A paratleta de bocha Evani Calado, medalhista de ouro por equipes nos Jogos Rio 2016, contou em live na terça-feira (19) que sonha com mais oportunidades para as mulheres na bocha.
Atualmente, as regras da modalidade não separam por gênero as disputas. Homens e mulheres competem entre si no individual. Já nas competições por equipes, é obrigatória a participação de uma atleta.
“Eu sonho em termos uma seleção feminina e uma masculina. A BISFed (federação internacional responsável pela bocha) está estudando a possibilidade da realização de disputas individuais por gênero após os Jogos de Tóquio 2020. Eu vibrei muito com a notícia, só de ter a possibilidade é um ganho enorme”, contou animada Evani Calado, campeã paralímpica por equipes BC3 no Rio de Janeiro.
A modalidade é mais inclusiva do paradesporto. Ela possibilita que atletas com maior grau de deficiência física, como paralisia cerebral severa e tetraplégicos, participem do Movimento Paralímpico.
O começo
Evani teve seu primeiro contato com a bocha ainda na escola, quando um professor de educação física decidiu que não ia deixá-la sem a parte prática das aulas. “Ele me falou que não ia me dar a nota sem fazer nada. Me falou para pesquisar sobre a bocha, fazer um relatório e disse que a minha irmã iria me ajudar. Eu achei que ele estava ficando maluco. Ele levou um cano de PVC e bolinhas de tênis para aula e foi assim que joguei bocha pela primeira vez, de forma adaptada, claro”, contou na Live Paralímpica.
A jogadora ressaltou que a atitude do professor foi totalmente diferenciada e que iniciativas como a dele são muito importantes para a inclusão por meio do esporte. “Eu ficava na sala durante as aulas de Educação Física na escola, mas esse professor me fez sair de lá. Ele se importou e estava disposto a me incluir na aula. Atitudes assim fazem toda diferença”.
O recomeço
Anos mais tarde, durante a faculdade de Publicidade e Propaganda, Evani foi convidada a experimentar a modalidade novamente, dessa vez já em clube. “No começo não queria ir, minha mãe insistiu. Os treinos eram sábado de manhã, eu estudava à noite e queria dormir até mais tarde no fim de semana. Por insistência da minha mãe eu fui e depois não quis mais parar de treinar”.
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Na Live Paralímpica, Evani Calado relembrou o começo na modalidade e contou de onde veio seu primeiro kit de bocha. “No começo eu não tinha dinheiro para comprar um kit para mim, usava um emprestado da associação que treinava. O perdi uma vez, foi bem chato, e depois disso percebi que precisava de um próprio, até para não prejudicar outros atletas caso o perdesse de novo.”
O Dirceu me vendeu um kit para eu pagar quando pudesse, sem pressa. Ele tinha um coração muito bondoso”, contou com enorme carinho de como o tetracampeão paralímpico Dirceu Pinto, que faleceu no início do mês de abril em decorrência de problemas cardíacos, foi importante no seu início de carreira.