação será a segunda modalidade com o maior número de representantes, com 35 nadadores. No Mundial de Londres 2019, o Brasil ficou em 11º lugar com 17 medalhas, sendo cinco de ouro. Os medalhistas individuais na competição o paulista Daniel Dias (S5), os pernambucanos Carol Santiago (S12) e Phelipe Rodrigues (S10), o brasiliense Wendell Belarmino (S11), a cearense Edênia Garcia (S3), as potiguares Cecília Araújo (S8) e Joana Neves (S5) e a paranaense Débora Carneiro (S14), estão entre os convocados. O multimedalhista Daniel Dias, maior medalhista paralímpico brasileiro com 24 láureas, participará pela última vez de uma edição dos Jogos Paralímpicos.  

Carol Santiago fica perto do recorde mundial
Carol Santiago é esperança de medalha para o Brasil no Japão (Ale Cabral/CPB)

Modalidades estreantes

Já o tiro esportivo, será representado pelo paulista Alexandre Galgani, primeiro atleta de modalidade individual a conquistar uma vaga para os Jogos na capital japonesa. O parabadminton, que estreará no programa dos Jogos nesta edição, terá como representante o curitibano Vitor Tavares, da classe SH6 (para pessoas com baixa estatura). Nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019, Vitor faturou a medalha de ouro. No Mundial da modalidade, também em 2019, ele faturou três medalhas de bronze. 

Vitor Tavares, do parabadminton mira os Jogos Paralímpicos e o topo do mundo
Vitor Tavares chega em Tóquio buscando o pódio (Foto: Washington Alves/EXEMPLUS/CPB)

Outra modalidade estreante será o parataekwondo, que contará com três brasileiros: os paulistas Débora Menezes e Nathan Torquato e a paraibana Silvana Silva. Débora é a atual campeã mundial e segunda no ranking, por este motivo será cabeça de chave.  

Esportes coletivos

A Seleção de futebol de 5 (para cegos) contará com grandes nomes como Ricardinho e Jefinho. Na capital japonesa, a Seleção buscará o pentacampeonato paralímpico. O Brasil está no grupo A, junto com os donos da casa, que farão a partida de estreia da competição no dia 29 de agosto. Também no grupo A estão França e China. A grande final será no dia 4 de setembro.  

“É um grupo experiente, a grande maioria foi para uma ou dois Jogos Paralímpicos. Temos uma mescla de atletas que estão na transição das Seleções de base, como o Tiago Paraná e o Jardiel, com um jogador como o Damião, que eu sei que resolve na hora o que precisar e está muito bem fisicamente, além de Jefinho, Ricardinho, Guegueu, que está, talvez, na sua melhor fase. Vamos fortes para brigar por mais uma medalha, com certeza”, comenta Fábio Vasconcelos, que foi goleiro da seleção de futebol de cinco nos primeiros primeiros ouros paralímpicos (Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012), e desde os Jogos do Rio 2016 é o técnico da Seleção Brasileira de futebol de 5. 

No goalball, o Brasil é o atual bicampeão no masculino, e pelo grupo A enfrentará sua maior rival a Lituânia no dia 25 de agosto na partida de estreia. A classificação da equipe brasileira para os Jogos Paralímpicos se deu pelos resultados obtidos no Mundial de 2018 em Malmö, na Suécia. O Brasil também enfrentará na fase inicial da competição os Estados Unidos, prata na última edição dos Jogos, o anfitrião Japão além da campeã africana, a Argélia. 

Leomon Moreno - Brasil x Venezuela - Goalball
Leomon Moreno é considerado o melhor do mundo no goalball (Divulgação CPB)

“O nosso grupo é muito homogêneo, e o critério de seleção dos seis foi a experiência internacional. Uma característica principal de nossos atletas é a harmonia entre todos, é um grupo que está muito focado em buscar a medalha de ouro. A equipe está pronta para disputar essa competição”, afirmou Alessandro Tosim, técnico da Seleção masculina de goalball. 

