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De coadjuvante a protagonista: o Brasil no esporte paralímpico

Em mais uma matéria especial da semana paralímpica, mostramos a notável evolução do esporte paralímpico desde os anos 1970, em especial nos últimos 12 anos

Antes coadjuvante em Jogos Paralímpicos, o Brasil virou referência no esporte paralímpico mundial, principalmente nos últimos 12 anos
Brasil, uma potência mundial no esporte paralímpico (Instagram CPB/Daniel Zappe)

Dia Nacional do Atleta Paralímpico foi celebrado na terça-feira (22), data que visa homenagear, apoiar e divulgar todo o trabalho dos atletas paralímpicos, além de agir como uma ferramenta de inclusão das pessoas com deficiência.

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E desde a sexta-feira (18), nós do Olimpíada Todo Dia temos feito uma série especial de matérias dedicadas ao esporte paralímpico brasileiro, hoje potência e referência no cenário mundial.

Mas nem sempre foi assim.

Durante as décadas de 1970, 1980 e 1990, o Brasil era apenas um mero participante nos Jogos Paralímpicos, principalmente nas duas iniciais. O papel de coadjuvante pode ser visto através da evolução do número de medalhas conquistas e do quadro geral.

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De 1972 até 2016, o Brasil participou de todas as 12 edições dos Jogos Paralímpicos. Da estreia em Heidelberg (Alemanha) até Barcelona-1992, foram trazidas 63 medalhas. De lá até o término da Paralimpíada do Rio em 2016, foram 238 conquistas, um número quase cinco vezes maior em um mesmo período de tempo.

Antes coadjuvante em Jogos Paralímpicos, o Brasil virou referência no esporte paralímpico mundial, principalmente nos últimos 12 anos
Evolução do Brasil nos Jogos Paralímpicos (divulgação/CPB)

O segredo do sucesso

Evidentemente que esse crescimento significativo não ocorreu à toa. Uma série de fatores explica o sucesso do Brasil no esporte paralímpico.

Um deles foi sem dúvidas a criação do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), em 1995, seis anos após a criação do Comitê Paralímpico Internacional. A entidade conseguiu organizar melhor as modalidades e as competições nacionais e auxiliar os atletas em viagens ao exterior.

Outro fator chave foi a criação da Lei Agnelo-Piva, que estabelece que 2% da arrecadação bruta de todas as loterias federais do país sejam repassados ao Comitê Olímpico Brasileiro e ao CPB.  Isso deu uma fonte de renda a maior entidade do esporte paralímpico brasileiro para auxiliar os atletas ao redor do Brasil.

Figurante, coadjuvante e ator principal

A trajetória do país no esporte paralímpico ao longo das 12 participações em Paralimpíadas pode ser comparada a carreira de muitos atores e atrizes. No início (anos 1970 e 1980), apenas figuração. Em seguida (anos 1990 e 2000), o Brasil assumiu o papel de ator coadjuvante, incomodando os outros, mas em poucas esportes.

O papel principal só foi assumido nos Jogos de Pequim-2008. de lá para cá, o Brasil terminou a Paralimpíada entre os 10 melhores todas as vezes. na China, o país ficou na 9ª colocação geral, com 47 medalhas (16 ouros, 14 pratas e 17 bronzes).

Já em Londres-2012, veio a melhor colocação: 7º no geral, com 43 medalhas, sendo 21 ouros (recorde histórico), 14 pratas e 8 bronzes.

Disputando a Paralimpíada em casa há quatro anos, o país bateu o recorde de medalhas dos Jogos da China, conquistando incríveis 72 medalhas (14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes), mas como não superou os 21 ouros de Londres, terminou na 8ª colocação.

Subindo andares

Se não houvesse o adiamento dos Jogos por conta da pandemia do coronavírus esse ano, o Brasil teria tudo para subir mais ainda de patamar e se consolidar entre os cinco primeiro lugares no quadro de medalhas.

Por outro lado, o adiamento faz com que a nova safra de talentos se desenvolva ainda mais para chegar mais experiente e fazer bonito já em Tóquio e principalmente em Paris-2024.

A base paralímpica brasileira segue forte, muito em função do legado deixado após a Rio-2016.

A realização do maior evento esportivo paralímpico mundial deu mais visibilidade ao esporte paralímpico e vem despertando mais atenção do público em geral e atraindo mais deficientes.

CTPB

Além disso, houve a entrega do Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, um dos maiores – se não o maior – legado dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio.

Localizado em São Paulo, o complexo administrado pelo CPB é utilizado por atletas e seleções de 15 modalidades paralímpicas do país para disputar e se prepararem para as diversas competições de seus calendários do esporte paralímpico.

Antes coadjuvante em Jogos Paralímpicos, o Brasil virou referência no esporte paralímpico mundial, principalmente nos últimos 12 anos
O CT Paralímpico, em São Paulo. Um dos maiores trunfos do esporte paralímpico brasileiro (Alê Cabral/CPB)

“O CPB teve um impacto muito significativo no desenvolvimento do esporte paralímpico. Ele oferece uma estrutura muito próxima ao que qualquer atleta encontra em suas competições internacionais como as Paralímpiadas. E não só no alto rendimento, já que o local possibilita também que clubes paralímpicos possam realizar as suas atividades, além de atender programas de iniciação esportiva entre as crianças. A expectativa é de que os resultados desse desenvolvimento trazido pelo local seja perceptível nas próximas edições de Jogos Paralímpicos”, declarou o diretor técnico do CPB, Alberto Martins.

Além do local ser a sede das atividades de preparação para os atletas, o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro também é palco de uma série de competições. Em 2019, por exemplo, 413 eventos foram realizados no CT Paralímpico e 36.264 pessoas, entre atletas, comissão técnica e apoiadores estiverem presentes no espaço. Até o mês de março, mais de 200 competições de esportes olímpicos e paralímpicos estavam marcadas para serem disputadas ali.

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