Menos de dois anos depois de amputar a perna esquerda na altura do joelho e começar a praticar o tênis em cadeira de rodas, Gustavo Carneiro disputou os Jogos Parapan-Americanos de Lima, em agosto do último ano, e ficou próximo da medalha. Nas duplas, o mineiro perdeu a decisão do bronze ao lado de Daniel Rodrigues, enquanto na chave de simples foi superado nas quartas de final pelo argentino Gustavo Fernandez, que conquistaria o ouro na competição. Agora sonha com Tóquio.
Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, Gustavo Carneiro admite que a classificação ao Parapan de Lima já foi uma vitória, mas destaca que esperava voltar do Peru com pelo menos uma medalha.
“Mesmo sendo novo na categoria e não tendo grandes cobranças, não fiquei satisfeito com meu desempenho. Tinha expectativa de brigar pelo menos pela medalha de prata nas duplas e acabamos ficando em quarto lugar. Mas enfim, no final tudo foi aprendizado. Sempre analiso meus resultados e aprendo com eles, sejam vitórias ou derrotas. O importante é sempre perceber que estou evoluindo”, disse, detalhando os motivos para a performance aquém das expectativas.
“Antes do Parapan precisei ficar 70 dias parado em função de dores no ombro, voltei a treinar 15 dias antes. Também tinha acabado de trocar de cadeira e resolvi ir com a cadeira nova, o que não foi acertado, visto que ela precisava de vários ajustes que só fui perceber durante a competição. A cadeira me deixou instável e a prova disso é que em todos os jogos estava caindo”, afirmou.
Vaga para Tóquio praticamente sacramentada
Com o adiamento dos Jogos de Tóquio faltando apenas três meses para o fim da corrida paralímpica, Gustavo Carneiro está aguardando um comunicado oficial para saber como ficam os critérios de classificação, mas acredita estar praticamente garantido no evento japonês. Ele é o 37º colocado do ranking mundial.
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“Na verdade, participarão os 40 melhores do ranking mundial. Porém, existe uma regra que cada país pode levar até quatro jogadores. Como alguns países possuem mais de quatro jogadores dentro desses 40, a expectativa é de que com esse corte serão convocados até o 45º ou 46º colocados do ranking. Atualmente estou em 37º, e com os pontos válidos que tenho para a classificação, acredito estar 95% classificado”, analisou.
Confinado assim como a maioria dos brasileiros, Gustavo Carneiro engrossou o coro dos atletas e paratletas que defenderam o adiamento dos Jogos de Tóquio. “A decisão foi acertada, não há clima no mundo para celebrar uma Olimpíada ou Paralimpíada”, afirmou, antes de detalhar como está treinando dentro de casa.
“Estou treinando todos os dias da maneira como posso. São dois treinos diários. Um mais focado em fortalecimento e outro na parte aeróbia. Meu preparador me passa os treinos diariamente”, disse.
+ A história de Gustavo Carneiro
Planejamento e paixão pela corrida
Além da mudança na rotina de treinos, o adiamento da Paralimpíada resultará em modificaçõe. “Vai alterar muita coisa, existe todo um planejamento por trás: patrocínio, custo dos torneios, Bolsa Atleta, etc. À medida que tiver as informações de datas, calendário de torneios, será necessário fazer um novo planejamento até 2021”, afirmou.
Dentro da vida pessoal, Gustavo Carneiro quer voltar a correr, algo que adora fazer, mas ressalta que o foco competitivo está no tênis em cadeira de rodas.
“Um dos meus sonhos atualmente é me adaptar com a prótese de corrida e voltar a correr. Antes de amputar estava muito focado em correr maratona. Neste momento, quero a corrida apenas como complemento ao tênis, para me manter em forma física e mental, já que a corrida é como uma terapia para mim”, finalizou o atleta de tênis em cadeira de rodas.