Na última quarta-feira (19), o COB (Comitê Olímpico do Brasil) divulgou como serão os investimentos em ações esportivas para 2019. No mesmo comunicado, apresentou a divisão de valores que serão repassados às confederações com recursos da Lei Agnelo/Piva.
Mas um detalhe importante que consta no release do COB me chamou a atenção. O balanço dos resultados do esporte olímpico em 2018 constatou uma retração em relação ao último ciclo olímpico.
O COB utiliza como padrão para fazer este levantamento os resultados apenas em provas olímpicas de campeonatos mundiais ou competições equivalentes. Este monitoramento ajuda também para a entidade fazer a distribuição do dinheiro da Agnelo/Piva.
Baseado nestes critérios, o Brasil terminou a temporada de 2018, a segunda do ciclo para a Olimpíada de Tóquio-2020, com um total de 15 “medalhas”. Algo muito semelhante ao desempenho brasileiro em Jogos Olímpicos neste século, diga-se de passagem.
A matemática complica um pouco quando se faz a comparação com o ciclo da Rio-2016.
Embora seja necessário fazer a contextualização de que havia então um investimento financeiro muito maior, no período equivalente do ciclo, em 2014, o Brasil terminou o ano com 24 medalhas.
Mais significativo ainda, para mim, foi outro dado. Em 2010, metade do ciclo para Londres-2012, o resultado apresentado pelo esporte brasileiro foi exatamente o mesmo deste ano. Ou seja, 15 pódios.
Confira quais foram as “medalhas” do esporte olímpico do Brasil em 2018:
Ouro
- Ana Marcela Cunha – campeã do Circuito Mundial de maratona aquática
- Gabriel Medina – campeão do Circuito Mundial de surfe
- Duda e Agatha – campeãs do Circuito Mundial de vôlei de praia
- Pedro Barros – campeão mundial de skate park
- Revezamento 4 x 100 m livre (natação) – líder do ranking mundial
Prata
- Arthur Zanetti – vice-campeão no Mundial de ginástica artística
- Vinícius Figueira – vice-campeão no Mundial de caratê
- Seleção masculina – vice-campeã no Mundial de vôlei
- Bruno Fratus (natação) – vice-líder do ranking mundial dos 50 m livre
Bronze
- Anderson Ezequiel – 3º lugar no Mundial de ciclismo BMX
- Érika Miranda – 3º lugar no Mundial de judô
- Isaquias Queiroz – 3º lugar no Mundial de canoagem velocidade
- Filipe Toledo – 3º lugar no Circuito Mundial de surfe
- Almir Júnior (atletismo) – 3º lugar no ranking mundial do salto triplo
- Núbia Soares (atletismo) – 3º lugar no ranking mundial do salto triplo
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Os resultados deste ano representam evidentemente um indicativo, mas não uma verdade absoluta. É preocupante que o esporte olímpico brasileiro tenha recuado de patamar em oito anos. Mas não se pode desprezar a questão da queda de investimentos e lembrar a entrada de novos integrantes neste clube de esperança de medalhas brasileiras.
Não há como traduzir neste levantamento a excelente temporada cumprida por Hugo Calderano, no tênis de mesa. E ainda há outros atletas em que o COB aposta para 2019, no atletismo, boxe, vela, ginástica artística feminina e ciclismo mountain bike, por exemplo.
É justamente esse potencial que faz o Comitê Olímpico manter o otimismo para a temporada de 2019. “Não fomos tão bem nos esportes que temos maior consistência, ao mesmo tempo que mostramos crescimento em modalidades que estão mudando de patamar, como por exemplo levantamento de peso e ciclismo chegaram a um quarto lugar em seus Mundiais. A ginástica artística feminina também vem em uma curva ascendente promissora”, afirma Jorge Bichara, diretor de esportes do COB.
O próximo ano será fundamental para a preparação olímpica, com eventos classificatórios em Mundiais ou nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019. É positivo que o COB mantenha os pés no chão quanto às reais possibilidades brasileiras. Mas é importante ficar de antena ligada para eventuais quedas de rendimento, que poderão ser fatais em Tóquio-2020.