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Lais Sousa: “Nunca fui tão feliz na minha vida”

Em conversa com o Olimpíada Todo Dia, a ex-ginasta comentou seu alto custo de vida após o acidente e falou, com otimismo, do futuro.

(Foto: Reprodução/Instagram)

É citando Sheryl Sandberg e Adam Grant que Laís Sousa comenta seu estado de espírito: “Nunca fui tão feliz na minha vida”, destaca a atleta em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia. Perdoe-me a pergunta indiscreta, mas, para você, quanto custa fazer xixi? Para ela, acredite, R$2 mil mensais. Consequência de uma história que todo mundo já conhece. Corria o ano de 2013. Ali, Lais já tinha escrito seu nome na ginástica olímpica brasileira e alçava –literalmente– um novo voo nos esportes da neve.

Era 27 de janeiro e a representante do Brasil  se preparava para participar da prova de esqui aéreo nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi. De repente, ficou tudo preto. A brasileira, acredita, chocou-se contra uma árvore em Salt Lake City, nos EUA, e quando retomou seus sentidos, seu destino estava traçado.

Fato é que, depois do acidente, Laís ficou tetraplégica. Ela, que antes controlava cada movimento de seu corpo para feitos raros, se viu sem eles. Otimista, entretanto, Lais usa das palavras dos autores norte-americanos para contar como se sente. “Às vezes você precisa passar por uma coisa terrível para perceber a beleza que existe no mundo”, parafraseia a atleta.

Recentemente, Lais estampou as notícias depois de uma publicação em suas redes sociais, onde aparece em pé, com apoio de um exoesqueleto não robotizado. A tecnologia, assim como tantos outros equipamentos usados no tratamento da ex-atleta, não é um recurso barato. “O custo de um tetraplégico é um dos temas que mais gosto de falar em entrevistas, pois, antes de dizer a um deficiente para “se superar”, necessitamos discutir se há meios para isso”, destaca.

 

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Que a gente tenha: astral bonito; prece nos lábios; saudade mansinha; fé no futuro; conversa que cura; firmeza nos passos; SONHOS QUE SALVAM. @neymarjr @estacio_brasil @dodamiranda @trampolim_studio

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“Gasto 2 mil reais por mês para apenas urinar. Minha cadeira de rodas foi 23 mil reais, preço de um carro – não possui motor. O colchão que não dá escaras a um deficiente é 10 mil reais”, conta Laís, que ainda tem gastos fixos com os funcionários que a ajudam a garantir uma melhor qualidade de vida. Ela também destaca que os trabalhadores contratados são por necessidade e não para gerar lucros. “Revelo aqui todos esses preços para que, tanto o Brasil melhore e muito na assistência, quanto às pessoas possam entender que, às vezes, outras pessoas não possuem escolhas. Acredito que, hoje, seja esse meu maior intuito, ao descrever a minha história: o deficiente saiba que é super capaz, quanto do governo em propiciar os meios necessários para todos mostrassem sua capacidade”, analisa Lais.

CONTADORA DE HISTÓRIAS

Somos todos exemplos. É isso que acredita Laís. Ela já era, pelo esforço e superação quando atleta. Depois do acidente, continuou sendo, igualmente pelo esforço e superação. “Acredito que ser ‘o exemplo’ é significado de, ao assistirem minhas palestras ou entrevistas, as pessoas terem um ‘insight’ de alguns minutos, em um mundo em constante movimento, para olhar pra dentro e saberem que elas também são ‘dotadas’ de força e perseverança como eu, ou até mesmo, maiores que as minhas”, analisa Lais. “Até por que, por vezes, aprendo até mais. As pessoas tem histórias incríveis”.

A jovem é uma “ouvidora” e contadora de enredos. Conta as que pode, como a sua, que viveu e conhece cada detalhe. Guarda, também, as histórias que deve, como psicologa formada. “Quando escolhi estudar psicologia, sabia que necessitava fazer uma faculdade para construir melhor quem eu era e pela necessidade de se obter mais conhecimento”, destaca. Mas foi lendo que decidiu transformar sua “matéria preferida” em profissão. “Podem me cobrar em 2021, serei uma historiadora”.

DAQUI PRA FRENTE

Para  “continuar, mais firme que antes, independente do acidente”, Lais precisa de força. É na compilação de pensamentos que ela consegue enumerar o que a faz sempre querer seguir. No topo da lista está seu aprendizado na ginástica. “Por ter treinado desde os quatro anos, entendo que, sem continuidade e perseverança nunca será alcançado os seus sonhos mais altos”, destaca. Nos solos e traves também encontrou outro motivo: o compartilhar com pessoas, aprender e evoluir.

Corta a cena. No número três da lista, estão as trilhas cruzadas depois do acidente. “As pessoas que me acolheram após o acidente, não só as pessoas até ali, mas, muitas pessoas novas que me incentivam e me dão base para continuar”, destaca a brasileira. A quarta e “não menos importante” está na fé. “Me dei conta que Deus cuidava de mim com extrema delicadeza, pois mesmo numa situação de tetraplegia, ainda tinha o maior: o amor. Acho que é o que todos nós, no fundo, mais procuramos, ou talvez, o que nos faz mais felizes”.

Por fim, a chance de fazer palestras, ser uma contadora de história e aprender com tantas outras que conhece na estrada também a motivam a seguir. “Possuo como objetivo, sonhos comuns, ter a minha independência física e emocional, compartilhar amor construindo uma família com minha noiva e filhos, viver momentos maravilhosos com amigos, cuidar dos meus animais e, tentar, de algum modo, mesmo que insignificante, mudar um pouco a vida das pessoas”.

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