Não é preciso ser fanático por esportes para saber que o Brasil não tem tradição na esgrima. Mas Nathalie Moellhausen tratou de colocar nosso país no mapa da modalidade. Sagrou-se campeã mundial em 2019, um feito inédito para o esporte brasileiro. Ela cedeu entrevista na sede do Pinheiros, clube que defende em competições nacionais e internacionais, logo após participar de uma oficina com crianças que treinam esgrima em projetos sociais.
A atleta de 33 anos nasceu na Itália, mas tem cidadania brasileira desde os cinco. Já o sobrenome complicado é alemão, de origem paterna. Foi pela lembrança do pai, falecido no ano passado, que Nathalie caiu aos prantos após a conquista do mundial. Segundo ela, toda essa mistura de culturas familiares ajudou no desenvolvimento do esporte.
Antes de defender o Brasil, o que ocorreu a partir de 2013, a esgrimista já havia faturado um ouro mundial pela Itália, em competição por equipes. Justamente pelos títulos expressivos, ela ficou desapontada por não ter ido mais longe em Jogos Pan-Americanos. Conquistou dois bronzes, sendo um em Toronto 2015 e, recentemente, em Lima. “Como (o Pan) foi 10 dias depois do Mundial, eu ainda estava me recuperando do meu lado emocional, não estava 100%”, explicou Nathalie. Mas ela ponderou que quando se é campeã do mundo, tem que estar preparado para qualquer adversário.
Mesmo sem ter vaga garantida nos próximos Jogos Olímpicos, o foco já está em Tóquio. O título mundial a isolou no primeiro lugar do ranking brasileiro. A partir de janeiro, ela só vai participar de etapas de Copa do Mundo, sem tanta pressão por conseguir pontos.
As Olimpíadas de 2020 têm um gosto mais especial porque devem marcar o ponto final da carreira. “Como também sou diretora de arte, já estou desenvolvendo projetos para divulgar a esgrima de uma maneira muito forte em nível internacional”, detalhou. Mas, antes de pendurar a espada, Nathalie ratificou que a preparação está sendo feito de olho no ouro.