Este sábado, 21 de setembro, o Festival Paralímpico reuniu cerca de 11 mil jovens em 70 cidades dos 26 estados e do Distrito Federal, em uma manhã de experimentação da prática desportiva. Esta foi a segunda edição do evento, promovido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro.
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“O Festival Paralímpico é muito importante, porque não só oferece oportunidade para as 11 mil crianças iniciarem no esporte, ou seja, proporcionar a inclusão, mas também para conhecer os campeões do futuro. O Festival Paralímpico é fundamental dentro do planejamento estratégico do Comitê Paralímpico Brasileiro. Aqui está a realidade do movimento paralímpico nacional”, celebrou Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, bicampeão paralímpico de futebol de cinco (para cegos), em Atenas 2004 e Pequim 2008, e eleito o melhor do mundo na modalidade em 1998.
A programação ofereceu três modalidades por sede, com duração de três horas, para jovens dos 10 a 17 anos, com e sem deficiência. Os núcleos ofertaram experimentações em atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, natação, futebol de 5 (cegos), futebol de 7 (paralisados cerebrais), goalball, judô, parabadminton, parataekwondo, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas e vôlei sentado.
A prática de cada atividade foi adaptada, dado que o objetivo é promover a iniciação e, em muitos casos, o primeiro contato do jovem com deficiência no esporte. “O esporte é isto, começa com uma brincadeira, uma corrida, porque muitas crianças não têm a oportunidade de sair de casa para praticar exercícios, e o Festival proporciona este contato”, disse o velocista paranaense Vinícius Rodrigues, do atletismo.
Atletas já consagrados e medalhistas nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, encerrado há três semanas na capital peruana, participaram do festival nas mais diversas localidades. Em Sâo Paulo, o Centro de Treinamento Paralímpico foi palco para mais de 600 crianças experimentarem atletismo, vôlei sentado e tênis de mesa. Além de Vinícius Rodrigues, Verônica Hipólito, a lançadora Raíssa Machado, e o atleta de goalball Parazinho, prestigiaram o evento no CT Paralímpico.
“É muito divertido e gratificante para nós participar do Festival, porque não se trata de uma disputa, mas de servir de inspiração para as crianças, porque o esporte é democrático, não importa religião, cor da pele, limitação física ou visual, o esporte é democrático, é para todos”, comentou Verônica Hipólito, dona de duas medalhas no Parapan de Lima.
“Quando eu comecei no esporte, não tive o incentivo que estas crianças estão tendo com o Festival Paralímpico”, comentou Raíssa Machado, medalhista de ouro no dardo nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019.
Em Salvador, por exemplo, os jogadores de futebol de 5 Jefinho e Cássio compareceram ao campus da Universidade Federal da Bahia (UFBA) para prestigiar seus conterrâneos. Mais de um terço dos 70 núcleos do Festival Paralímpico 2019 está nas regiões Norte, Nordeste (19 núcleos somadas as duas) e Centro-Oeste (7).
“É um evento maravilhoso, que mostra a importância que o esporte paralímpico atingiu no Brasil. Somos uma potência que é fruto de trabalhos como este, feito pelo Comitê Paralímpico Brasileiro e pelas confederações que estão sempre conosco. O resultado esportivo é fruto destas ações”, disse Jefinho, com a medalha de ouro conquistada no Parapan de Lima 2019 no peito.
Boa Vista, capital de Roraima, também teve o seu núcleo no Festival Paralímpico 2019. A Universidade Estadual de Roraima recebeu diversas atividades de bocha, goalball e vôlei sentado. Entre os praticantes, houve a presença de jovens refugiadas venezuelanos, que deixaram recentemente o país em meio à crise política e econômica que assola o vizinho sul-americano nos últimos anos.
Em Brasília, o principal centro de atividades do Centro-Oeste brasileiro, o Centro Integrado de Educação Física foi a casa para cerca de 100 crianças, que experimentaram futebol de 7, parabadminton e goalball. Esta última modalidade, por sinal, teve um professor especial: o melhor jogador do mundo, Leomon Moreno, esteve ao lado dos jovens – muitos deles em seu primeiro contato com o esporte adaptado.
“É muito bacana ver as crianças conhecendo as modalidades paralímpicas. É isso que faz o esporte paralímpico se difundir. Vamos fortalecer ainda mais o Movimento Paralímpico no país”, disse o atleta de 26 anos, que venceu há pouco o ouro no Parapan de Lima 2019.
Já em Florianópolis, o Festival foi realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ofereceu experimentação em atletismo, basquete em cadeira de rodas e vôlei sentado a 82 crianças. “Eu me diverti muito. O que mais gostei foi do vôlei sentado. Eu gostaria de ser atleta, mas nunca tinha procurado e não sabia como fazer e agora eu já sei”, disse Amanda Silva, 14 anos, que nasceu com má-formação na perna esquerda acima do joelho.
Além de Florianópolis, outras 12 cidades da Região Sul receberam o Festival Paralímpico. Em Curitiba, capital paranaense, o jogador de badminton Vitor Tavares, que nos últimos 30 dias faturou três bronzes no Mundial da modalidade e um ouro no Parapan de Lima, participou do evento. Em Maringá, também no Paraná, quem marcou presença foram as nadadoras gêmeas Beatriz e Débora Carneiro, que retornaram esta semana após disputarem o Mundial de Natação em Londres. Já em Itajaí, Santa Catarina, o saltador em altura Flávio Reitz atuou como coordenador logístico do núcleo.
No Rio de Janeiro o Festival Paralímpico aconteceu na sede do Vasco, no Estádio São Januário, e contou com a participação de 158 crianças. Ao todo, foram oferecidas quatro modalidades: bocha, futebol de 7, parataekwondo e vôlei sentado.
Os medalhistas parapan-americanos Diogo Rebouças (vôlei sentado), Tuany Barbosa (atletismo), Douglas Matera e Thomaz Matera (natação) compareceram ao evento.
“Esse tipo de evento é bem legal porque a gente pode interagir com as crianças. Elas quiseram ver minhas medalhas, disseram que queriam ser atletas também. Isso é muito legal!”, Douglas Matera, que ganhou três ouros e três pratas no Parapan de Lima.
Os números desta segunda edição do Festival Paralímpico superam o da estreia do evento, em setembro de 2018. Na ocasião foram sete mil crianças em 48 cidades. Por isso, o acontecimento deste sábado nas 70 localidades do território nacional configura-se no maior evento paralímpico já realizado no Brasil pelo Comitê Paralímpico Brasileiro
A data do festival não é por acaso. Neste final de semana são celebrados duas importantes efemérides: neste sábado, 21, Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, e o Dia Nacional do Atleta Paralímpico, no domingo, 22.