O ano de 2011 promete doses cavalares de pachequismo explícito aqui no Brasil. E o motivo disso atende pelo nome de Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. O problema é que o Pan deixou de ter importância faz tempo…Os EUA e o Canadá, as principais potências poliesportivas do continente, há muito deixaram de se lixar com a versão mal-acabada dos Jogos Olímpicos. No Brasil, costuma-se fazer um carnaval exagerado em torno das conquistas pan-americanas, e invariavelmente, no ano seguinte, com a disputa das Olimpíadas, a decepção é enorme, pela falta de resultados expressivos.
Mas análise técnica à parte, o Pan costuma ser uma competição muito bacana. Eu estive em dois deles (Mar Del Plata-1995 e Winnipeg-1999) e você não tem como se encantar com o esforço de cidades, entre as quais algumas delas contam com orçamento apertado para se preparar e receber com dignidade atletas e jornalistas de todo o canto das Américas. O clima entre atletas, imprensa e população local costuma ser sensacional, mesmo nestes tempos de insanidade geral. E nem precisa ser nada vultuoso e exagerado (e superfaturado) como foi no Rio, em 2007, para se organizar um Pan bacana.
Os Jogos Pan-Americanos tiveram seus momentos gloriosos. Um dos recordes mundiais de Adhemar Ferreira da SIlva, no salto triplo, foi obtido no Pan do México, em 1955. Vinte anos depois, João Carlos de Oliveira ganhou o apelido de João do Pulo após cravar o recorde mundial do triplo, novamente no Pan da Cidade do México.
A última grande glória do basquete masculino brasileiro ocorreu num Pan-Americano, em 1987, na cidade de Indianapolis (EUA), quando a seleção de Oscar, Marcel e cia arrasou os EUA – que tinham na época o futuro astro da NBA David Robinson na equipe -, impondo a primeira grande derrota de uma seleção americana de basquete em sua própria casa.
Em resumo, o Pan-Americano não é a oitava maravilha do universo, como o COB ou parte da mídia possam querer mostrar, mas teve seu valor na história do esporte. Trata-se, hoje em dia, de uma competição preparatória para eventos mais importantes, como os Jogos Olímpicos. Os EUA, por exemplo, costumam mandar atletas que pretende aproveitar em competições futuras ao Pan, para ganhar experiência.
Por isso, prepare-se, é claro, para comemorar os feitos dos atletas brasileiros no Pan-Americano de Guadalajara. Mas sem perder a noção real do que está festejando.