Um corredor de rua que não pode sair na rua. É nesse dilema que se encontra o maratonista paralímpico Alex Pires durante a quarentena para evitar a propagação do coronavírus.
“Com certeza o isolamento é ainda pior para maratonistas por isso. A gente está acostumado a correr na rua, a fazer treinos longos, ver bastante gente, e olhar a paisagem”, explicou o gaúcho de 29 anos ao Olimpíada Todo Dia. “Eu moro na Praia Grande, então tem um marzão, a praia perfeita e isso ajuda a aliviar o stress. É isso que eu sinto mais falta”.
No começo da pandemia, a alternativa de Alex era mudar a rotina e acordar mais cedo para conseguir correr sem ter contato com outras pessoas.
“Eu estava treinando apenas um período, pela manhã bem cedo. Tive que me adaptar. Acordava cinco da manhã e saía para correr às seis para pegar menos pessoas na rua e à tarde não conseguia fazer um segundo período por conta do fluxo maior de gente”, contou.
Agora, depois de duas semanas tentando, o maratonista conseguiu alugar uma esteira e realiza os treinos dentro de sua casa, na Praia Grande. Para Alex, apaixonado pela corrida de rua, não é o ideal, mas é melhor do que nada.
“Claro que não tem a mesma eficiência do que a rua, até porque a esteira tem um limitador de velocidade, às vezes ela não atinge a velocidade que eu teria que fazer, por exemplo, num trabalho mais específico para tiros,” explicou o maratonista. “Mas é melhor treinar assim do que não treinar. Então, vamos treinar dentro de casa.”
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Adiamento dos Jogos de Tóquio
Natural de Sapiranga, no Rio Grande do Sul, Alex Pires começou a correr maratona em 2014, após anos de corridas de longas distâncias, e, em 2017, foi campeão mundial em Londres.
Na Paralimpíada do Rio, em 2016, Alex passou mal e teve que abandonar a prova. Agora, ele tem a chance de dar a volta por cima em Tóquio. Em dezembro de 2019, na maratona de Málaga, na Espanha, fez a prova com três minutos abaixo do índice paralímpico e se garantiu na Paralimpíada do Japão. O sonho da medalha paralímpica, no entanto, ficará para 2021.
“Sobre o adiamento eu acho que foi uma decisão acertada. Por mais que eu quisesse correr esse ano os Jogos Paralímpicos, pelo fato de já ter índice e já estar me preparando, eu sei que posso ficar doente e ainda não chegar tão preparado quanto alguns atletas de outros países que já passaram por esse período”, disse Alex. “Então eu acho que foi o mais correto, o mais justo para todos os países, para que possamos ter uma competição de alto nível e darmos nosso melhor, não só eu, mas todos os atletas do mundo”.
Com a vaga já garantida, o planejamento de Alex não muda muito. Nem os objetivos: “Meu maior sonho, como todo atleta, é ser campeão paralímpico. Eu venho já há alguns anos sendo Top 3 do mundo, já fui primeiro e segundo, esse último ano fui o terceiro. Então eu acredito que Tóquio pode ser um grande ano para mim”, completou o maratonista.