Em 2020, o time feminino do Juventus da Mooca fez história. Estreando no Campeonato Brasileiro Feminino A2, a equipe chegou às quartas de final e quase conseguiu o tão sonhado e inédito acesso à primeira divisão do torneio. A temporada de 2021 tinha tudo para dar continuidade ao já conquistado na campanha anterior, mas o ano começou com a pior situação possível: o descaso com o time feminino.
O blog OTD Delas apurou que, desde o início deste ano, a diretoria não informou nenhum tipo de planejamento para o futuro da equipe, sequer para esta temporada. Com isso, as jogadoras precisaram tirar dinheiro do próprio bolso para seguir treinando, enquanto esperavam uma resposta do clube, o que até agora não aconteceu.
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E com o descaso com a modalidade, a comissão técnica acabou optando por deixar o clube, assim como algumas jogadoras, desmanchando o time. Outras atletas, no entanto, seguem no clube, esperando uma resposta do Juventus, que, em tese, disputará o Campeonato Paulista de 2021.
“No começo do ano haveria uma reunião para saber o que ia acontecer com o feminino, quais seriam os planos. Mas o plano era que o feminino talvez acabasse para dar lugar a uma escolinha. Só que isso não foi confirmado, e o diretor do departamento e o próprio clube nunca chegaram para conversar com as atletas. Então todo mundo foi saindo aos poucos… O clube nunca deu muito valor para a modalidade e isso foi a prova”, explicou ao Olimpíada Todo Dia uma ex-funcionária do Juventus, que pediu para não ser identificada.
Vale destacar que as atletas do time feminino do Juventus sequer recebiam salário. Apenas as titulares ganhavam uma espécie de “ajuda de custo”, que ia de R$250 a R$500 para as jogadoras que estavam há mais tempo no clube. Além da questão da suposta escolinha, segundo as atletas, a diretoria teria decidido, ainda, escolher entre duas opções: manter a equipe feminina, mas cortando essa “ajuda de custo”, ou encerrar o time.
“Descaso pela modalidade feminina! O masculino sempre teve tudo, vinha em primeiro lugar. Nós não tínhamos alojamento, raramente usávamos a academia e raramente treinávamos na Javari [Estádio Conde Rodolfo Crespi, casa do Juventus]. E não vou nem falar do salário do masculino… Não podemos ficar caladas! Estamos vendo o fim da modalidade”, lamentou a goleira Danielle Lameu ao blog.
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Nas redes sociais, as atletas também se manifestaram contra a atitude do clube, como a zagueira Emilly Souza, que deixou o time feminino do Juventus.
“Nunca pedimos ou exigimos nada. Só queríamos que alguém tivesse a humildade de ir conversar com a gente sobre o que estava acontecendo e o porquê da nossa modalidade estar se desfazendo da maneira que desfez. Ninguém da diretoria do clube sequer se pronunciou sobre o que aconteceria com o futebol feminino esse ano. E assim foi, saímos de uma grande campanha no Brasileiro A2, para o fim do futebol feminino esse ano”.
Posicionamento do Juventus
Em resposta às manifestações das atletas, o clube se manifestou sobre a atual situação do time feminino e disse ao blog que a continuidade da modalidade depende de patrocínios.
“Desde o ano passado, com a pandemia, a gente depende dos associados do clube para poder manter o futebol feminino e a base também. E agora, sem patrocínio, a gente não vai conseguir disputar o Campeonato Paulista e a Copa Paulista Feminina de 2021. Estamos atrás de patrocinadores, mas estamos com uma dificuldade muito grande”, explicou Amaury Russo, assessor especial do presidente e responsável pelo departamento de futebol feminino.
“Temos que definir isso em março para ver se faremos a inscrição na Federação Paulista de Futebol, se conseguirmos até lá um patrocínio para tocar o ano de 2021. Estamos correndo, não fechamos nada ainda”, completou.