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No interior, Petrúcio corre com cachorros em belos cenários

Homem mais rápido do atletismo paralímpico mundial, Petrúcio Ferreira vem treinando na quarentena na pequena São José do Brejo do Cruz, no interior da Paraíba

Petrúcio Ferreira corre com cachorros em belos cenários no interior
Petrúcio Ferreira está passando a quarentena São José do Brejo do Cruz, no interior da Paraíba. Um local com belas paisagens (Instagram/Petrucio_t47)

A quarentena em decorrência da pandemia do coronavírus pegou o homem paralímpico mais rápido do mundo de surpresa. Treinando muito em João Pessoa, na Paraíba, até o vírus aparecer, Petrúcio Ferreira teve que ir para o sítio da família em São José do Brejo do Cruz, no interior do estado, ficar com seus pais e seguir com sua rotina de velocista.

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Como teve que deixar a completa estrutura para treinamentos que habitualmente possui e sem uma pista oval para correr, o velocista enfrentou dificuldades iniciais de adaptação no interior. Mas, aos poucos, conseguiu conciliar os treinos e ainda matar as saudades de algumas peculiaridades que só a vida simples de sua cidade natal pode proporcionar.

“De início foi bem estranho para mim, porque estou acostumado a uma rotina de correria. Acordar cedo, treinos e dormir tarde, porque treinava de dia e ia para faculdade à noite. Agora, tive que cortar essa rotina. Meu corpo meio que começa a pedir treinos, mesmo eu treinando em casa, porque não é o trabalho que eu fazia na pista”, disse Petrúcio em entrevista ao OTD em abril.

Belezas do Interior

Apesar de não ter uma estrutura como a de João Pessoa, São José do Brejo do Cruz trouxe vantagens aos treinos na quarentena de Petrúcio. Por ter menos de 2.000 habitantes e pela localização mais afastada do sítio, o velocista conseguiu executar suas corridas sem se preocupar muito com o contágio do coronavírus. De quebra, pode desfrutar belíssimas paisagens de causar inveja.

“Estou conseguindo realizar os treinos aqui em São José do Brejo da Cruz. Correr ao pôr do sol. Com vista para essas represas… tem sido maravilhoso,” comentou Petrúcio em live do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) nessa terça-feira (5).

Mesmo correndo nesse cenário bastante inspirador, o sempre brincalhão e falador Petrúcio Ferreira contou que sofreu um pouco no início com a falta de companheiros ao seu lado treinando. Mas, novamente, o interior lhe apresentou outra solução.

“Aqui tenho corrido com meus cachorros. Eles sempre me acompanham. E ainda posso brincar com eles depois,” disse Petrúcio.

Para compensar a falta de treinamentos mais intensos que só as pistas podem lhe proporcionar, como os tiros de velocidade, o paraibano aproveitou algumas vantagens que seu sítio no interior tem sobre sua casa na capital, como por exemplo a piscina, utilizada como alternativa aeróbica, e até mesmo a bicicleta, que causa até certa dor de cabeça aos seus pais.

Paisagens deslumbrantes, bicicleta na piscina e cachorros: a quarentena de Petrúcio no interior da Paraíba

Deficiência vira vantagem a favor

Petrúcio Ferreira mostrou que não é só rápido nas pistas. O atleta mostrou que o raciocínio também é muito veloz ao transformar sua deficiência física em uma vantagem para os treinamentos não aeróbicos.

Passando a quarentena em São José do Brejo do Cruz, no interior da Paraíba, Petrúcio Ferreira vem correndo com seus cachorros em cenários maravilhosos
No interior da Paraíba, Petrúcio utiliza o braço amputado para colocar o peso. Velocista foi rápido na adaptação dos treinos (Instagram/Petrucio_t47)

” Estou tendo que improvisar com os pesos. No agachamento, por exemplo, adaptei uma barra guiada. Tenho que pedir ajuda para o meu pai. Uso dois cabos de vassoura, alguns tijolos de construção, os pesos e uma fita para não caírem. Funciona,” explica Petrúcio.

Galinha caipira e pesca recreativa

Após a mudança ao interior, Petrúcio Ferreira pode voltar a realizar atividades que geralmente não pode fazer na capital paraibana, como pescar e comer a galinha caipira de sua mãe, mas sem perder o foco na dieta.

“Gosto muito de usar o tempo livre para pescar. Mas é só pesca recreativa. Não como o peixe não. Pesco e solto. De comer, saindo um pouco da dieta, gosto da galinha caipira aqui da Paraíba e do feijão. Não tem igual.”

Aprendizados na quarentena

Ainda que esteja se virando bem nessa quarentena no interior, Petrúcio revelou que não vê a hora da pandemia do coronavírus acabar para voltar a correr nas pistas de atletismo e reencontrar seus companheiros. O atleta valorizou, entretanto, alguns momentos vividos nesse período bastante incomum .

“A maior lição para mim nesses tempos de coronavírus é aproveitar ao máximo os momentos em família. No próximo domingo, é Dia das Mães. Há seis anos, eu não passava essa data aqui em São José do Brejo do Cruz. Uma lição é aproveitar o máximo a família. Às vezes, esses momentos fazem falta.

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