O esporte brasileiro precisa de maior investimento e, sobretudo, engajamento. Isso se torna ainda mais relevante em um momento de restrição de recursos públicos e desafios da política nacional de esporte – algo recorrente para quem acompanha o setor. Uma iniciativa para isso é o Pacto pelo Esporte. Trata-se de um acordo privado inédito no mundo, formado por 32 empresas que se uniram com o objetivo de apoiar a melhoria do esporte no Brasil e aumentar o investimento no esporte no longo prazo.
O investimento privado no Brasil ainda pode fazer muito pelo esporte. Ainda hoje, o patrocínio é um risco para as empresas. Não somente pela questão de compliance, mas também do cenário amador que impossibilita que as empresas conheçam as inúmeras formas e vantagens de apoios gratificantes e que ajudem a melhor o esporte nacional.
O Pacto pelo Esporte foi lançado em 2015, após a aprovação da 18 A da Lei Pelé e uma articulação de uma associação de atletas, Atletas pelo Brasil. O Pacto foi fruto de um ano de trabalho das áreas de marketing, compliance e jurídico, de 22 empresas. As premissas eram claras. Respeito aos contratos firmados e busca constante para a que patrocínios não sejam cortados mais sim aumentar o número de empresas que aportam recursos no esporte, ao mesmo tempo de mecanismos contratuais para adequações das entidades às regras do acordo.
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Para isso, era preciso saber qual a situação das entidades esportivas – confederações, federações e clubes. Foi assim criado o Rating Integra em conjunto com Atletas pelo Brasil, COB, CPB, clubes e Instituto Ethos. O Rating Integra tem governança própria e dá uma nota às entidades que aplicarem. A ferramenta avalia governança, integridade e transparência. Uma primeira fase é uma auto-avaliação e a segunda fase, a pedido da entidade, é feita uma verificação externa. Não se trata de auditoria, mas sim de uma avaliação do grau de maturidade das organizações nesses três pilares, considerados fundamentais para que a gestão ocorra de maneira eficiente e com menos riscos a todos os envolvidos.
Em 2019, a fase de testes foi concluída. Algumas entidades avaliadas e uma fotografia do setor realizada. Chegou-se a indicadores que prestação de contas a governo é a área mais desenvolvida e os grandes desafios encontram-se em pontos como compliance e gestão de fornecedores . Também foi possível perceber que é possível ter entidades com alto grau de maturidade. Além disso, a primeira avaliação e o feedback das entidades possibilitaram ajustes na ferramenta. Houve o comprometimento de entidades abertas a mudanças e comprometidas com elas.
Nesse ano, a ferramenta do Pacto pelo Esporte, avança para seu segundo ano, as entidades têm até dia 30 de março para realizarem a auto-avaliação e solicitar a avaliação externa.
Mais do que uma avaliação – os resultados do Rating (não ranking) são divulgados somente com autorização das entidades – trata-se de passo importante rumo a uma aproximação entre entidades esportivas e empresas.
O esporte brasileiro é patrimônio nacional. Tem impacto na saúde, na educação, na formação de valores, além de impacto econômico e para o desenvolvimento do país. E o país precisa de maior investimento, engajamento e conhecimento para o seu desenvolvimento. Assistir passivamente ou somente com críticas, podem trazer um alívio momentâneo, mas não resolve o problema. Como toda mudança, é preciso um trabalho de longo prazo, consistente e um equilíbrio entre pressão e envolvimento. Um trabalho de todos. Cada um com seu papel.