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Pan-Americano

Tragédia das enchentes no Peru deixa Pan de Lima-2019 na berlinda

Com mortes e desabrigados, já se fala na possibilidade de Lima desistir do Pan-Americano. Comitê organizador diz que estão misturando política com esporte

O Pan-Americano de Lima-2019 volta a ficar sob ameaça de não acontecer. Se antes eram os graves problemas econômicos no país, agora uma tragédia natural deixa o evento na berlinda. Há mais de uma semana várias cidades do Peru sofrem com as fortes chuvas, trazendo inundações, desabamentos de terra e mortes. No meio deste caos, já ganha força o discurso de que não há condições para Lima abrigar o Pan.

O primeiro a colocar em dúvida a realização dos Jogos foi o próprio prefeito de Lima, Luis Castañeda Lossio. Sob o impacto das 72 mortes e mais de 800 cidades declaradas em estado de emergência, ele se mostrou favorável à renuncia de Lima como sede do Pan. “Devemos pensar em no mínimo adiar os Jogos Pan-Americanos, pois temos duas questões mais importantes no momento. A mais urgente, é a de priorizar vidas. Além disso, devemos direcionar todos os nossos recursos para os mais necessitados”, afirmou o prefeito.

Lossio lembrou que seu governo sempre apoiou a realização do Pan – na eleição de 2013, Lima venceu com folga, somando 31 votos. Porém, o momento atual do país exige investir em outras prioridades. “Para o Pan, temos que preparar toda a infraestrutura viária da cidade, além de outras obras esportivas”, explicou. O prefeito de Lima disse ainda que não seria a primeira vez que uma cidade abriria mão de organizar o Pan-Americano. Os Jogos de 1975, que estavam previstos para acontecer em São Paulo, acabaram ocorrendo na Cidade do México. A explicação oficial foi um surto de meningite na capital paulista. Porém, a inviabilidade econômica do Brasil foi o motivo real.

Com mais de 60 mil casas destruídas em 24 dos 25 estados peruanos, o assunto já começa a preocupar o próprio congresso do país. O partido Força Popular, que tem maioria na casa, deverá trabalhar contra a realização do Pan 2019 em Lima. “O Executivo deve priorizar seus gastos para ajudar as vítimas das enchentes”, escreveu em sua página no Facebook o prefeito de San Isidro (distrito de Lima), Manuel Velarde.

Mas a despeito dos efeitos da tragédia das enchentes no Peru, causadas pelo fenômeno climático El Niño, a tese da renúncia ao Pan-2019 não é unanimidade no país. Ao menos por enquanto.

“O Peru aceitou ser o anfitrião dos Jogos Pan-Americanos, após superar outras cidades. Seria uma tragédia se não pudermos cumprir nossas responsabilidades”, afirmou o presidente peruano Pedro Paulo Kucznski.

Dentro do comitê organizador do Pan 2019, as declarações do prefeito Luis Castañeda Lossio foram vistas com ressalvas. “O prefeito sabe muito bem que o Pan não pode ser adiado, as datas não podem ser modificadas. Ele sabe disso, pois estava em Toronto, na festa de encerramento do Pan 2015, levando a bandeira peruana. É um compromisso internacional”, afirmou Carlos Neuhaus, presidente do comitê Lima-2019.

Para Neuhaus, a prioridade agora são os desabrigados, mas ele não vê motivo para pensar em abrir mão do Pan. “Existem fundos de contingência para atender estas emergências. Além disso, o Pan acontecerá em 2019, a maior parte dos gastos ocorrerá no ano que vem. Não se pode misturar política com os Pan-Americanos”, afirmou.

Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos, em particular a eleição do próximo presidente da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), em abril.

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