O Brasil, que busca sua primeira medalha paralímpica no feminino nesta modalidade terá na fase de grupo a poderosa Turquia, ouro na Rio 2016 e vice-campeã mundial, os Estados Unidos, bronze nos Jogos Rio 2016, Japão e Egito, que foi convidado para o lugar da Argélia após as campeãs africanas renunciarem à vaga. “A base vem desde o Mundial, Parapan de Lima e outros torneios internacionais. Também tivemos a preocupação de mesclar atletas jovens com quem já participou de Jogos Paralímpicos”, completou Dailton Nascimento, técnico da Seleção Brasileira de goalball feminino. 

Lauro Chaman busca mais medalhas

o ciclismo, o medalhista paralímpico e bicampeão mundial de estrada o paulista Lauro Chaman está entre os convocados, para pista e estrada. A potiguar Ana Raquel Lins, o paulista André Grizante, o goiano Carlos Alberto Gomes e a paranaense Jady Malavazzi também farão provas no velódromo e no circuito de estrada.  

Lauro Chaman, do paraciclismo de estrada (Saulo Cruz/EXEMPLUS/CPB)

“Fizemos um planejamento a longo prazo e durante todo o período de classificação conseguimos excelentes resultados, estando no pódio de praticamente todos os campeonatos mundiais e copas do mundo que fizeram parte deste ciclo. Os nomes foram selecionados com base em critérios exigentes e não tenho dúvidas que estaremos com os nossos melhores atletas representando o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio”, destacou Edilson Rocha “Tubiba”, coordenador do paraciclismo na Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC). 

Judô e canoagem

O Brasil contará com oito judocas. Dentre eles a campeã mundial, atual líder do ranking internacional, e medalhista paralímpica a paulista Alana Maldonado (categoria até 70kg). Foram convocados também os medalhistas paralímpicos nos Jogos Rio 2016 os paulistas Antônio Tenório (até 100kg) e Lúcia Araújo (até 57kg) e o paraibano Willians Silva (acima de 100kg). Tenório vai para sua sétima participação em Jogos Paralímpicos, e, desde Atlanta 1996, quando de sua estreia, ele acumula quatro de ouro, uma de prata e uma de bronze.

“Conseguimos classificar oito categorias de peso. O judô paralímpico mundial está cada vez mais competitivo e atletas com grande potencial ficaram de fora. Temos judocas com grande experiência, como Antônio Tenório, Alana Maldonado, Lúcia Araújo e Meg Emmerich, que terminaram como cabeças de chave em suas categorias. Temos ainda o Wilians Araújo, Arthur Silva e Harlley Arruda, que estão se preparando para ótimos resultados. Por fim, dessa safra mais jovem, o Thiego fará sua primeira participação em Jogos Paralímpicos e possui grande potencial”, disse Jaime Bragança, técnico da Seleção Brasileira de judô. 

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A canoagem contará com sete representantes: a potiguar Adriana Azevedo, o carioca Caio Ribeiro, os sul-mato-grossenses Debora Benevides e Fernando Rufino, o paranaense Giovane Vieira, piauiense Luis Carlos Cardoso e a curitibana Mari Santilli. Nos Jogos Rio 2016, Caio Ribeiro conquistou a primeira medalha paralímpica da história da canoagem brasileira.  

Esgrima, canoagem e halterofilismo

Já a esgrima em cadeira de rodas terá como um dos representantes brasileiros o campeão paralímpico na espada nos Jogos de Londres 2012 o gaúcho Jovane Guissone, que atualmente está no segundo lugar do ranking mundial da espada na categoria B. Além dele, a paranaense Carminha de Oliveira, os gaúchos Mônica Santos e Vanderson Chaves representarão o país. 

