No final do mês de setembro de 2017, a Confederação Brasileira de Skate (CBSk) fazia uma eleição na qual, por aclamação, Bob Burnquist, aquele que é considerado o maior skatista do país, era eleito como o novo presidente.
No começo daquele mesmo ano, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) havia reconhecido a Confederação Brasileira de Hockey e Patins (CBHP) como representante do skate no que tangia os assuntos para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Com isso, houve a ameaça de boicote de atletas. A solução foi buscar um nome que, obviamente, trouxesse a coesão dos interesses e união para o esporte.
A expectativa de medalhas na Olimpíada
Após completar 400 dias no novo cargo, Bob Burnquist falou, com exclusividade, ao Olimpíada Todo Dia. No próximo ano, o COB deve anunciar a projeção de medalhas para 2020. Com isso, se o skate for colocado na conta, o presidente mostrou confiança que os atletas brilhem como outrora ele brilhou nas pistas.
“A perspectiva é que teremos medalhas. Quantas não sabemos, mas no plural. Eu acho que isso a gente pode contar e no mínimo uma ou duas. A galera está andando muito bem, sem pressão, mas o resultado que está sendo mostrado nesse e nos últimos anos é que os brasileiros estão sempre na ponta. Nessas duas modalidades (Park e Street) nós temos grandes promessas e com certeza podemos estar nesta projeção de alguma maneira”, disse Bob.
O otimismo se deve pelas recentes conquistas. Na última semana, Pedro Barros foi campeão mundial na primeira competição deste formato. Além disso, as edições de X-Games e etapas de Street e Park contam, com frequência, com brasileiros nos pódios. Nomes como Kelvin Hoefler, Luan Oliveira, Letícia Bufoni, Pâmela Rosa e Yndiara Asp figuram destacadamente em suas categorias.
Os resultados positivos, no entanto, segundo o presidente são méritos exclusivos dos atletas: “seria pretensão dizer que os resultados são pelo trabalho da CBSk. É muito cedo ainda. Justamente, o crédito é completamente dos skatistas. Agora, foi um ano de trabalho, onde mostramos uma nova oportunidade e suporte a eles. Estamos tendo uma resposta muito boa, energia, otimismo, vontade de estar junto, união e isso faz com que tenhamos muito mais probabilidades”.
As probabilidades vão desde a formação da primeira seleção brasileira, composta por 16 skatistas. Destes, 11 foram contemplados com o Bolsa Pódio. O programa governamental dedicado a apoiar atletas com chances de finais ou pódios olímpicos. Assim, a modalidade foi a quarta com mais atletas, atrás apenas do Vôlei de Praia (18), Judô (17) e Atletismo (11).
“Na minha carreira inteira eu gostaria de ter tido esse suporte. É muito legal. Eu fui no Ministério, em Brasília, para poder entender como aproveitar esses programas de incentivo. A galera anda muito de skate. A gente sabe que não é fácil a vida de um esportist. Quando tem um suporte assim faz com que seja muito mais tranquilo poder focar na atividade e não necessariamente no sustento, na sobrevivência”, conta.
A rotina de Bob Burnquist e o trabalho em equipe
Aos 42 anos, Bob falou também sobre como tem sido a sua rotina. Atualmente, se divide entre as pistas, salas de reuniões, telefonemas e as frequentes viagens entre Estados Unidos, onde reside, e Brasil.
“Eu estou com uma equipe muito boa e fica mais fácil de poder me desdobrar e me transformar em vários ‘Bobs’. No momento que é necessário, eu estou presente, quando pode ser resolvido por uma ligação, fazemos as ligações e aí vai alguém representando. É óbvio que aumentaram o número de ligações, responsabilidades e lugares onde tem que estar presente. Tudo parece que é importante. Tudo não tem como não estar. Ficou muito mais difícil de organizar a agenda que já não era tão livre. Fica uma coisa mais intensa, mas está tendo resultado, está sendo bom e estou feliz com o que está acontecendo, apesar de estar adicionando stress e coisas a serem feitas, as conquistas fazem valer a pena”, explica.
A equipe a que se refere é formada também por outro ídolo do esporte, Sandro Dias, o ‘Mineirinho’, que é diretor de esporte. A dupla é alicerçada por Eduardo Musa, o Duda, vice-presidente. Além dele, há ainda Ed Scander, como secretário geral, Jorge Kuge, nas finanças, Roberto Maçaneiro, na arbitragem, Osmar Lattuca, no jurídico e Tatiana Lobo, diretora de comunicação.
Hoje, pode-se dizer que o Bob Burnquist dirigente encontra a mesma felicidade e agindo em prol de uma modalidade da mesma maneira que fazia nas pistas.
“Não tínhamos perspectiva de ser a organização que representa o skate. Era uma outra entidade e com essa luta, essa briga, é a razão de eu ter me candidatado e consequentemente me eleger para ser presidente, era conquistar isso e tomarmos para nós o que já era nosso. Isso aconteceu e foi ótimo. Todo mundo ficou muito feliz e deu uma injeção de ânimo muito boa. Tem sido muito gratificante e o diálogo é aberto com a galera”, conclui.