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Rumo a Tóquio, Dayanne se divide entre natação e nutrição

Nadadora falou em live do OTD sobre a rotina agitada de se dividir entre o curso e a disputa por uma vaga nos Jogos do ano que vem

Dayanne Silva já foi a três edições dos Jogos Parapan-Americanos (Douglas Magno / EXEMPLUS / CPB )

Com tantas viagens e a necessidade de treinos praticamente diários, os atletas de alto rendimento precisam se superar para estudar. Em entrevista realizada em uma live no Instagram do Olimpíada Todo Dia, Dayanne Silva falou sobre se dividir entre a natação paralímpica e o curso de nutrição durante a busca pela classificação aos Jogos de Tóquio, assim como fez no Parapan de Lima.

Após entrar para a seleção brasileira aos 15 anos, Dayanne Silva passou a ter acompanhamento nutricional. Apaixonada pelo trabalho das pessoas ligadas a essa área, a nadadora viu a oportunidade de iniciar uma faculdade de nutrição quando se mudou para São Paulo com o intuito de treinar no Centro Paralímpico Brasileiro.

Em busca do índice e da classificação para os Jogos Paralímpicos de Tóquio, Dayanne Silva, que está no terceiro ano da faculdade de nutrição, terá que seguir se dividindo entre os estudos e a natação, assim como fez no Parapan de Lima. Desta vez, porém, ela precisará lidar com os estágios que começam no ano que vem. Para a nadadora, a parte mental é a chave de tudo.

“Não tem jeito, mais uma vez vou ter que trabalhar a cabeça. Não tem segredo. É ela que comanda. O meu técnico (Fabiano Quirino) é uma pessoa que me apoia muito nisso. Já teve sábados de treino que eu cai na água seis horas da manhã para às nove estar em uma palestra na faculdade. Então ele me ajuda muito nesse sentido e saber que posso contar com ele me dá a certeza de que vai dar certo. É uma balança, tem que saber equilibrar os dois”, disse.

Simbolismo do Parapan

Dayanne Silva, da natação paralímpica, falou sobre a rotina agitada de se dividir entre o esporte de alto rendimento e o curso de nutrição, assim como fez no Parapan de Lima
Dayanne Silva está no terceiro ano do curso de nutrição (Saulo Cruz/EXEMPLUS/CPB)

Com essa rotina agitada, os Jogos Parapan-Americanos de Lima, no ano passado, ganharam em simbolismo para Dayanne Silva. Em meio aos estudos da nutrição, ela tinha a missão de conseguir um tempo que não fazia há três anos no nado borboleta para ir ao Peru. A nadadora não só obteve a marca necessária, como ajudou o Brasil a sair com a medalha de prata nos 4 x 100 m medley.

“A medalha tem um significado muito legal. Eu vi que a vontade faz a gente chegar a lugares inacreditáveis. Junto com a persistência e o trabalho duro. Por isso que eu comemoro tanto minha medalha e minha ida para Lima. Estava já no meu segundo ano de faculdade, tinha disciplinas complicadas para estudar”, disse.

“No primeiro semestre, eu sabia que ia deixar um pouco de lado a faculdade e me dedicar só a classificação na natação. Tinha dias que estava muito cansada do treino e não ia à aula porque sabia que em abril teria a seletiva. Logo que passou a seletiva, as provas começaram. Foi uma coisa seguida da outra. Mas no fim deu tudo certo”, acrescentou.

https://www.instagram.com/p/CBCFTzdBQ–

Mesmo com os sacrifícios, Dayanne Silva, de 28 anos, valoriza o desafio de se dividir entre os estudos e o esporte de alto rendimento, tanto é que diz acreditar que os dois andam juntos.

“Estou na reta final da faculdade, mas ainda não estou na reta final da carreira. Tem muita coisa para acontecer ainda. A gente precisa se desafiar a todo momento, seja em um curso de línguas, graduação ou qualquer outra coisa, o que não pode é ficar estacionado. Atleta de alto rendimento é um trabalho, mas ter outra coisa associada é bom porque você não fica com a cabeça só naquilo. Uma coisa ajuda a outra”, afirmou.

‘Família do esporte’

Ficar longe dos parentes não é algo fácil, mas é necessário para a maioria dos atletas do esporte de alto rendimento. Dayanne Silva saiu do Rio de Grande Norte, onde os pais moram, aos 19 anos em busca do sonho de se tornar uma atleta paralímpica. “Até hoje na hora de ir embora da casa dos meus pais minha mãe chora. Eu sempre vou e volto, mas sigo em busca dos meus sonhos”.

Sem a família de sangue por perto, Dayanne Silva construiu uma família no esporte. Após a medalha de prata dos Jogos Parapan-Americanos de Lima, por exemplo, ela comemorou a conquista com Susana Schnarndorf, companheira de natação paralímpica e de um apartamento em São Paulo.

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“Na minha prata em Lima, eu até chorei com a Susana. Ela acompanhou todo o meu processo de chegar em São Paulo e conseguir o índice para o Parapan de Lima. Às vezes a gente acaba trocando mais com essas pessoas do que com a nossa própria família. Os treinadores e a comissão técnica acabam se tornando nossa família”, disse, acrescentando uma história com Henrique Oliveira, preparador físico do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro).

“No dia que eu consegui o índice para os Jogos de Lima, a primeira pessoa que eu abracei foi o Henrique. Em uma das reuniões que a comissão técnica fez conosco, eles pediram para a gente falar um momento marcante e com quem seria. E eu citei o Henrique e ele me citou naquele momento. Naquele dia, a gente se emocionou junto. Na natação, a gente brinca que tem dias que o filho chora e a mãe não vê. E eles estão ali, seja no choro da alegria ou da tristeza”, finalizou.

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