O tricampeonato de Thiago Camilo, na categoria até 90 kg do judô, obtida nesta segunda-feira pelos Jogos Pan-Americanos de Toronto, foi muito importante, isso não se discute. Mas a medalha mais significativa do dia para o Brasil veio de um esporte sem tradição alguma no país e teve também um sabor de superação. A medalha de prata de Ingrid de Oliveira e Giovanna Pedroso, na prova da plataforma sincronizada 10 m, é uma daquelas agradáveis surpresas que só o esporte é capaz de nos proporcionar.
Tive o prazer de acompanhar a prova comentando pela Record News e desde o início dava para perceber que as brasileiras iriam ficar na briga pelas medalhas. Mas havia algo um tanto fora da ordem: elas não saiam do top três ao final de cada sequência de saltos, conseguindo sempre ficar à frente da dupla americana, teoricamente mais forte. Até que chegou um momento inacreditável, quando assumiram o primeiro lugar, após a penúltima rodada de saltos, deixando para trás as canadenses Meaghan Benfeito e Roseline Filion e as mexicanas Paola Espinosa e Alejandra Orozco, todas medalhistas nos Jogos de Londres 2012.
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Um salto fantástico de Benfeito e Filion acabou dando o ouro para o Canadá, mas as duas jovens brasileiras (Ingrid tem 19 anos e Giovanna é uma adolescente de 16 anos!) conseguiram sustentar o segundo lugar, assegurando a única medalha para o Brasil nos saltos ornamentais em Toronto.
Mas há um outro ponto que precisa ser ressaltado no feito das brasileiras, que é a grande força psicológica demonstrada por Ingrid de Oliveira. Na prova individual da plataforma, na sexta-feira, ela cometeu um erro grave e acabou zerando um de seus saltos. Saiu da piscina chorando e precisou ser consolada pela treinadora para conseguir colocar a cabeça no lugar. No final, acabou fazendo um bom salto, mostrando muita força psicológica.
E mostrou também que é muito mais do que o rótulo de “musa”, que lhe foi atribuído após postar uma foto de maiô, de costas, em seu Instagram, antes da abertura dos Jogos, que lhe rendeu diversas mensagens e recados picantes dos torcedores, além das já desgastadas matérias em jornais de TVs, nas quais seus atributos físicos eram mais destacados do que seus feitos esportivos.