Depois de 11 meses, a seleção brasileira de bocha voltou a se juntar em fevereiro para uma fase de preparação no CT Paralímpico. Mas a segunda fase, que seria semana passada, foi cancelada por causa das medidas de restrição para conter a pandemia. Um novo período de treinos está marcado para abril e outros três estão previstos até agosto, quando a delegação embarca para o período de aclimatação em Hamamatsu (Japão). Só não há competições em vista antes de Tóquio. Havia a perspectiva de participação no Open de Póvoa do Varzim (Portugal), entre 12 e 19 de julho, mas a competição foi cancelada. Ou seja: a estreia nos Jogos é que marcará o retorno da seleção às competições internacional.
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“Teremos que fazer uma preparação muito boa. Toda competição é um indicador do que se pode conquistar. Para se ter ideia, vamos ficar um ano e quatro meses sem os indicadores. Nossa equipe de análise de desempenho ficará mais limitada para saber como estão nossos adversários, então, ficaremos com a impressão de 2019 e do que conseguirmos colher. Mas a nossa expectativa é muito boa. Acredito que devemos conquistar medalhas”, aposta o coordenador técnico Moisés Fabrício Cruz.
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O otimismo se justifica pelos resultados que antecederam a pandemia. Pela primeira vez sem ser o país-sede, o Brasil estará representado em todas as provas possíveis da bocha: as quatro classes individuais e as disputas por equipes – reunindo as classes BC2 e BC1 (paralisia cerebral com limitação maior que os BC2) – e por pares das classes BC4 e BC3 (atletas de maior comprometimento motor, que utilizam calhas para jogar). As vagas foram alcançadas no Campeonato Regional das Américas de 2019, em São Paulo.
Ao ficar com o título continental na BC4, Eliseu garantiu o país na prova individual da classe em Tóquio, assim como o também campeão paralímpico Maciel dos Santos na BC2. Na disputa por equipes BC1/BC2, a vitória do trio Maciel, José Carlos Chagas e Natali Faria assegurou ao Brasil, além de um lugar no torneio entre seleções, vagas no individual de cada categoria. O mesmo ocorreu com os triunfos nos pares BC3 – com Eliseu e Ercileide (depois Marcelo) – e BC4, com a campeã paralímpica Evelyn Oliveira e Mateus Carvalho.
Além disso, o país tem pelo menos um jogador no top-10 mundial de cada classe pelo ranking da Federação Internacional de Bocha (BISFed, sigla em inglês). Na BC1, José Carlos é o quinto colocado. Na BC2, Maciel está na terceira posição. Na BC3, Evelyn é a melhor brasileira, em 10º. Já na BC4, Eliseu está em oitavo. A lista está congelada desde março do ano passado, devido à pandemia.
“Estamos em uma crescente muito boa. A equipe BC1/BC2, por exemplo, chegou pelo menos às semifinais dos campeonatos que disputou. O Maciel, o Eliseu e o José Carlos na BC1 se mantiveram bem [no ranking] e o par BC3 também. A gente tenta superar o ciclo passado”, conclui Moisés, em menção ao desempenho na Paralimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, quando o Brasil alcançou um ouro (par BC3) e uma prata (par BC4).