Aos 25 anos, Thiago Monteiro teve um dos melhores anos da carreira em 2019. O cearense, nº 1 do Brasil, venceu três campeonatos e entrou para o top 100 do ranking da ATP. Depois de começar o ano na posição 127, atualmente Thiago é o 89º do ranking.
Essa ascensão foi possível graças à conquista de torneios Challengers. Em janeiro, Thiago foi campeão em Punta del Este, no Uruguai e em julho, em Braunschweig, na Alemanha. No final de outubro, venceu o argentino Federico Coria e conquistou o Challenger de Lima. Foi o terceiro título de Challenger da temporada e o quarto da carreira (em 2016 já havia conquistado o torneio de Aix-em-Provence, na França). Com a conquista, o cearense garantiu vaga no top 100 até o final do ano e conseguiu um lugar na chave principal do Australian Open.
“É sempre importante fechar o ano no top 100. Nos últimos 2 anos eu estava sempre ali no 110, no 115. Ter a oportunidade de entrar diretamente num Grand Slam como o Australian Open já melhora também a definição de calendário e a confiança. Foi um ano muito bom, a nível Challenger foi meu melhor ano porque fui muito sólido nos torneios. A nível ATP tive jogos que escaparam, poderia ter sido melhor. Mas venho evoluindo. Faz um ano que estou treinando com a base na Argentina, então foi praticamente um ano de adaptação. Eu me dei bem, me senti bem e ano que vem é ir com tudo para melhorar.”, comemorou.
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Para 2020, Thiago já tem planejado a participação em alguns torneios. Em janeiro, joga o ATP 250 de Doha, em seguida o ATP 250 de Auckland. Depois, vem a disputa do Grand Slam Australian Open. Em seguida, acontecem alguns campeonatos na América do Sul, como em Córdoba, Buenos Aires, Rio Open e Santiago. A continuação do calendário depende do futuro. “No tênis, uma semana às vezes muda completamente todo o ano. Basicamente o que eu tenho definido é isso e depois depende de como forem os torneios.”, explica.
Em julho, no entanto, sabemos onde o tenista quer estar: no Japão, representando o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio.
“Realmente representar o Brasil nas Olimpíadas é um sonho, acho que para qualquer tenista. Se eu conseguir manter bons resultados acho que as chances são boas de entrar. Mas é seguir trabalhando no dia-a-dia, seguir focado nas coisas que eu tenho que fazer porque tenho condições de estar lá.”, diz. “Em 2012 eu participei de um projeto do COB que foi a ‘Vivência Olímpica’. Eu tinha 17 anos na época, e fiquei 4 dias nas Olimpíadas de Londres com a delegação brasileira. Vi o Usain Bolt de perto, dividi elevador com o Michael Phelps, então para mim, com 17 anos, viver aquilo foi incrível. Não vejo a hora de poder estar lá de novo e estar jogando, representando o Brasil.”, completa Thiago, esperançoso.
Mas não é tão simples. No tênis, apenas os 56 melhores do ranking da ATP garantem vagas diretas à disputa de Tóquio. As vagas podem alcançar posições mais baixas graças à regra de que apenas 4 tenistas de um mesmo país podem competir. Para se ter uma ideia, se os Jogos Olímpicos acontecessem no final de 2019, e seguindo essa restrição por país, as vagas iriam até o 67º do ranking. Estando atualmente na posição 89, Thiago teria que subir 22 posições até dia 8 de junho de 2020 para se garantir na disputa. Não é tarefa fácil, mas subir no ranking já era o objetivo na carreira do tenista. “Eu quero realmente melhorar de ranking, bater o melhor ranking da minha carreira e me firmar entre os 40 ou 50 melhores do mundo que é realmente um nível diferente. Lá você está sempre jogando os torneios ATP e está sempre nos Grand Slams, então esse é o maior objetivo, maior sonho.”, explicou.
Thiago Monteiro começou cedo no tênis. Fez seu primeiro ponto como profissional com 17 anos. Chegou a ser número 2 do mundo no nível juvenil e começou a adquirir maior experiência a partir de 2016. Um dos grandes momentos na carreira do tenista foi ter vencido o francês Jo-Wilfried Tsonga, então nº 9 do mundo, no Rio Open de 2016, em sua estreia em torneio de nível ATP. Em 2017, entrou para o top 100 pela primeira vez, chegando à posição 74. Desde então, ele jogou Grand Slams, melhorou o nível e esse ano se tornou o melhor tenista do Brasil. Thiago sempre aproveitou para aprender ao máximo com os tenistas mais experientes com quem conviveu.
“Eu sempre fui muito observador e sempre busquei aprender bastante com todos eles. Rogeirinho (Rogério Dutra Silva) é uma pessoa com quem eu dividi muitos torneios juntos, embora ele seja bem mais velho. Ele já está muito tempo no circuito e eu aprendi muito com ele. O Bruno Soares e o Marcelo Mello são os dois jogadores com quem, desde que eu comecei a ter mais contato, eu aprendi muito. Quando eu me mudei para Balneário Camboriú, o Guga estava nas últimas semanas de treino da carreira, então foi uma pessoa que também me passou muita coisa positiva. O Bellucci é um jogador em quem eu sempre me espelhei. Quando eu estava chegando no profissional, ele era 21º do mundo, ganhava ATPs, então era a referência do tênis brasileiro. Tento sempre aprender com essas experiências, usar as coisas boas e usar a mentalidade de querer dar o melhor a cada dia.”, explica Thiago.
Com 25 anos, Thiago Monteiro tem uma posição privilegiada. Já não é apenas uma jovem promessa do tênis. Ganhou títulos, teve muitas vitórias, subiu no ranking e se tornou o brasileiro nº 1. No entanto, ainda é jovem e tem muito para crescer no esporte. E, principalmente, ainda pode ajudar o Brasil a melhorar de nível e voltar a figurar no cenário mundial do tênis.
“Esse ano foi um ano positivo. No ano passado nenhum brasileiro tinha ganhado nenhum Challenger e esse ano Rogerinho ganhou na primeira semana um Challenger, e eu acabei ganhando três. O Thiago Wild, que tem 19 anos, também já está se firmando nesse nível. O João Menezes ganhou Pan-americano. Então vem aparecendo mais nomes, acho que isso é algo positivo. Para o ano que vem, temos boas perspectivas de ver alguém aparecendo de novo entre o top 100 e se firmando entre os torneios grandes. Acho que cada um vem se esforçando da melhor maneira que pode com sua equipe, buscando estar mais profissional, buscando essa melhoria para colocar o tênis brasileiro de volta ao top. Eu também tento fazer a minha parte. Acho que é algo que cabe a nós, dar nosso melhor e tentar representar o Brasil da melhor forma mundo afora.”, completou.