Pela primeira vez na história do Mundial de handebol, o Brasil chegou à segunda fase para garantir a nona colocação no torneio. O feito inédito está longe de ser sorte. É fruto de uma somatória de esforços – acreditam os protagonistas da proeza. Isso porque, a história desse resultado começou ainda em 2011. Depois de perder no Pan-Americano daquele ano e ficar fora da Olimpíada de Londres, o grupo focou no ciclo olímpico de 2016. Dois anos mais tarde, veio a primeira oitavas final no Mundial. Dessa vez, a marca única. “Agora, estamos começando a colher frutos”, acredita Guilherme Valadão.
“O diferencial do grupo é o trabalho da equipe a longo prazo e a qualidade dos jogadores que vem a sete, oito anos, treinando na Seleção”, destaca o atleta, que foi MVP do duelo contra a Coreia no Mundial. Seus colegas de equipe fazem coro à fala. “A diferença foi a continuidade do trabalho que estamos fazendo, a quantidade de jogadores na Europa também tem um peso muito grande e sem dúvidas a mentalidade do grupo de fazer história”, avalia Haniel.
A Seleção Brasileira deixou a cidade de Colônia, na Alemanha, com 212 gols convertidos. E agora, depois de comemorar o ótimo resultado, o grupo já volta seu foco aos Jogos Pan-Americanos. O objetivo final é a ida aos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. “Nesses próximos cinco meses, o foco total é priorizar a preparação para os jogos Pan-Americanos”, afirma Zeba. Depois de cinco mundiais dentro de quadra, pela primeira vez, ele atuou fora dela, como coordenador de seleções da CBHb (Confederação Brasileira de Handebol).
HERMANOS, PERO NO MUCHO
Em solos peruanos, em julho, o principal desafio brasileiro em busca de uma vaga olímpica deve ser a Argentina. O time dos hermanos, que já protagonizou duros confrontos com os brasileiros, entra em quadra como um dos favoritos. “A gente sabe que os jogos contra a Argentina são sempre muito duros. Eles têm um plantel e um treinador muito bom”, avalia Zeba. A disputa continental, por sua vez, dá apenas uma vaga para Tóquio. “Se não rolar, a gente poderia ir para um pré-olímpico depois, onde seria mais complicado enfrentar os europeus”, destaca.
Se durante o Mundial, o Brasil procurou não olhar para trás, agora, o time vai precisar entender onde errou em busca de melhores resultados. “Vamos ter que ver o que foi mal feito contra a Argentina no último Pan, o que foi bem feito, o que mudou. Analisar tudo isso, conseguir ter um resultado melhor e ter a vaga na Olimpíada”, destacou Valadão
Borges acredita que será preciso concentração e muito foco para que o Brasil mantenha o resultado positivo nas competições. “ A gente sempre fala que, para o Brasil, vai ser difícil. Não importa em qual grupo a gente caia, não importa qual grupo estamos: seria difícil”, analisa atleta. “Temos que manter um trabalho muito forte até lá e fazer nosso melhor jogo da vida, porque, com certeza, vai ser como uma final”.