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Mães olímpicas: as trajetórias e lições de Rebecca e Ludwig

Classificadas para Tóquio, Rebecca e Ludwig, atual campeã olímpica, falam sobre maternidade e como é possível ser mãe e atleta

Rebecca - Laura Ludwig
Rebecca e Ludwig estão classificadas para Tóquio (Instagram/rebeccasilvavp/lauraludwig86)

Ser mãe e atleta ainda é um dilema de muitas mulheres que vivem do esporte. Como conciliar maternidade e carreira talvez seja a principal pergunta de muitas delas. Mas para duas estrelas do vôlei de praia mundial, o dilema já é realidade. Rebecca Silva e Laura Ludwig compartilham hoje a vida de mães olímpicas, apesar de trajetórias bastante diferentes. E neste domingo (31), elas estarão frente a frente no Campeãs da Areia.

Em menos de seis meses, ambas estarão no Japão para a disputa da Olimpíada de Tóquio-2020. De um lado, será a estreia de Rebecca no maior evento esportivo do mundo. E do outro, Laura Ludwig vai defender o título conquistado na Rio-2016 em sua quarta participação em Jogos Olímpicos. Mas será a primeira com seu principal fã na torcida: o filho, Teo. 

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A gravidez de Rebecca e Ludwig, no entanto, aconteceram em momentos distintos da carreira. Enquanto a da brasileira foi logo no início e de maneira inesperada, a da alemã foi planejada e quando ela já era campeã olímpica. 

“Antes da Olimpíada no Rio, eu já sabia que gostaria de começar uma família depois de 2016. Mas depois de ganhar a medalha, estávamos muito bem e decidi jogar mais um ano. [Em 2017], fomos campeãs mundiais em Viena e depois fiquei 100% focada na família. Foi perfeito”, contou Laura Ludwig ao Olimpíada Todo Dia. 

Laura Ludwig
Laura Ludwig deu à luz ao Teo em 2018 (Instagram/lauraludwig86)

“Quando eu descobri, confesso que foi um baita susto. Não tinha sido planejada, mas o susto passou logo e virou uma alegria. Eu sempre quis ser mãe, só não tinha planejado para aquele momento”, relembrou Rebecca, que foi mãe de Isabella aos 21 anos. 

O medo do retorno

Um dos principais receios de atletas em relação à maternidade é como será o retorno ao esporte. Mas tanto Ludwig, quanto Rebecca, conseguiram contornar o medo. 

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“No começo, eu pensava: ‘meu deus, vou fazer isso mesmo? Com toda essa responsabilidade sobre essa coisinha?’. Coloquei um pouco de pressão, mas a grande paixão era o vôlei de praia. Então não tive medo de não conseguir voltar, até porque tive vários exemplos de mães atletas, como a Carol [Solberg], a Rebecca e a Kerri Walsh, que voltaram muito bem”, relatou Laura Ludwig, que foi aos 32 anos, em 2018. 

“Sempre dá um medinho, a gente não sabe como vai ser. Mas a vantagem de ter sido mãe nova é exatamente que eu sabia que ainda teria bastante tempo pela frente para voltar a jogar em alto nível. E acabou dando tudo certo”, disse Rebecca.

Voltando a jogar 

Rebecca Vôlei de Praia
Rebecca foi mãe de Isabella aos 21 anos (Lívia Mendonça)

Quando chegou a hora de voltar às quadras, o processo trouxe sensações diferentes para as atletas. Ludwig destacou a dificuldade de retomar o alto nível, enquanto Rebecca exaltou o apoio da família. 

“Para mim, o processo de retornar pareceu bem longo, mais do que eu imaginei em relação a como seria a parte física e técnica. Mas isso aconteceu provavelmente, porque eu sou muito perfeccionista, então coloquei muita pressão sobre mim… Mas demorou uns 10, 12 meses para me sentir como uma atleta ‘normal’ de novo”, pontuou a alemã. 

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“Eu sempre tive a minha família muito próxima, além do Evandro [marido]. Então quando chegou o momento de voltar a jogar, a viajar, eu contei muito com o apoio deles. Claro que não é fácil, principalmente nas viagens, mas a Isabella parece que sempre entendeu esse processo. Sempre me ajudou muito e conseguimos passar por essa fase de uma maneira leve. E hoje é bem tranquilo, ela entende tudo e torce muito por mim”. 

Dá para conciliar

Rebecca
Rebecca fez uma tatuagem em homenagem à filha (Instagram/rebeccasilvavp)

Rebecca e Laura Ludwig provam que ser mãe e atleta não precisa ser necessariamente um dilema – e muito menos um tabu. E que na prática, é bastante possível, além de muito especial.

“Tenho certeza que independentemente do momento, [ser mãe] é um sonho realizado.Tem momentos difíceis, muitas dúvidas, mas no meu caso eu me sinto muito realizada sendo mãe e atleta. Então a mensagem é que se você tem vontade de ser mãe, é possível”, ressaltou Rebecca.

“Ter uma rede de apoio é muito importante, assim como não ter pressa. Aos poucos as coisas vão se ajeitando e a gente aprende a conciliar tudo. Hoje, é um sonho poder disputar uma Olimpíada com ela entendendo tudo que está acontecendo. Faz tudo valer ainda mais a pena”, concluiu.

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