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Treinos improvisados e hobbies fazem rotina de Luiza Fiorese

No isolamento, Luiza Fiorese, do vôlei sentado, intercala treinos e curso online para aprender a tocar

Luiza aproveita rotina sem treinos com hobbies para manter a mente ativa (Foto: Alê Cabral/CPB)

A rotina de um atleta de alto rendimento exige uma série de sacríficos no dia a dia. Com pouco tempo livre devido a alta carga de atividades, os atletas acabam precisando deixar de lado uma série de vontades e hobbies. No entanto, com o mundo vivendo um período de quarenta devido à pandemia de coronavírus, vários esportistas podem começar a viver uma vida com mais tempo livre para novas atividades.

Com Luiza Fiorese essa realidade não foi diferente. Atleta da seleção brasileira de vôlei sentado, Luiza sempre cultivou o sonho de aprender a tocar violão. Ela aproveitou o fato de precisar permanecer em casa e iniciou um curso online para aprender a tocar o instrumento.

“Tenho esse violão há 10 anos e sempre tive muita vontade de aprender de fato. A minha família toda tem uma ligação forte com a música. Agora com esse tempo mais finalmente tive condições de tentar focar um pouco nesse desejo”, revelou a jovem atleta.

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Após vencer uma osteossarcoma no fêmur esquerdo, que fez com que ela precisasse substituir parte dos ossos da perna por uma endoprótese, Luiza acabou se aproximando da modalidade há apenas um ano. Dessa forma, a capixaba revelou ainda que tem utilizando o tempo livre para conhecer ainda mais sobre a história e regras do vôlei sentado.

“Esses hobbies ajudam a gente a continuar ativo. Nós atletas temos uma rotina em que estamos sempre fazendo alguma coisa. Não estamos acostumados com esse ritmo sem muitas atividades. Então esses hobbies ajudam a manter a mente ocupada. Nós temos pouco tempo e agora podemos aproveitar esse tempo extra com coisas que normalmente acabamos não conseguindo”, avaliou.

Apesar deste lado positivo, a realidade vem sendo bastante dura com todos os atletas no momento atual. Com uma série de eventos cancelados e os centros de treinamento fechados, vários atletas sofrem para se preparar para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020, que por enquanto permanecem confirmados.

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“Estou treinando em casa com o que consigo improvisar. Eu tenho só um elástico de treino mesmo. Estou utilizando um galão de água de 5 litros como peso para alguns exercícios, além do peso do próprio corpo em alguns casos.  Dessa forma estou conseguindo ao menos manter a parte física em um nível bom, porém a parte técnica eu não tenho como treinar, já que não estou tendo acesso a bola e isso dificulta muito”, declarou.

No caso de Luiza Fiorese o período sem treinamentos acaba sendo ainda mais prejudicial. Isso porque a jogadora iniciou na modalidade recentemente e ainda vem se confirmando como uma peça importante dentro do elenco feminino da seleção brasileira de vôlei sentado.

“Pra mim ainda é um pouco pior, pois a minha vaga na equipe ainda não está garantida. Como comecei a treinar de fato no começo deste ano e percebo que a minha evolução se dá a cada dia. Perder este período de treino faz uma falta absurda no meu caso. Principalmente por se tratar de um esporte coletivo, em que o entrosamento da equipe é essencial. Mas eu não coloco tudo isso a frente da nossa saúde, já que esse é um momento delicado e que todos precisam se ajudar”.

Preparação prejudicada

Toda essa dificuldade fica ainda mais evidente quando é levado em conta que os Jogos Paralímpicos estão previstos para começar em poucos meses. Isso porque o COI se posicionou confirmando a realização das Olímpiadas e Paralímpiadas sem mudanças no planejamento. Luiza não esconde a insatisfação quando o posicionamento da entidade, porém acredita que esta decisão seja revista.

 “Eu não concordo com a manutenção da data. Sinceramente, acredito que é provável que eles reavaliem essa ideia, já que dificilmente haverá tempo para que os classificados sejam definidos. Acredito que a pandemia estará controlada até lá mas a preparação dos atletas já está sendo muito abalada. No caso do vôlei sentado, por exemplo, eu e mais quatro meninas do grupo ainda não temos a classificação internacional ainda, que é uma exigência para os Jogos e só é liberada após participarmos de uma competição internacional. No nosso caso seria a Copa do Mundo, que seria em abril e foi cancelada”, completou.

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