Sete tenistas comporão a delegação brasileira. São eles: os mineiros Daniel Rodrigues, Gustavo Carneiro, Meyricoll Duval, Rafael Medeiros e Ana Caldeira e o catarinense Ymanitu Silva e o paulista Mauricio Pommê. “O tênis em cadeira de rodas do Brasil está fazendo história mais uma vez. Pela primeira vez, tivemos uma atleta do feminino classificada diretamente, não sendo por convite ou bipartite. Teremos nossos melhores tenistas disputando os Jogos Paralímpicos, desta vez com chances reais de conquistar uma medalha inédita para o país. Isso é fruto do trabalho da CBT, com o apoio irrestrito do CPB, que está conosco ajudando no fomento e no desenvolvimento do tênis em cadeira de rodas”, celebra Jesus Tajra, vice-presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT).

Mariana D'Andrea - Copa do Mundo de halterofilismo paralímpico
Mariana D’Andrea chega em Tóquio buscando um lugar no pódio (Divulgação)

O halterofilismo contará com sete atletas, incluindo o medalhista paralímpico o baiano Evânio Rodrigues e a líder do ranking mundial na categoria até 73kg, a paulista Mariana D’Andrea. Todos os halterofilistas treinam em um dos Centros de Referência implementados pelo CPB em cidades brasileiras. O Projeto dos Centros de Referência é idealizado pelo CPB e tem como objetivo levar a iniciação esportiva e o alto rendimento às cidades brasileiras para fortalecer o desenvolvimento do esporte paralímpico nacional. 

Bocha e hipismo

Já a bocha contará a participação de dez atletas, dentre eles os medalhistas paralímpicos Maciel Santos, Eliseu dos Santos e Evani Calado. “A equipe de bocha vai para os Jogos de Tóquio completa, com 10 atletas. Essa equipe tem dois atletas da classe BC1 e dois da BC2, três atletas na BC3 e na BC4. Vamos disputar os sete eventos, as quatro competições individuais e as três de pares equipes. Teremos cinco mulheres e cinco homens, o que mostra a força da bocha brasileira, principalmente a feminina. Pela regra da modalidade, era obrigatório apenas três e isso mostra o alto nível da bocha feminina”, explicou Leonardo Baideck, diretor técnico da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE). 
 
Os cavaleiros Rodolpho Riskalla, segundo lugar no ranking mundial, e Sergio Oliva, medalhista nos Jogos Rio 2016, serão os representantes brasileiros no hipismo. “Pela primeira vez, temos chances reais de duas medalhas de ouro com o Rodolpho e brigar por medalhas com o Sergio. Depois de um ano pandêmico, de todas as dificuldades, a gente continua bem posicionado no ranking mundial e com grandes chances de uma medalha de ouro inédita para o hipismo paralímpico”, pontua Marcela Parsons, diretora do hipismo paralímpico da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH). 

Rodolpho Riskalla - Sérgio Oliva - Hipismo Tóquio-2020 - Jogos Paralímpicos
Rodolpho Riskalla foi vice-campeão mundial em 2018 (Marco Antonio Teixeira/MPIX/CPB)

Tênis de mesa e remo

Catorze mesa-tenistas participarão do maior evento paradesportivo do mundo na capital japonesa. Dez deles foram conhecidos ainda em 2019, devido aos resultados no Parapan de Lima. No mês de junho, a paulista e medalhista paralímpica Jennyfer Parinos conquistou a última vaga brasileira durante o classificatório da modalidade. Os também medalhistas nos Jogos Rio 2016 o paulista Israel Stroh, as catarinenses Bruna Alexandre e Danielle Rauen estão convocadas. Na última semana de junho, a Federação Internacional de Tênis de mesa confirmou três convites para o Brasil.  

O remo contará com a participação de oito atletas, além do timoneiro. No individual, dois atletas participarão. Além da dupla no PR2 misto e o quarteto de atletas no 4com PR3 misto. O Brasil está entre os três únicos países que irão aos Jogos de Tóquio com quatro barcos classificados. Além dele, somente Estados Unidos e Ucrânia disputarão pelas classes skiff masculino e feminino, double misto e quatro com timoneiro.

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